Postagem nova no Meeple Community blog.
Link para a matéria original.
Se gostou do nosso conteúdo, não deixe de se inscrever e participar para receber as atualizações!
X-Wing Miniature Game - galaticamente divertido!
Alex Mendes - Imagens retiradas da internet

Há muito tempo atrás em uma galáxia muito, muito distante, todo aquele que se aventurar nesse universo deve se preparar para mergulhar não somente em regras e estratégias, mas na maior guerra galáctica que se viu desde a batalha de Yaven! Tenho que admitir, que escrever sobre X-Wing, jogo de ‘dogfight’ da Fantasy Flight Games de 2012 não é uma tarefas das mais fáceis. Não que o jogo em si seja complicado de aprender e explicar, mas provavelmente porque ele não pode ser dominado, não sem a ajuda da força. Ele me lembra bem que a galáxia onde a história se passa, está longe de ser dominada e que de tempos em tempos, podemos nos surpreender com novas descobertas. De forma incrível, o jogo em si consegue transportar ricamente seus jogadores para toda a nostalgia (de alguns) e novidade (para outros tantos) desse universo criado por George Lucas em 1977.
X-Wing é desses jogos que se pode passar mais horas estudando esquadras, movimentos táticos e possíveis combinações de habilidade do que nas partidas em si. E veja bem, isso não é um defeito e sim, uma grande qualidade do jogo! Apesar de ser a perdição financeira de alguns colecionadores (Sim! Você pode simplesmente comprar para ter cada nave lançada, porque são lindas!), não é necessário gastar muito para conseguir boas partidas que serão tão dinâmicas e tão diferentes umas das outras que você se perguntará quanto tempo pode levar para realmente enjoar de uma de suas esquadras.
Alguns dos diversos modelos disponíveis
Os Componentes
Em X-Wing, o jogo é normalmente preparado para dois jogadores, onde cada um terá à sua disposição, um leque de opções entre naves, pilotos e melhorias. Para iniciar uma partida, você vai precisar de um Core Set, uma caixa básica que contém todo o material necessário para sua primeira partida, incluindo três naves pequenas: Uma X-Wing, o caça rebelde ícone do universo Star Wars e duas Tie Fighters imperiais. Atualmente no mercado, existem dois core set diferentes. O original de 2012 e o que foi lançado em 2015, por ocasião do episódio VII da franquia Star Wars – o Despertar da Força. Ambos contêm as mesmas quantidade de naves e acessórios, só diferindo mesmo o design das naves, como visto nos filmes: uma melhorada X-Wing chamada de T-70 (a do Luke era uma T-65) e dois caças TIE da Primeira Ordem. Cada caixa vem com todos os gabaritos, cartas, marcadores, dados e cartas de pilotos para começar. Um manual bem explicativo que contém duas sessões: uma para iniciar no universo com as mecânicas básicas e uma segunda parte, onde será detalhada as demais funcionalidades que verdadeiramente transformam as partidas em X-Wing. A caixa básica traz também cartas de pilotos capazes de manejar as naves iniciais e melhorias para essas naves e também um maço de cartas de dano com duas funcionalidades: Durante as lutas, quando uma nave é atingida, ela pode levar um dano comum ou um dano crítico. Se o dano for comum, você usará as costas dessas cartas, para marcar as naves que estão avariadas. Caso o dano seja crítico, cada carta contém um efeito aplicável sobre o piloto, nave ou sistema. Seu piloto pode ficar ferido, não conseguindo atirar bem ou defender, sua nave pode ficar incapaz de manobrar, levar danos extras e coisas assim. Essas cartas acrescentam situações dramáticas e bem temáticas às suas partidas. Algo muito bem pensado.

Os dois core básicos para iniciar seu jogo - Compre os dois!
O jogo
Como escrevi anteriormente, o jogo normalmente (e competitivamente) é disputado em uma ‘arena’ (espaço de 90x90 cm mais ou menos) entre dois jogadores. Existem variantes épicas em que podem somar vários jogadores em times 2x2, 3x3 ou mais, mas vou me ater aqui ao melhor estilo ‘dog fight’. Entram em cena dois times que podem ser de três facções diferentes: a Aliança Rebelde (Luke Skywalker e companhia), as naves do Império (Darth Vader e os enxames de caças Tie) ou a Vilania da Galáxia (a escória do crime e contrabando). Cada jogador, seguindo as regras de competição, terá à sua disposição 100 pontos para distribuir em sua esquadra. Cada piloto de cada nave usada tem um valor impresso no canto inferior direito. Cada nave, por sua vez, pode ser equipada com certas melhorias. Também essas cartas de melhorias têm seu custo em pontos. Você escolherá entre equilibrar sua frota com pilotos bons a custo em pontos elevados ou mais nave, com menos opções táticas, mas em maior número. Ao final dessa montagem, sua esquadra não poderá ultrapassar os 100 pontos estabelecidos. Uma vez montada a esquadra, ela é posicionada no campo de batalha e o jogo pode começar. Cada nave conta com um disco de manobra com todos os avanços (movimentos) que aquela nave pode realizar. Essa escolha do movimento a seguir é deixada em oculto, junto da nave. Uma vez que os jogadores tenham selecionado secretamente suas manobras, elas serão reveladas segundo a perícia dos pilotos. Os pilotos com menor habilidade movem-se primeiro. Cada jogador então pegará um gabarito com a manobra escolhida, posicionará essa régua á frente da nave e a moverá até a outra ponta da régua. Aqui, cada milímetro, conta. Então todo cuidado é necessário para que naves não ocupem o espaço de outra ou mesmo um marcador de asteroide. Como é um jogo 2D representando uma realidade 3D (o espaço), se uma nave “encostar” na base de outra ou mesmo em um asteroide, significa que o piloto passou perto demais, causando algum tipo de estresse pelo susto!
Uma vez que todos tenham se movido, se observam se existem naves no alcance de tiro e a batalha então começa. Dessa vez, os pilotos com maior habilidade atacam primeiro. Essa é outra mecânica que faz sentido tematicamente. Os pilotos com baixa habilidade se movem primeiro, mas atacam por último. Assim, os melhores pilotos podem decidir o que fazer taticamente e qual nave atacar antes, ou mesmo se o jogador concentrará seus tiros em um alvo único ou múltiplo. Se suas naves estiverem voando em formação, essa realidade 3D é percebida no fato de que uma nave que esteja disparando, 'ignora' uma outra de sua formação se ela estiver dentro do arco de tiro da nave amiga.
Cada nave lançará dados vermelhos de acordo com sua proximidade do alvo (à queima roupa, o estrago é maior) ou por ter alguma arma secundária equipada. O defensor lançará dados de acordo com capacidade defensiva da nave, com acréscimo de mais defesa conforme a distância ou algum sistema instalado. Depois dessa parte de acertos e erros, tudo começa de novo, com nova fase de planejamento, movimento, ataque... até que só sobre um time voando nessa imensidão...
Construindo sua esquadra
Em minha experiência com o jogo, creio que é aqui que X-Wing brilha com mais intensidade. Depois da familiaridade com o básico e dependendo do seu nível de fã da franquia, você poderá adquirir as mais variadas naves para juntar ao seu jogo inicial. Foram lançados, desde 2012, 53 expansões para o jogo e existem atualmente mais de 60 naves, diferentes umas das outras no mercado. Se um aventureiro comprar uma caixa de cada pacote lançado até agora, ele terá em sua coleção 72 naves, mais de 300 pilotos e mais de 500 cartas de melhorias. Cada uma das expansões contém uma ou mais miniaturas, seus respectivos pilotos, cartas de melhorias e marcadores extras. Algumas dessas expansões também acrescentam regras novas para os armamentos que contém. A loucura toma forma no processo, porque dentro desse limite de 100 pontos por esquadra, você deseja encontrar uma forma de colocar naves, pilotos, melhorias que sejam os mais eficazes dentro do campo de batalha. Sua esquadra será um enxame com seis caças leves e sem escudos? Duas naves fortemente defensivas? Torpedos? Bombas de Concussão? Ataque à distância ou curto alcance? As possibilidades são impossíveis de serem testadas todas. A cada partida você poderá escolher entre múltiplas formas de agir, atacar e defender. Sem contar a variedade inicial de pilotos disponíveis para cada nave, essas mesmas naves podem equipar certos tipos de melhorias.
Algo fantástico em X-Wing é que se uma nave pode receber uma melhoria de algum tipo, como do tipo “Elite”, por exemplo, qualquer carta elite lançada em qualquer outra expansão pode ser usada nessa nave. Isso abre exponencialmente as possibilidades do seu jogo, levando os colecionadores a estarem sempre de olho nos lançamentos. Mas de forma muito diferente da apresentada nos tradicionais TCG (cartas colecionáveis), não existe uma compra no escuro. Você sabe exatamente quais são as cartas que virão na expansão e somente compra se deseja adicionar isso à sua coleção. Não há surpresas e nem o famigerado “pay to win”, ou seja, quem tem mais grana para comprar milhares terá mais chances de coisas raras. Não existem itens raros ou mesmo cartas banidas ou "apelonas". Tudo está na habilidade do jogador de combinar sua frota. Claro que existe aqui e ali um item que pode desanimar jogadores brasileiros que ainda não têm todas as expansões disponíveis no mercado nacional, mas a Galápagos, editora que detém os direitos de comercialização no Brasil tem trabalhado bastante para localizar tudo de X-Wing aqui.

Partida em andamento
Sorte versus Estratégia
Já ouvi comentários negativos na comunidade de jogos de tabuleiro, que dizem que não gostam de X-Wing ou se mantiveram distantes, porque decidir combates lançando dados não agrada em nenhuma maneira. Bom, deixe-me escrever alguma coisa sobre isso...É verdade que X-Wing é um clássico jogo de guerra e nesses, a rolagem de dados é quase sempre uma mecânica fundamental no desenvolvimento de suas partidas. Só que dizer que ele é dependente de sorte para vencer, isso pode ser um grande exagero. Embora exista o fator sorte do lançamento dos dados, essa aleatoriedade pode ser completamente subjugada por combinações e interações dentro da sua esquadra. Existem pilotos que dão suporte nas batalhas, que aumentam a eficiência e perícia dos companheiros. Até mesmo recebem sobre eles, o estresse de outros. Saber dosar esse combo entre pilotos, habilidades e melhorias é tão ou mais importante do que jogar os dados mesmo.Dentro da capacidade de cada jogador de observar a interação entre pilotos e suas habilidades, as características das naves escolhidas e cartas de melhoria que serão equipadas está a diferença entre X-Wing ser um jogo de ‘sorte’ ou de estratégia. Se quiser, você poderá simplesmente esquecer a estratégia, pegar qualquer nave às cegas, colocar no campo de batalha e pedir que uma criança lance os dados para ver o que acontece. Funciona. Ou claro, você pode estudar sua formação de ataque, suas cartas de melhoria, seus pilotos e durante suas partidas, conseguir não só escapar do arco de tiro inimigo e conseguir com isso, deixar as naves dele dentro do seu arco de tiro. Não é questão de sorte...

Infinitas possibilidades
Fui jogador de Magic por muito tempo e tive coleção astronômica de cartas. O mais desafiante naquela época era juntar cartas que pudessem ser organizadas de tal forma que não importasse onde começasse o deck, você teria possibilidades de vencer. Buscar a sinergia entre os poderes era o essencial.
Abandonei aquela coleção há muito tempo, porque era um poço sem fundo de grana e frustração.
“O que X-Wing tem de diferente?” Algum desavisado poderia me perguntar, já que se trata de comprar mais e mais e ficar confabulando combinações. Minha resposta está mais relacionada com o universo Star Wars do que com o jogo em si: Porque Star Wars é Infinito! Não se trata de organizar um deck e ficar ‘torcendo’ para sair uma carta que está ali e que nunca vem. Tudo está aberto e revelado em X-Wing, inclusive a esquadra e habilidades do oponente. Não haverá surpresas ou frustrações e sim, a habilidade de cada um de ler a mesa, entender onde ir e posicionar suas naves e compreender como seu adversário usará o que ele tem contra você e tentar inviabilizar isso o quanto antes.
Um lançamento ruim de dados por ser frustrante, na mesma medida que escapar ileso de uma chuva de laser à queima roupa será gratificante. Faz parte e enriquece o jogo.
Seja pela beleza do universo criado pelos filmes, as apaixonantes miniaturas pintadas, o apelo emocional que evoca, a imersão proporcionada... não dá para definir em poucas palavras:
- Você não precisa comprar tudo o que existe para ter maiores chances, se pensa em entrar em campeonatos. Pode ser que meia dúzia de naves solucionem sua ambição.
- Você pode ser um apaixonado e ao comprar o seu gosto particular, descobre que tem material para tentar dezenas de possibilidades de combate, alternando pilotos e melhorias.
- Você pode chamar outros 5 amigos que colecionam o jogo, montar uma mesa de ping-pong como campo e passar umas 36 horas jogando batalhas épicas, revivendo e imaginando fazer parte desse mundo;
- Você descobre que passa mais tempo examinando possibilidades e descobrindo a sinergia das peças do que realmente jogando e percebe, maravilhado, que não tem horas suficientes de jogo para testar tudo o que vai pela sua cabeça;
- Enfim, jogar X-Wing é descobrir possibilidades e se divertir tanto planejando quanto colocando-as em prática. Vem conhecer a Força desse jogo de guerra!
Até a próxima comunidade!