(Publicado originalmente no meu instagram @lojinhadobarba, junto com o unboxing pra quem quiser ver!)
Data da compra: 13 de junho de 2017.
Data da entrega: 11 de julho de 2018.
Depois de UM ANO e um mês de espera, a novela acabou: aqui está o meu Gold West novinho, lado a lado na mesa com seu irmão (gêmeo?) americano. E afinal, valeu a espera? Os caras aproveitaram esse um ano pra aprimorar e entregar um produto mais robusto, de melhor qualidade? Aprenderam com os erros, e evoluíram? Aproveitaram já ter um baseline - o original, tão bem produzido - pra realmente entregar uma Edição Especial?
Claro, meu jovem... claro...
(Veja, não estou entrando no campo sobre o quanto o jogo é bom - e ele é, gosto muito desse jogo! - mas sim sobre a qualidade da versão que está nas lojas ao nosso alcance)
A CAIXA
Num primeiro olhar a impressão pareceu ruim, pixelada, mas na verdade é muito semelhante ao original. Além disso, a caixa tem boa consistência e rigidez, e parece que boa durabilidade. Não perde em nada pra original. Ponto pra Kronos!
O INTERIOR DA CAIXA
Aqui começa a lambança. Além de não ter aquele mini insert branquinho que é doído de simples mas ajuda muito a acomodar os componentes e tabuleiros - devem ter economizado três centavos nele - os componentes estavam uma zoeira só, os tokens do mapa já vem punched, a borda tbm, as cartas vem em ziplock (não lacradas)... tudo uma bagunça!
TABULEIROS DO JOGADOR
Boa qualidade de impressão, praticamente igual ao original. A gramatura é inferior, mas pouco, e o touch-and-feel não deixa a desejar. Além disso, ter um quinto tabuleiro do jogador, mesmo que como backup para o caso de algum acidente, não é nada mal. Mais um ponto pra Kronos!
TABULEIRO CENTRAL
Ah, meu jovem.... aqui é que mora a desgraça. Ao montar a moldura do original percebe-se encaixes perfeitos, simétricos, muito bem planejados. Os cortes são precisos. E montar em seguida a moldura do nacional não dói, mas aí já se percebe a diferença: encaixes levemente soltos e desnivelados na mesa, e ao esbarrar sem querer na moldura montada ficou claro o que estava por vir. O encaixe dos tiles que compõe o tabuleiro dentro da moldura começa bem, meio na marra, mas no terceiro ou quarto tile as frestas começam a surgir. Os últimos três tiles simplesmente não encaixam, e a distribuição de frestas por todo o tabuleiro dão um aspecto de produto barato, mal produzido, tipo jogo do aliexpress (já viu? não queira!). Veja a foto em destaque pra ter idéia do que estou falando. Desmontei tudo, com a promessa de nunca mais montar esse tabuleiro grosseiro e mal feito. E na hora de guardar ficou mais do que claro o motivo dessa vergonha (veja última foto, com os tiles da borda empilhados). Bem ruim!
TOKENS DE JOGADOR
Aqui percebe-se novamente com clareza brutal onde foram feitas as economias... o token de minerador tem metade da espessura do original, e o mesmo vale para a carruagem. Além disso, apesar de nas fotos do manual e das costas da caixa as carruagens parecerem ter janelas, elas não tem, tornando os tokens muito mais simplórios do que os originais. As tendas são menores, tem menor comprimento, e muito irregulares. E os discos.... tbm menos espessura. Bastante economia de madeira aqui, especialmente na falta de padrão das tendas, que apresentam um corte grosseiro.
CORES DOS TOKENS
As pinturas são homogêneas, porém a paleta de cores é muito menos elegante do que a original, e foi sim uma surpresa das mais desagradáveis (por mais que a Kronons jure de pé junto que avisou com antecedência que mudaria as cores, não avisou!). O lilás é mais apagado, o laranja foi substituído pelo vermelho, o azul tbm brilha menos na mesa..... mas tem uma quinta cor. Pra mim, dispensável, mas tenho certeza que pra alguns isso vai ser um ponto positivo.
TILES DOS JOGADORES E DOS BÔNUS
Aqueles problemas tradicionais de produções nacionais... descentralizados, diferentes tonalidades.... aqui são pequenos detalhes, nada demais. Mas perceptíveis.
CARTAS
Essa foi a escolha mais intrigante pra mim. Ao invés do formato mini euro do original, a Kronos migrou para o padrão (tipo Magic). As cartas tem um mínimo de info, não necessitam desse tamanho todo. Além disso, as originais tem uma textura mais resistente e durável, enquanto as nacionais são lisas e tem impressão pobre (acho que não dá pra perceber na foto, mas a impressão é bem ruim).
RECURSOS
O token de pedra é idêntico, enquanto o de madeira é horroroso, de um verde musgo feio e absurdamente longe do formato de um cubo. Já os minérios, onde estava uma das minhas maiores preocupações, são um primor à parte. As cores são vibrantes e a pintura metálica está linda. Francamente, esse é o ÚNICO aspecto em que a versão nacional tem flavor de "Edição Especial", perdendo em muitos e empatando nos outros poucos com a versão importada. Minérios = ponto pra Kronos!
CONCLUSÃO
Gold West é um excelente jogo, e graças à Kronos ele está aí à disposição do nosso público. Não há como negar essa vantagem.
Fora isso, é muito difícil encontrar outra vantagem na edição nacional. Os tokens de minério são fantásticos, e vou ficar com eles junto aos originais na minha cópia importada. Todos os outros aspectos mostram uma produção barata, irregular, e ao meu ver desrespeitosa com o designer e com a produção original. Desde a troca das cores até o vergonhoso tabuleiro, passando por tantas outras mudanças, tudo vira um amontoado de componentes sem harmonia ou precisão (o corte serrilhado das tendas que o diga).
Acho pouquíssimo provável que estas mudanças tenham sido expostas com clareza (já sabemos que clareza não é o forte da Kronos) à editora original e ainda assim o projeto tenha sido aprovado.
E é assim que acaba essa jornada de 13 meses de espera. Infelizmente esse jogo não vai pra prateleira ao lado dos demais da minha coleção, muito menos volta pra mesa (não, nem vou pedir reposição de nada pq tenho absoluta certeza de que não viria nada perto de perfeito). Eu espero muito mais cuidado e carinho com um jogo nos tempos de hoje, em que são lançados por ano milhares de títulos e pagamos algumas centenas de reais por cada cópia,
Meu dinheiro vale bem mais do que isso.