Relembrando um pouco os bons tempos que eu costumava fazer reviews na Ilha do Tabuleiro, após 2 partidas, seguem minhas impressões resumidas:
Péssimo

Ruim

Regular



Bom




Ótimo

Nesse jogo de pick-up and deliver, o objetivo dos jogadores é serem compradores bem-sucedidos na principal feira de jogos do mundo, no ano de 2013 (isso mesmo, em 2013).
Observação: a capa é cheia de referências a nomes conhecidos do boardgame, como Friedmann Friese (Power Grid), Bruno Cathala (Mr. Jack, Cyclades, Five Tribes), entre outros.
Mecânicas: 


Bom
Três mecânicas básicas que podem resumir o jogo: action point (pontos de ação), pick-up and deliver (pegar e entregar) e completar objetivos. O jogo integra bem a mecânica de action point com a temática (assunto do próximo tópico). Isso porque os jogos que são comprados fazem diminuir a quantidade de actions points do jogador. A sensação que o jogo quis passar (muito bem, por sinal) é que quanto mais jogos são carregados na sacola, mais difícil é movimentação do jogador pelos corredores da feira. Aí que entra a parte do pick-up and deliver. Como ninguém quer ficar se arrastando pela feira, andando devagar, os jogadores precisam levar os jogos comprados para fora da feira, guardá-los no carro, para retornar imediatamente às compras. Ou seja, é necessário entrar na feira, comprar os jogos e transportá-los para fora feira. E continuar fazendo isso da melhor maneira até o fim do jogo. E quais os jogos que devem ser comprados? Preferencialmente os jogos da sua Wishlist, que nada mais são do que cartas-objetivo que os jogadores recebem no início da partida. Quanto mais cartas forem satisfeitas, mais pontos no final da partida. Resumindo: mecânicas competentes, bem escolhidas e bem encaixadas, com alguma dose de orginariedade, mas que não chega a ser brilhante (ok, nem tudo precisa ser brilhante).
Integração do Tema: 



Ótimo
Dificilmente poderia ser melhor. O jogo é bem preocupado com o tema. A começar pela decisão do start player e, continuando assim até a contagem de pontos. Para o start player, são sorteados tickets de entrada (estes componentes existem só pra esse sorteio inicial). Quem pegar a credencial de imprensa tem o direito de começar a partida entrando primeiro na feira. Durante o jogo, além da questão já mencionada da sacola pesada ir diminuindo a mobilidade do jogador, há algumas questões bem legais como a parada na lanchonete para comer cachorro-quente, que faz o jogador recuperar parte das energias para continuar as compras. O jogo também tenta simular a questão do hype nessas feiras de jogos, o crowd de pessoas que pode ficar em volta de alguns lançamentos, assim como a questão dos jogos que ficam sold out, fazem um sucesso instantâneo, entram com descontos, etc. Além disso, todas as principais empresas de jogos do mundo real estão representadas no jogo, com seus lançamentos da época. Pequenos elementos que fazem a temática de modo simples, sem acrescentar trezentas regras só por causa de um detalhe. Na pontuação final, quando ocorre empate, quem tem mais dinheiro perde. A explicação é óbvia: quem sai de Essen com muito dinheiro na mão é porque foi muito vacilão. Conclusão: quem acha que eurogame não pode ser temático, dá uma conferida neste jogo.


Jogabilidade 


Bom
Como todo jogo de action point, há uma certa tendência de analysis paralysis na hora de decidir a jogada, o que pode gerar downtime (tempo longo de espera). Mas se ninguém exagerar tentando maximizar os pontos ao máximo do máximo, dá pra jogar tranquilo. As regras são bem simples e não nem um pouco difíceis de entender. Não acontecem muitas dúvidas durante o jogo, o que faz a partida fluir até mesmo quando todos são novatos. O tempo de jogo também é muito bom. Não é um filler, mas também não é um jogo que passa do tempo.
Sorte 


Bom
Não vejo excesso de elemento sorte. O que existe é que algumas áreas da feira ficam menos acessíveis e isso acontece por eventos aleatórios, impossíveis de prever. Se você estiver num dia de muita falta de sorte, pode acontecer dessas áreas coincidirem muito com as áreas que você precisava ter acesso. Na compra de cartas-objetivo (wishlist) que você faz pela ação de fazer playtests, pode acontecer de vir uma carta muito boa ou muito ruim, interferindo na questão dos pontos. Como eu gosto e elemento sorte moderado, achei o jogo bom neste quesito.
Interação 
Regular
Não tem tanta interação. Talvez este seja o maior defeito do jogo. Cada um fica mais preocupado em completar sua wishilist. Mas existe uma wishlist comum, da mídia, que pode ser satisfeita por quaisquer jogadores, o que pode gerar uma disputa. Mais pro final do jogo, os jogadores podem acabar comprando alguns jogos fora da wishlist, porque eles, por algum motivo, estão pontuando bem. Mas nada de inovador aqui também. E também nada de um poder derrubar o outro, jogar uma casca de banana, etc, para impedir que alguém se movimente, ou algo do tipo. É uma interação que fica na possibilidade de alguém comprar um jogo antes que você, fato típico de jogos de pick-up and deliver.

Estratégia 
Regular
Tem espaço para o pensamento de longo prazo. É um jogo de apenas um, ou talvez dois, caminho(s) para a vitória. Você tem que comprar jogos e transportá-los da forma mais eficiente e ponto. Para isso, pode haver planejamento do que é melhor fazer a agora e do que é melhor fazer na próxima rodada, ou talvez mais para o final do jogo. Não é nenhum primor no quesito estratégia, mas não chego a considerar um jogo somente tático.

Rejogabilidade Objetiva 


Bom
Se você vai gostar a ponto de querer fazer outras partidas, não tenho como prever, mas objetivamente falando, há elementos que indicam boa rejogabilidade. Isso porque a partida não vai ser sempre a mesma. Os jogos começam espalhados pelo tabuleiro de forma aleatória e, posteriormente, vão entrando mais jogos de forma aleatória. Os jogadores iniciam com wishlists aleatórios, fazem um draft alá seven wonders, e iniciam a partida tentando otimizar seus objetivos iniciais. Novos objetivos podem ser obtidos durante a partida (pela ação de playtest). Então, na minha opinião, falta pouca coisa para o jogo ser altamente rejogável. Os elementos estão todos praticamente lá.
Escalabilidade (2 a 5 jogadores) 



Ótimo
Joguei com 3 e com 5 jogadores. Quanto ao tempo, logicamente com 5 demora um pouco mais, mas o jogo só tem 7 rodadas. Não senti que fica longo a ponto de incomodar. Quanto à possibilidade de interação, com 5 jogadores ela acontece mais, pois é mais gente para atrapalhar suas jogadas, e o mapa não fica menor com menos jogadores. Aparentemente joga bem com qualquer número de jogadores. Eu acho até difícil decidir com qual número eu preferiria jogar. Com 2 talvez eu não jogaria, mas também não parece ruim para quem a interação não é fator eliminatório.
No geral, gostei do jogo. Estava faltando-me jogo de pick-up and deliver na minha coleção. Bom que equilibra um pouco as coisas com os work placement e cardgames. Não achei nada extraordinário, revolucionário, etc, mas achei que o designer foi feliz nas escolhas e fez um bom jogo comercial. Pena que a empresa que publicou é pequena, com distribuição limitada. Acabei comprando de loja na Europa. Recomendo jogarem para tirarem suas próprias impressões.
Nota Geral: 8.0 


Bom

Obs.: as fotos foram tiradas do site americano BGG.