- Quando a trilogia
EXIT: The Game foi indicada ao
Kennerspiel des Jahres (o prêmio para jogos estratégicos do
Spiel des Jahres), eu simplesmente não consegui entender como um pequeno jogo legacy de charadas e quebra-cabeças poderia estar concorrendo ao lado do
Terraforming Mars (e até mesmo do
Raiders of the North Sea, que considero um bom jogo, nada além disso). Entendo o "perfil" da premiação, mas mesmo assim não engoli a indicação. Era um jogo estranho, que ainda não havia ainda causado um grande alvoroço, enfim, fiquei com uma baita antipatia. Tudo se agravou ainda mais pelo fato de o
Great Western Trail não ter sido indicado!
- Alguns meses depois, veio o resultado da premiação:
Exit! The Game (considerado em sua trilogia) venceu. Terraforming Mars ficou de fora. Great Western Trail foi apenas "recomendado".
A Feast for Odin,
First Class,
Scythe e vários outros jogos incríveis nem foram citados. Simplesmente ignorei o resultado, afinal, o
Kennerspiel não é um prêmio que dou muita importância, prefiro de longe o
Deutscher Spiele Preis.
- Passado algum tempo, a
Devir anunciou o lançamento da trilogia no Brasil, e pesquisando melhor (e me despindo aos poucos do meu preconceito e antipatia, que até mesmo manifestei em alguns tópicos aqui na Ludopedia), comecei a me interessar pela ideia e pelo conceito do jogo, já que a mecânica em si eu não poderia saber antes de jogá-lo.

- Decidi arriscar e comprei a trilogia na pré-venda. Inexplicavelmente um
hype foi crescendo dentro de mim ao longo dos meses de espera, ao ver relatos de sessões, ao ler resenhas e assistir vídeos com elogios e sempre apontando aspectos (sem spoilers, obviamente) que me chamaram a atenção. Sempre fui fã dos testes de raciocínio e lógica (agora tão recorrentes via Whatsapp

), aquelas charadas e desafios com várias camadas, exercícios com quebra-cabeças espaciais e imagens, etc., tanto que vários dos meus jogos preferidos de computador e celular são jogos com essas características, como Braid, Limbo, The Room, Monument, entre muitos outros. Finalmente um jogo de tabuleiro que consegue reunir tudo isso, juntando um grupo de amigos, dentro de uma temática de "
escape the room".
- Os dois primeiros (
"A Cabana Abandonada" e
"O Laboratório Secreto") chegaram na semana passada; como havia comprado a trilogia e queria muito jogá-los com a minha esposa, meu irmão e minha cunhada no feriado, busquei pessoalmente antes do envio pelo Correio. Jogamos o primeiro na tarde de sexta-feira, saimos todos para jantar (eu já havia combinado com alguns amigos), e quando chegamos, por volta das 23h30, resolvemos jogar o segundo. Não conseguimos esperar! A ansiedade era grande.
- Que jogo genial, meus amigos. Não falarei especificamente sobre as duas partidas, pois quero evitar qualquer tipo de spoiler. Fui positivamente supreendido em cada detalhe, e acredito que isso seja essencial para o bom funcionamento do jogo. "A Tumba do Faraó" chega hoje, e nesse final de semana já colocarei na mesa novamente, com o mesmo grupo de 4 pessoas (aliás, considero esse tamanho o ideal, pois menos que isso pode ficar bem complicado resolver os enigmas em um tempo curto e sem dicas, pois há que se dividir o trabalho, e mais que quatro pode ser que alguns não consigam participar de forma ativa na resolução dos enigmas e acabem ficando sem função em alguns momentos).
- "A Cabana Abandonada" é o melhor dois dois, com ótimas sacadas, desafios inteligentes e boas surpresas. "O Laboratório Secreto" é excelente também, mas por ser um pouco mais difícil e denso, agarramos em uns dois desafios e queríamos evitar as cartas de ajuda para não perdermos estrelas, o que acabou tirando um pouco o ritmo da partida. Mas ambos são ótimos, cada um com características bem distintas.
- É engraçado, pois tenho costume de comentar e participar bastante aqui na Ludopedia, e quem acompanha meus posts sabe que gosto essencialmente de euros. Mas não tenho o costume de escrever reviews e considerações sobre jogos, relatos de partidas, etc. E aqui faço um mini-review justamente de um jogo não euro!

Sendo bem sincero, eu senti a necessidade de vir escrever esse texto, justamente para chamar a atenção de todos que tiveram em algum momento algum tipo de preconceito com a série. É um jogo Legacy! Sim, só pode ser jogado
uma vez, as cartas são cortadas, amassadas, riscadas, dobradas, etc, assim como o livreto. Não há como vender, o jogo fica na estante como uma (boa) recordação. Simplesmente quem jogou de forma diferente não teve a experiência real e íntegra que o jogo proporciona (e alguns desafios são impossíveis na prática sem recortar cartas e páginas).
- O jogo vale cada centavo! Já fui a algumas salas "Escape Room" aqui em Belo Horizonte (a experiência é incrível também, recomendo!), e o valor do ingresso fica em torno de R$60,00 por pessoa (o preço do jogo de tabuleiro, para todo o grupo). Ademais, as experiências, apesar de bem distintas, geram o mesmo nível de satisfação e entretenimento, na minha opinião. Enfim, o jogo vale como um ingresso para um evento, duas entradas para o cinema, etc.
- Gostamos tanto do jogo que já fiz a pre-order da nova trilogia (infelizmente fica complicado aguardar a Devir anunciar e lançar, pois são muito meses nesse processo). De qualquer forma, parabenizo a editora pelo excelente lançamento, uma das experiências mais divertidas, inovadoras e marcantes que tive com jogos desde que comecei no hobby, há muito anos. Para vocês terem uma ideia, a minha cunhada nunca havia jogado um jogo meu (e já namora o meu irmão há 8 anos!), pois não gosta de competitividade e nem jogos pesados, mas topou milagrosamente jogar o Exit! e simplesmente amou, já está animada para os próximos! EDIT: já jogamos os três novos, e são tão bons quanto os primeiros! Recomendo.
- Se, assim como eu, você gosta de euros, não gosta de cooperativos, não é fascinado com jogos legacy, e tem algum tipo de preconceito ou dúvida, vá por mim: dê uma chance ao jogo, é sensacional!

Atentem apenas para um único
erro de tradução que
pode gerar certo atraso na resolução de um enigma (por aqui não houve dúvidas, mas realmente pode ser um problema).