PUBLICADO EM http://onboardbgg.com/2015/04/24/sobre-a-mesa-drako/
por Lucas Andrade -

Um filhote de dragão foi atraído por uma apetitosa carniça de ovelha estirada no chão sobre o sol escaldante. O cheiro de sangue ainda fresco estava irresistível. Para a surpresa de nosso “amiguinho” alado, no entanto, uma armadilha estava preparada, usando eficientemente o animal morto como isca. Aproveitando-se dos momentos de sua fraqueza, três anões aproximam-se para exterminar a criatura. Vingança pela anterior destruição flamejante provocada pelos dragões? Exatamente! A questão é que o tempo é curto, pois em poucos momentos a vítima estará recuperada de suas efêmeras lesões. O embate será breve, acelerado e fatal para um dos lados. Assim começa uma partida de Drako, jogo assimétrico do designer Adam Kałuża, responsável pelo excelente K2, no qual um jogador controla o dragão e o outro controla três anões. Cada um dos lados têm suas vantagens próprias e saber aproveitá-las nos momentos certos é crucial.
Mecânica
O jogo é baseado no gerenciamento das cartas em sua mão e no posicionamento tático das miniaturas que representam os personagens. Um jogador controla o dragão e o outro controla os três anões.
Em seu turno o jogador pode realizar duas destas seguintes ações: comprar duas cartas ou jogar uma carta. Isto pode ser feito em qualquer ordem ou combinação, por exemplo, usar as duas ações para comprar duas cartas, totalizando quatro, ou jogar duas cartas, ou jogar uma e comprar duas…
Através destas cartas você ativa a(s) figura(s) que controla realizando ações conforme os símbolos que representam movimentação, ataque, defesa, uso da rede ou besta, no caso dos anões, ou voar e soltar baforadas de fogo no caso do dragão. Cada jogador tem seu baralho próprio com as respectivas cartas dos anões ou do dragão.

Ao jogar uma carta como a primeira à esquerda na figura abaixo, o jogador dos anões pode realizar ataques de dano 1 com duas de suas figuras. Este ataque só pode ser feito estando adjacente ao inimigo. Temos outros símbolos: um pé indica um anão que pode se mover por um hexágono adjacente, dois machados permitem que dois anões façam um ataque, dois pezinhos permite mover dois anões, a rede imobiliza temporariamente o dragão e a flecha permite atacar a distância. Por sua vez, os símbolos do dragão são ataque (boca), defender um ataque (escudo), cuspir fogo (adivinhe o símbolo), voar para qualquer hexágono livre no tabuleiro (asa) ou mover-se (pata).


Todo ataque não defendido gera dano que é distribuído também de maneira peculiar para cada lado nos tabuleiros individuais. Para os anões é simples: quem sofreu o ataque, leva o dano. O dragão, no entanto, tem espaço para os marcadores de dano por todo tabuleiro. Os quatro primeiros são alocados no topo da figura, uma espécie de dano genérico, e os demais são escolhidos pelos anões em partes específicas. Completando uma das partes, o dragão vai ficando debilitado, perdendo suas capacidades de voar, soltar fogo ou locomover-se. O jogador que preencher todos os danos de seu player board, perde a partida.
Considerações Finais
Gosto muito dos jogos que tem as ações ativadas por cartas, ainda mais quando a mão inicial é comprada às cegas. Isso garante que mesmo iniciando com as figuras nas mesas posições, e você pode alterar isso, cada partida será diferente, no melhor estilo vire-se com o que vier. Comprou uma mão sem escudos? Movimente-se pelo tabuleiro enquanto busca obter cartas defensivas. Muitos escudos e poucos ataques? Espere seu oponente soltar sua fúria enquanto você frustra os planos dele anulando seus golpes! Alie gerenciamento de mão e posicionamento tático (alguém falou Command and Colors?) e terá um lugar no meu coração.

Drako é facílimo de explicar e de jogar. Instrua seu oponente em cinco minutos e jogue partidas de trinta, quarenta minutos. Obviamente, tamanha simplicidade transforma-o em um jogo leve. Leve demais e muito dependente das cartas para alguns. O fato de ser apenas para dois jogadores, afasta o interesse de outros. Particularmente, gosto de jogos pensados para qualquer número de participantes e ter bons jogos para dois é uma boa opção para jogar com aquele cara do grupo que sempre chega cedo enquanto a trupe não aparece. Outra, jogos leves como esse tendem a não ter temas muito interessantes, o que não é o caso aqui. Uma batalha entre anões e dragão? Topo! Pena que o ambiente não é explorado além do pouco texto no manual. O mesmo conceito com novas raças ou monstros seria muito interessante. Mesmo assim, considero-o uma mistura agradável de fatores, leve dose estratégica, gerenciamento de mão, rapidez, tema de fantasia medieval e visual bacana, para colocá-lo na coleção.
Pontos Positivos
– Rápido e fácil
– Tema bacana, mesmo que pouco explorado
– Belíssima produção na arte e componentes
– Balanceado
Pontos Negativos
– Preço um pouco salgado
– Cenário pode se tornar repetitivo