Introdução: Resolvi fazer o relato de uma sessão-solo de High Frontier para ilustrar algumas características do jogo, para atiçar a curiosidade dos interessados. Além do jogo-padrão, que pode ter complexidades diferentes de acordo com quantos módulos opcionais você utilizar, o jogo tem diversos cenários que alteram as regras em maior ou menor escala. Neste caso, utilizei o cenário CEO, que eu criei exclusivamente para jogo-solo e foi um dos cenários publicados na 3a edição.
Objetivo: Você representa o líder do programa de exploração do sistema solar de uma das agências espaciais do jogo e sua missão visa viajar para asteroides, planetas, cometas e luas com o intuito de clamá-los, estabelecer indústrias extraterrestres ou mesmo apenas explorá-los brevemente e retornar para a Terra e obter glória. Estes feitos concederão pontos de vitória necessários, pois a mesa da diretoria da sua agência espacial vai checar o seu progresso em uma reunião a cada 12 rodadas e estabelecerá uma meta para a próxima reunião. A primeira reunião não exige pontos de vitória, mas determina que na próxima reunião (ou seja, 24 rodadas após o início do jogo) você obtenha um mínimo de 10 pontos de vitória. Se não conseguiu, o programa espacial será cancelado e fim de jogo para você. Toda reunião subsequente aumentará o mínimo de pontos de vitória em 10, logo a 3a reunião da diretoria na 36a rodada exigirá 20 pontos de vitória, por exemplo. O cenário pode ser vencido se o jogador completar um Futuro, um progresso revolucionário que prova definitivamente o sucesso do programa espacial.
Aviso: Eu vou ilustrar o progresso do jogo com fotos das cartas utilizadas e locais específicos do mapa do sistema solar. De forma alguma esse resumo ensinará como jogar e muitas das regras eu sequer comentarei. Nao detalharei a logística do movimento do foguete, nem entrarei em detalhes sobre eventos, política ou combate, dentre outros. A ideia visa dar um “gostinho” do High Frontier.
Preparacao: Para essa partida, escolhi jogar com a facção laranja, que hoje está representada pela agência espacial privada Space X. Confira abaixo a carta da tripulação da agência:

Esta carta permite que realize uma OPERAÇÃO por rodada, podendo ser ação de ciência, engenharia ou finanças. A carta possui 1 ponto de MASSA quando você acopla-la a um foguete ou estação espacial (quanto menor a massa, melhor). Toda carta que tiver um TRIÂNGULO com números na parte inferior significa que ela possui um PROPULSOR. Quanto MAIOR o 1o número, mais rápida será sua propulsão, além de conseguir pousar e decolar de sites maiores. Quanto MENOR for o segundo numero, melhor a economia de combustível do foguete e mais longe pode se deslocar antes de precisar se reabastecer. Finalmente, se a carta tiver uma caixa de texto preto com a sigla ISRU, significa que tem capacidade de explorar a viabilidade de sites, de acordo com a disponibilidade de água presente. Quanto MENOR ISRU, mais capaz a carta será de explorar os locais mais secos.
Cada facção também começa com uma estação espacial orbitando proxima da Terra, chamada BERNAL.Os bernais sao importantes pois permitem você lançar seu foguete a partir delas ao invés da órbita baixa da Terra (chamada LEO - Low Earth Orbit), além de eventualmente permitir que abriguem tripulações adicionais de colonos, que lhe concederao ações extras a cada rodada.

Esta estação de pesquisa espacial começa o jogo assim, tendo 10 pontos de massa e com sua posição inicial indicada no tabuleiro. Uma vez que consiga promover o bernal com um reator, a carta será virada para o outro lado, concedendo outros benefícios.
Agora, o seu jogo será alavancado pelas cartas que sao divididas em nove baralhos, sendo que nesta partida focarei em sete deles. A minha primeira prioridade será obter um colono, que uma vez em órbita poderá conceder uma operação extra a cada rodada. Então realizo uma operação de RECRUTAMENTO do baralho dos colonos, pago o custo e obtenho a seguinte tripulação:

Procure por “preppers” na internet e verao que nao sao as pessoas mais equilibradas. Mas essa carta fornece uma acao de engenharia, não tem muita massa e te poupa de alguns incômodos.
Uma vez recrutada e posteriormente lançada para o seu bernal (que também exige uma ação), toda rodada terei uma operação adicional de engenharia, mas por enquanto não poderei recrutar mais colonos. Enquanto isso, já planejo a minha primeira missão, pois apesar da primeira reunião da diretoria que ocorrerá não exigir resultados, a seguinte terá um requisito de 10 VP. Logo, quanto mais rapido partir com um foguete para “demonstrar serviço”, melhor.
Por enquanto, a meta será realizar missões fáceis, sem se preocupar com industrialização de sites. Nesse caso, enviarei um foguete tripulado para certos sites e depois retornarei para a Terra, o que me recompensará com glória. Essas missões de glória concedem 3 VP cada e decido planejar uma viagem de ida e volta para Marte e também para um site científico. Para fazer isso, precisarei de um propulsor mais econômico que o da minha carta da Space X, pois apesar de ser muito potente, ele consome combustível demais.
Olhando o topo do baralho dos propulsores, resolvi realizar uma operação de ciência e PESQUISAR a carta do topo, pagando o custo. Os propulsores deste baralho sao mais eficientes, mas geralmente requerem material de suporte (geradores, reatores e/ou radiadores) para funcionar. Cada um dos três tipos de suporte tem um baralho próprio. Consegui então pesquisar uma configuração interessante:

Este será o meu primeiro foguete, tripulado pela carta da Space X, que está a direita de um propulsor de massa desprezível (por isso tem valor zero), mas requer um reator para funcionar, posicionado abaixo, possuindo 1 ponto de massa, totalizando um foguete de massa 2 (muito leve),. Agora compare os valores do novo propulsor em relação ao propulsor da Space X, observando os números dentro de cada triângulo. O primeiro valor refere-se a propulsão básica, então o propulsor Space X consegue se deslocar muito mais rápido do que o novo propulsor (10 contra 5). O segundo numero refere-se ao consumo de combustível, por isso em contrapartida o novo propulsor consome muito menos que o Space X (2 contra 8).
Um dado final sobre os suportes: além de serem necessários, eles podem modificar a propulsão de um foguete. Neste caso, o reator adiciona 1 no deslocamento do novo propulsor, além de ter o símbolo de um sol dentro de seu triângulo. O que isso significa? Que ele usa energia solar e esta influenciará positivamente ou negativamente na propulsão, na medida em que o foguete estiver mais próximo ou mais afastado do Sol no tabuleiro (Helio Zones).

As zonas solares mais afastadas dificultam ou até inviabilizam o uso de equipamentos que necessitam deste tipo de energia.
Agora, estas três cartas precisam ser LANÇADAS da Terra, pois por enquanto elas sao apenas projetos. Excetuando as cartas de facção, todas as cartas do jogo podem ter em cada um de seus lados uma das seguintes cores: branca (só pode ser lançada da Terra para ser produzida), preta (só pode ser fabricada em uma indústria extraterrestre) e roxa (para ser virada deste lado, precisa ser PROMOVIDA, e isso apenas ocorre em certas condições). O meu próximo passo então será lançar o foguete da Terra (e isto requer uma operação de engenharia), podendo este iniciar sua viagem a partir da posição inicial da minha estação espacial ou da órbita baixa da Terra (LEO). Decido então colocar o foguete ao lado do meu bernal, este último representado no tabuleiro por um cilindro laranja.

A Terra e suas imediações. Os dois sites próximos do bernal e foguete representam áreas da Lua, que não é utilizada fora do jogo básico
Uma vez lançado, carrego o meu foguete com o combustível/propelente necessário para a viagem e inicio sua trajetória em direção a um site científico, a primeira parada em minha busca pela glória, antes de retornar a Terra. Neste caso, escolho um cometa na área do cinturão de asteroides. Cometas sao valiosos, mas sao perigosos de se aproximar e geralmente só podem ser visitados em certas rodadas do jogo, visto seu deslocamento.

Todo site tem informações básicas: seu tamanho (representado por um número, varia de 1 a 11), o seu tipo de composição (uma das 5 letras: S(stony), C(arbonaceous), D(ark), V(estoid) , M(etallic) ) e sua hidratação (0 a 4 gotas de água) . O site pode ter informações extras. Neste caso, o ícone do microscópio indica que é um site científico e a moldura amarela define que o Cometa Borrelly só pode ser adentrado durante as rodadas amarelas (as doze rodadas cíclicas do High Frontier remetem ao período de atividade solar, divididos em azul, amarelo e vermelho)
O tamanho e a hidratação de um site sao cruciais para determinar sua viabilidade para criar uma indústria.Considero a operação de PROSPECTAR um site a mais importante do jogo, mas isto apenas pode ser feito com uma carta que acesse o local e possua uma caixa de texto com a sigla ISRU (in situ resource realization) e com um número associado (0 a 4, quanto menor melhor). As cartas com esta capacidade sao as cartas de facção, a maioria das cartas de colono e... robonautas. Robonautas sao equipamentos robotizados capazes de prospectar sites e caso tenham sucesso, permitem o jogador clama-lo, colocando um disco de sua cor sobre ele. Para isto acontecer, há um pré-requisito e uma chance de sucesso.
Pré-requisito: O ISRU utilizado tem que ser MENOR OU IGUAL a hidratação do site. Ou seja, uma carta de ISRU 4 só consegue acessar água de locais onde esta encontra-se mais abundante. Se o ISRU não for baixo o suficiente, não é possível a prospecção.
Chance de sucesso: Cumprido o requisito, rola-se um dado. Se o valor do dado for MENOR OU IGUAL ao tamanho do site (no caso deste cometa, valor 1), a prospecção teve sucesso. Caso contrário, o site está inviabilizado e não pode ser industrializado naquela partida. Quando eu cheguei ao cometa, tentei fazer uma prospecção (já que a minha carta da tripulação permitia). Porém, precisava rolar “1” no dado e isto não ocorreu. Se estivesse em um site de tamanho 6 ou superior, a chance de sucesso era garantida, desde que respeitasse o pré-requisito da hidratação.
Enquanto a missão progredia, fiz uma operação de pesquisa para obter um novo reator, com o objetivo de lançá-lo para o meu bernal e PROMOVER a estação espacial, que exigia exatamente este tipo de suporte. Para que promove-lo? Primeiro, porque há eventos cruéis no jogo como tempestades solares e explosões que podem destruir seu equipamento e matar colonos, mas um bernal promovido pode impedir estas fatalidades. Segundo , certos bernais conferem benefícios após serem promovidos. Terceiro, bernais promovidos adquirem propulsores e podem ser deslocados de sua órbita inicial. Quarto, um bernal que se desloque até ficar adjacente a uma indústria pode aumentar seu valor maximo de colonos lançados ao espaço, e pretendo realizar exatamente isto futuramente.

Pesquisei um reator de hidrogênio metálico e lancei-o para que fosse acoplado ao bernal.
Com uma operação de ciências, promovi minha estação de pesquisas espaciais em um bernal corporativo.

Note que agora ele possui um propulsor e a caixa de texto laranja avisa: número máximo de colonos igual a metade da hidratação de sites industrializados que estejam adjacentes ao bernal. Por enquanto, não tenho nenhuma indústria feita, muito menos o bernal está adjacente, logo consigo apenas manter aquela carta de colono.
Enquanto a estação espacial recebe um upgrade, realizei operações de REABASTECIMENTO do meu foguete, extraindo água do cometa. Isto porque o foguete precisa de propelente para se mover e a água serve como um fluido ideal para isto. Se o seu foguete ficou sem tanques de água, melhor que pouse em um site e reabasteça, pois não há teleporte de água em High Frontier e um foguete parado pode significar o fracasso de uma missão. Assim como a prospecção, o reabastecimento depende da existência de uma carta que tenha ISRU e que seja MENOR OU IGUAL a hidratação do site. Tendo sucesso, o foguete decolou do cometa em direção a Terra, com apenas uma parada no caminho: Marte.

Marte está representado por três sites no tabuleiro e o foguete optou pela rota mais curta e perigosa, mas com melhor hidratação.
Com ISRU 4, a carta da tripulação Space X do foguete pode clamar o site em que se encontra, pois este tem hidratação 4. Possuindo tamanho 10, o sucesso torna-se automático em 1d6.

Cada site clamado confere 1 ponto de vitoria para o jogador.
O grande problema de Marte consiste em sair do planeta. Possuindo tamanho 10, será necessário uma propulsão de 11 para sair do planeta. Felizmente, o foguete possui um propulsor poderoso além do econômico, que após certos modificadores, consegui alcançar o valor necessário, com grande gasto de propelente.

Uma vez em órbita, o foguete pode voltar a usar o propulsor mais econômico na próxima rodada.
O retorno para a Terra basta para concluir a missão e obter a glória desejada. E o jogo sequer teve sua primeira reunião da diretoria.

Chegando na órbita baixa da Terra, removo a carta de tripulação do foguete para que os corajosos astronautas cheguem à Terra.
Com isto, pude realizar dois feitos de glória de uma vez, cada um recompensando 3 pontos de vitória.

Uma das cartas veio com defeito de impressão, mas nada que um paste-up não resolva.]
Com isso, concluo o primeiro ciclo solar (12 rodadas), com uma reunião da diretoria fixando uma meta de 10 VP no final do próximo ciclo, sendo 7 pontos ja foram obtidos (6 pontos por duas glórias e 1 ponto por clamar um site - Hellas basin buried glaciers)
Na próxima atualizacao, partirei para a primeira industrialização marciana e a producao de tecnologias inovadoras, a migração do bernal para a órbita de Marte e o recrutamento de um colono adicional que será crucial para o planejamento do futuro da Space X.