Esse post gerou uma discussão muito boa.

Particularmente não acho que os euros estejam em declínio. Mas, quando vou pesquisar um lançamento e vejo que é mais um de alocação de trabalhadores fico desanimado. Não por não gostar da mecânica, mas normalmente é mais do mesmo.
Por outro lado, me surpreendo quando jogo algo diferente, como o Grand Austria Hotel por exemplo, euro na forma clássica, e com uma mecânica incomum bem aplicada.

 

Platô criativo é um otimo termo e acho que faz mais sentido no contexto - mais sentido pra mim. 

Acho que estamos num platô alto dos jogos de tabuleiro (não vou dividir entre euros e ameris) - algumas coisas acima da média, muita coisa abaixo, mas a média mesmo já e altíssima. E talvez por isso seja cada vez mais dificik saírem coisas surpreendentes ou que elevem esse nicho a um novo patamar. Quando a média é alta, alcançar ela já é desafiador, nao?

A questão é o que bem depois disso? Decadência ou ascenção? (música dramática).

rodrego::

h0ttentot::Não acho que a saturação ocorre só com os euros. Legacy é onda, em breve outra entra no lugar. Tudo é cíclico. Euros vão voltar, vão passar, hypes vêm e vão.

Todo o hobby ta saturado. Mesmo em ameritrash ou legacy, o que se vê de tão diferente? História? Muita gente reclama de que a história de Pandemic Legacy e Gloomhaven são bem genéricas e sem sal.

O problema é muito lançamento pra pouca invenção. Criam um hype pra gerar preço. Na hora que o jogo sai, é bem qualquer coisa. Até lançamento nacional cai nessa, lembra do tão esperado jogo dos dois dragõezinhos brigando com uma mancala? Cadê que ninguém nem se importa mais? Isso serve pra videogames também. Dos milhares de jogos saindo, qual deles é realmente algo inovador?

Eu parei de ligar tanto pra lançamento, só vou mais atrás dos jogos que sobreviveram ao tempo. Quando vejo muito hype e alarde, já passo longe.

Ainda não joguei muitos Legacy pra ter certeza, mas também acho que tem cara de que esgota rápido. Mas nos últimos anos foi o que de mais inovador apareceu, fugindo do rame-rame dos euros. Não é à toa que roubaram a cena.

Sobre o Tao Long, acho um jogão. Na cena de jogos brasileiros, pra mim é um dos melhores. O tempo vai dizer se ele vai continuar sendo falado, mas eu apostaria que sim.

Tao Long é muuuuito bom. Pode não estar sendo falado, e hype é só modinha e que do mesmo modo que chega vai embora. A gente fala do jogo, passa um tempinho, e já estamos falando de outro. Mas continuamos jogando os bons, como o Tao Long.

rodrego::O ranking do BGG talvez seja um dos maiores indícios do declínio, na verdade. Se até uns 5 anos atrás o top 10 era dominado por euros (Twilight Struggle era o primeiro, mas depois enfileiravam-se Through the Ages, Terra Mystica, Agricola, Puerto Rico, Power Grid, Le Havre, Brass, Caverna - raramente aparecia um War of the Ring ali pra quebrar a sequência), hoje os 2 primeiros são Gloomheaven e Pandemic Legacy 1, e um pouco mais abaixo vêm Rebellion e Twilight Struggle. 4 não-euros agora (2 em primeiro lugar) contra 1 ou 2 antes.

Seu comentário parece partir do princípio de que a qualidade/originalidade dos lançamentos de uma indústria criativa não varia ao longo dos anos, e que portanto qualquer comparação entre passado e presente teria um viés saudosista ou "hypista", dependendo de qual lado favorece.

Repare que dizer que Clank é original (concordo integralmente, é um jogo genial!) não invalida o ponto. O euro estar em declínio significa apenas que passou do apogeu, mas obviamente continua totalmente capaz de produzir coisa inovadora (como são tb, na minha opinião, GWT, 7 Wonders Duel, Azul e vários outros).

No ranking do bgg dos 10 primeiros 6 são euros. Isso sendo legal e admitindo que Pandemic Legacy não é euro. Porque pra mim Pandemic é euro e o jogo ser Legacy não viola necessariamente o caráter de euro de um jogo, vide Charterstone, que é 100% Legacy e 100% euro. Se não ser 1o lugar no ranking lá é sinal de declínio, os euros estão em declínio desde 2008, acho, que é quando Twilight Struggle tomou o 1o. lugar do Agricola. Desde então nunca mais um euro foi primeiro do ranking. Porém dos 100 primeiros jogos do ranking temos 61 euros, e desses 61, 14 são jogos com 2 anos ou menos de lançados. Nenhum outro estilo consegue chegar nem perto disso. Nos 100 primeiros, temos 11 ameritrashes apenas. Declínio ou não, os euros ainda são e continuarão a ser ainda por muitos anos o estilo dominante dos jogos de tabuleiro.

Meu argumento é que se há 2 grupos de pessoas que, observando a mesma realidade, vêem 2 coisas diametralmente opostas (os jogos bons são os velhos x os jogos bons são os novos), é razoável crer que a verdade não esteja com nenhum deles. Se é que se pode falar em verdade, tudo é questão apenas de gosto pessoal, cada um tem direito a seu gosto e sua opinião e todos merecem respeito.

E segundo meu gosto pessoal nos últimos 20 anos tem havido um fluxo constante e razoável de bons euros em qualidade e originalidade. Nao percebo declínio. Em algum ponto no caminho houve certamente um salto na quantidade. A cada ano em Essen se lançam mais jogos e uma fração substancial desses jogos são euros. Sem dúvida normalmente espera-se que as grandes estrelas dos lançamentos de Essen sejam euros. Há uma lista no bgg dos lançamentos mais esperados de Essen (aqueles que mais dominam as wishlists dos usuários). Na lista desse ano os 9 primeiros jogos são euros. Em apenas um deles (Everdell) parece que o fato de o jogo ser bonitinho foi determinante para ele entrar na lista. E nem esse nem os outros oito parecem ter miniaturas.

Admito que em algum momento da história houve uma mudança revolucionária. Provavelmente entre 1996 e 2000, quando Klaus Teuber, Wolfgang Krammer e Reiner Knizia fundaram e popularizaram o conceito do que se entende hoje por eurogame. Embora mecânicas hoje populares tenham surgido então, eles fizeram isso mais fundando um estilo de jogo do que mecânicas de jogo. Se o fim desse movimento revolucionário é o início de um declínio criativo, então os euros estão em declínio desde 2000. Certamente tem gente que acredita nisso.

Rodrigo, li seu texto na época que escreveu mas deixei para responder com o tempo e reflexão que este texto merecia e acabei me esquecendo hehehe. Mas ao escrever sobre o Brass, eu lembrei dele novamente e achei aqui para dar minha opinião.

Uma coisa que falaram no meu texto do Pulsar e que eu passei a refletir é o de tentar diferencia o que é percepção pessoal de tendencia de mercado. 

Por um lado, a gente, vai jogando por 1 ano, 2 anos, 5 anos e começa a parecer que está jogando a mesma coisa com outra cara e que o genero está em declinio. Ao mesmo tempo, para quem chegou agora, tudo é novidade e lindo. E o fluxo de pessoas mostra que ainda tem mercado para isso.

Agora, quando você fala que o euro, apenas não está mais no Apogeu, eu tendo a concordar. Mesmo sem mecanicas novas, os grandes destaques do mercado são jogos que no mínimo, apresentam experiencias um pouco diferentes. Veja, Feld ainda é Deus para muita gente e qualquer coisa que ele lança vende. Mas a maior parte das pessoas ainda vai colocar Burgundy como o número 1 dele. E nos últimos anos, tivemos muito mais o protagonismo do Pfister nos euros do que do Feld pois quando você joga Merlin, a impressão é que mudou o mecanismo mas que vc já jogou algo do tipo. Mas ao jogar Great Western Trail, você, ainda que não tenha inovação mecanica, não sente que está jogando um jogo que já jogou antes. 

Para mim essa é a diferença dos jogos que vieram para ficar. Comprei meu Merlin na feira de Essen há exatos 1 ano atrás. E se não fosse pelo lançamento nacional pela Calimity Games, eu já nem ouviria mais falar do jogo a essa altura. Já Great Western Trail veio para ficar e até hoje é indicado, falado, jogado. E aí, na Essen 1 ano depois, é o Blackout Hong Kong que eu estou pedindo desesperadamente para um amigo trazer para mim, e não o Carpem Diem ou Forum Trajano do Feld. 

Só que, com as mesmas mecânicas, fica cada vez mais dificil trazer uma sensação diferente. Reduz as possibilidades e é claro, os desafios para os designers como você.

Lpporto::Rodrigo, li seu texto na época que escreveu mas deixei para responder com o tempo e reflexão que este texto merecia e acabei me esquecendo hehehe. Mas ao escrever sobre o Brass, eu lembrei dele novamente e achei aqui para dar minha opinião.

Uma coisa que falaram no meu texto do Pulsar e que eu passei a refletir é o de tentar diferencia o que é percepção pessoal de tendencia de mercado. 

Por um lado, a gente, vai jogando por 1 ano, 2 anos, 5 anos e começa a parecer que está jogando a mesma coisa com outra cara e que o genero está em declinio. Ao mesmo tempo, para quem chegou agora, tudo é novidade e lindo. E o fluxo de pessoas mostra que ainda tem mercado para isso.

Agora, quando você fala que o euro, apenas não está mais no Apogeu, eu tendo a concordar. Mesmo sem mecanicas novas, os grandes destaques do mercado são jogos que no mínimo, apresentam experiencias um pouco diferentes. Veja, Feld ainda é Deus para muita gente e qualquer coisa que ele lança vende. Mas a maior parte das pessoas ainda vai colocar Burgundy como o número 1 dele. E nos últimos anos, tivemos muito mais o protagonismo do Pfister nos euros do que do Feld pois quando você joga Merlin, a impressão é que mudou o mecanismo mas que vc já jogou algo do tipo. Mas ao jogar Great Western Trail, você, ainda que não tenha inovação mecanica, não sente que está jogando um jogo que já jogou antes. 

Para mim essa é a diferença dos jogos que vieram para ficar. Comprei meu Merlin na feira de Essen há exatos 1 ano atrás. E se não fosse pelo lançamento nacional pela Calimity Games, eu já nem ouviria mais falar do jogo a essa altura. Já Great Western Trail veio para ficar e até hoje é indicado, falado, jogado. E aí, na Essen 1 ano depois, é o Blackout Hong Kong que eu estou pedindo desesperadamente para um amigo trazer para mim, e não o Carpem Diem ou Forum Trajano do Feld. 

Só que, com as mesmas mecânicas, fica cada vez mais dificil trazer uma sensação diferente. Reduz as possibilidades e é claro, os desafios para os designers como você.

Grande LPP! Não sei se concordo com a ideia de que, se para quem joga a menos tempo os euros ainda parecem inovadores, então não há declínio. Acho que é preciso analisar o panorama geral, e quem chegou há pouco no hobby suficiente vai ter esse repertório.
Acho que com o amadurecimento do design de boards, algumas soluções e caminhos que resolvem problemas clássicos de rejogabilidade, equilíbrio, incentivos e etc vem se provando extremamente eficientes: objetivos secretos, objetivos abertos, draft esteira rolante, entre outros. Mas a gente começa a encontrar essas soluções em quase todos os jogos, com um twistzinho aqui ou ali, e aí começa a soar repetitivo...
PS: só pra contrariar, Carpe Diem é o primeiro jogo do feld em alguns anos que me chamou a atenção. E Brass e GWT são do cacete mesmo.

rodrego::

Lpporto::Rodrigo, li seu texto na época que escreveu mas deixei para responder com o tempo e reflexão que este texto merecia e acabei me esquecendo hehehe. Mas ao escrever sobre o Brass, eu lembrei dele novamente e achei aqui para dar minha opinião.

Uma coisa que falaram no meu texto do Pulsar e que eu passei a refletir é o de tentar diferencia o que é percepção pessoal de tendencia de mercado. 

Por um lado, a gente, vai jogando por 1 ano, 2 anos, 5 anos e começa a parecer que está jogando a mesma coisa com outra cara e que o genero está em declinio. Ao mesmo tempo, para quem chegou agora, tudo é novidade e lindo. E o fluxo de pessoas mostra que ainda tem mercado para isso.

Agora, quando você fala que o euro, apenas não está mais no Apogeu, eu tendo a concordar. Mesmo sem mecanicas novas, os grandes destaques do mercado são jogos que no mínimo, apresentam experiencias um pouco diferentes. Veja, Feld ainda é Deus para muita gente e qualquer coisa que ele lança vende. Mas a maior parte das pessoas ainda vai colocar Burgundy como o número 1 dele. E nos últimos anos, tivemos muito mais o protagonismo do Pfister nos euros do que do Feld pois quando você joga Merlin, a impressão é que mudou o mecanismo mas que vc já jogou algo do tipo. Mas ao jogar Great Western Trail, você, ainda que não tenha inovação mecanica, não sente que está jogando um jogo que já jogou antes. 

Para mim essa é a diferença dos jogos que vieram para ficar. Comprei meu Merlin na feira de Essen há exatos 1 ano atrás. E se não fosse pelo lançamento nacional pela Calimity Games, eu já nem ouviria mais falar do jogo a essa altura. Já Great Western Trail veio para ficar e até hoje é indicado, falado, jogado. E aí, na Essen 1 ano depois, é o Blackout Hong Kong que eu estou pedindo desesperadamente para um amigo trazer para mim, e não o Carpem Diem ou Forum Trajano do Feld. 

Só que, com as mesmas mecânicas, fica cada vez mais dificil trazer uma sensação diferente. Reduz as possibilidades e é claro, os desafios para os designers como você.

Grande LPP! Não sei se concordo com a ideia de que, se para quem joga a menos tempo os euros ainda parecem inovadores, então não há declínio. Acho que é preciso analisar o panorama geral, e quem chegou há pouco no hobby suficiente vai ter esse repertório.
Acho que com o amadurecimento do design de boards, algumas soluções e caminhos que resolvem problemas clássicos de rejogabilidade, equilíbrio, incentivos e etc vem se provando extremamente eficientes: objetivos secretos, objetivos abertos, draft esteira rolante, entre outros. Mas a gente começa a encontrar essas soluções em quase todos os jogos, com um twistzinho aqui ou ali, e aí começa a soar repetitivo...
PS: só pra contrariar, Carpe Diem é o primeiro jogo do feld em alguns anos que me chamou a atenção. E Brass e GWT são do cacete mesmo.

Não digo q são inovadores, mas a formula não está morta ainda. É mais esse meu ponto.
Mas agora fiquei até curioso com Carpe Diem. Vou procurar conhecer. E eu que já fui Feldete total, hj mantenho Aquasphere e Bora Bora na coleção e só. 

Eita...Eric Lang charlatão é beeem exagero...

Acho só que a oferta de jogos saindo cresceu demais e está dificil de se sobressair, por isso as editoras estão apelando para produções melhores pra chamar mais a atenção, mas não significa que os euros estejam morrendo, até porque a muitos desses jogos são só Euros com minis.

MOITA1980::Grande Rego!  legal a sua visão.  Mas eu não sei se realmente a criação de uma nova mecânica patenteada pelo BGG seja o principal motivo.  Acho que temos vários títulos no mercado, e talvez, sim os jogos mais pesados estejam voltados para um nicho menor (como já ocorre faz anos para os wargames mais tradicionais).  Será que os euros de médios para pesados estão sendo produzidos para um nicho menor e mais especializado?  não sei.  Fica aí a reflexão.

O que pode ser, aí não sei se é o caso do amigo, para a gente que joga muita coisa, pode ser que bata aquela sensação de que "já vimos tudo".  Isso acontece às vezes comigo, hoje em dia é mais comum eu ser surpreendido por coisas mais leves do que mais pesadas.  No último DOFF, por exemplo, eu acabei fazendo um loot de jogos peso pena, os grandes novos já não despertam tanto meu interesse em termo de novidade.  Mas pode ser uma fase, já tive várias desde que comecei a voltar aos tabuleiros em 2009.  Meu top 5, por exemplo, são de jogos de médios para pesados.  TfMars foi o jogo que mais me surpreendeu recentemente, não traz nada novo, mas tem um conjunto de regras coeso, funcional e a experiência estratégica/tática é muito legal, então, precisa de novas mecânicas para o negócio explodir? não sei, IMHO não. 

Acho que tem coisas menos experimentais que são ótimos jogos/produtos e coisas experimentais que podem também não serem atrativas.  Eu particularmente, não gosto de Hanabi, mas não duvido da genialidade dele.

Talvez a gente que tá a mais tempo no hobby Rego, que jogamos quase tudo, estejamos ficando meio chatinhos (no sentido de ranzinza mesmo), eu mesmo às vezes não me suporto.  Mas para a galera que tá começando, ou começou faz um ou dois anos, acho sensacional a quantidade de títulos (independente da família - euro, ameri, party, abstrato).

Um conceito que aprendi na faculdade de Economia, e acho que deveria ser do conhecimento de todos, pois é um dos conceitos mais de aplicação geral e mais esclarecedor sobre a vida como um todo que eu conheço, é o da utilidade marginal. Bem como a curva de utilidade. É um estudo sobre a psicologia humana e aquilo que nos dá satisfação/prazer. Se aplica a literalmente tudo.
Resumindo, TUDO satura. Absolutamente tudo. É impossível extrair do seu 500º jogo jogado a mesma satisfação que você obteve ao conhecer seus 5 primeiros jogos. Pois a utilidade é decrescente. Não importa qual seja o item. Quando você tiver excesso de roupas, as roupas se tornarão irrelevantes para você, e você passará a desejar viagens, saldo em conta bancária, parceiros sexuais, livros lidos, ou qualquer outra coisa.
Enfim, o surpreendente seria se você mantivesse o mesmo interesse por eurogames, ou até mesmo por jogos em geral, após ter experimentado centenas deles. Algo estaria errado com você.

Outro conceito incrivelmente fantástico que a gente aprende por aí, mas especialmente nas aulas de economia e de administração, é a curva de Pareto. Ou a famosa regra dos 80/20. Que afirma que muitas vezes 80% dos resultados advêm de 20% dos esforços. Por exemplo, 80% das vendas (ou dos lucros) vindo de 20% dos clientes, etc.
Traduzindo para o mundo dos board games, seria algo como 80% da sua felicidade em jogar jogos de tabuleiro podem vir dos 20% melhores jogos de sua coleção. Os outros 80% contribuirão com apenas 20% do seu prazer ou satisfação, e talvez possam ser dispensados.
Essa ideia, aplicada à vida como um todo, é revolucionária. Especialmente se usada para a gestão do tempo.