Considero o universo Warhammer 40k - a versão de ficção científica dos jogos de miniaturas da editora Games Workshop, com seu escopo gigantesco e complexo, expandido em romances, quadrinhos e videogames - tão rico e dramático como obras seminais do naipe de Duna.
Em termos épicos e de ambição criativa, ouso afirmar que 40k representa para os britânicos o que Star Wars (guardadas as devidas proporções e respectiva mídia original) significa aos norte-americanos.
Eu adentrei os jogos de Warhammer 40k pela aquisição do Starter Set (caixa inicial com regras, miniaturas, templates, dados especializados etc) da sétima edição, equipada com um manual de regras denso e complexo, com centenas de páginas; a despeito disso, ainda muito agradável de se levar à mesa.
O hobby de miniaturas possui nuances variadas: existem os colecionadores de miniaturas, os pintores de miniaturas, os jogadores que apreciam mesmo as batalhas épicas em suas mesas de jogo, e diferentes combinações desses aspectos mencionados.
Entrei hesitante no hobby, atraído pela fama épica do Warhammer 40k, porém, receoso da pecha da sua fabricante, a Games Workshop, de uma empresa indiferente e mercenária em relação aos seus fãs. Arrisquei e devo dizer que não me arrependo! Além da excelência da sétima edição, apesar de sua barreira inicial para novos jogadores, pela complexidade das regras, com diversos exceções e modificadores de regras, acabei pego no meio de uma verdadeira revolução promovida pela Games Workshop, ao lançar em 2017 a oitava edição do jogo.
Mesmo os fãs mais críticos e desiludidos com a editora reconhecem uma mudança de 180 graus na atitude da empresa. As dúzias de páginas de regras centrais da sétima edição chegavam agora reduzidas (e, principalmente, MUITO APERFEIÇOADAS) em menos de uma dezena de páginas de regras claras, objetivas e diretas. Um jogo já excelente tornara-se, subitamente, excepcional. Em vez de se concentrar numa miríade de detalhes e consultar diversas tabelas de unidades e armas, o jogador agora focava no deleite do jogo, com poucas tabelas e instruções intuitivas e diretas que reduziram a barreira de entrada em 40k, sem perder (ao contrário, passou a ampliar) as decisões táticas do jogo. Por exemplo, o uso de cobertura com terrenos viu-se unificada numa regra lógica e objetiva que faz todo sentido num universo de combates futurista com armas que deveriam realmente causar danos devastadores.
Com a oitava edição, demos adeus ao uso de templates para reproduzir o alcance de explosões e do ataque de lança-chamas em prol de regras aprimoradas, cuja aplicação não interfere no fluxo natural da batalha e cobra tempo e esforço da memória do jogador ou da consulta de diferentes tabelas.
Além das regras melhoradas, em que a Games Workshop valeu-se ativamente do feedback de décadas de jogo desprendidas pelos fãs (entregando ao consumidor um produto sonhado pela maioria dos seus membros), introduziu detalhes que aprimoram a experiência dos jogadores, como o baralho Open War, capaz de gerar uma “infinidade” de batalhas, com inúmeras combinações de disposições de tropas, missões, twists etc, personalizando cada enfrentamento, incorporando a cada missão elementos únicos que a impedem de se repetir, proporcionando uma imensa rejogabilidade.
Para finalizar, o aprimoramento na qualidade das miniaturas de 40k (já insuperáveis no mercado de jogos) tornou-se ainda mais inacreditável, com uma qualidade de moldagem bem aperfeiçoada e modelos dotados de poses ainda mais naturais e dramáticas, o que amplifica, ainda mais, a capacidade imersiva do jogo.