Considerado por muitos um filhote do ARKHAN HORROR (quando foi criado - talvez hoje essa mística já tenha sido desfeita), TOUCH OF EVIL é também considerado por muitos um daqueles bom jogos pouco valorizados, não se sabe ao certo o motivo, talvez justamente por reunir alguns elementos do ARKHAN HORROR (que eu nunca joguei por isso não posso comparar) e FURY OF DRÁCULA, porém de uma maneira bem mais simplista.
COMPONENTES
A criadora do jogo, a FLYING FROG já é bastante conhecida do mercado mundial pelo seu sucesso LAST NIGHT ON THE EARTH e tudo no TOUCH OF EVIL segue o mesmissimo padrão: Tokens, Cartas, Miniaturas, apenas o tabuleiro que deixou muito a desejar, mas que de certa forma contribui para o clima de terror que o jogo quer demonstrar.
OS MOCINHOS: São até 8 jogadores, com peças bem detalhadas.
IDENTIDADE: Cada jogador possui uma ficha com todas as habilidades e atributos.
RUINZINHO: O tabuleiro é BEM PEQUENO (o que é bom), mas a arte poderia ser muito melhor. Vacilo.
O LIVRO DO TERROR: O manual é muito bacana, ricamente ilustrado e com fotos dos atores reais, contendo todas as informações do jogo sem vacilos.
As cartas possuem muito texto e fotos dos atores reais - o que contribui bastante para uma imersão.
O JOGO
TOUCH OF EVIL é um jogo cooperativo (mas que pode ser também competitivo) onde um grupo de Heróis se movimenta por uma cidade colhendo pistas (tokens de investigação) que ajudarão a encontrar o VILÃO, uma criatura dos filmes de terror antigos (que pode ser o CAVALEIRO SEM CABEÇA, o LOBISOMEN, o DRÁCULA ou o ESPANTALHO), vilão este que deve ser definido no começo do jogo.
O objetivo é simples: Encontrá-lo e matá-lo.
ELES SÃO O TERROR: São 4 vilões, mas apenas um deles será enfrentado. São inimigos formidáveis.
Tanto o movimento quanto os combates (e alguns eventos) se dão por meio de rolagem de dados.
Cada Herói tem 3 habilidades que podem variar em quantidade para cada Herói: CUNNING, SPIRIT e HONOR. Eventualmente durante o jogo será preciso usar algumas destas habilidades para passar em testes ou até mesmo combater alguns inimigos, o que obriga o jogador a manter todas equilibradas durante a partida.
HABILIDADES: Cunning, Spirit e Combat variam bastante para cada Herói. Muitos inimigos exploram as fraquezas nestas habilidades.
O tabuleiro é dividido em áreas (locais) por onde os Heróis se movem. A maioria dos locais tem um nome impresso e indicam o tipo de bônus que se obtem ao se parar ali, como locais de compra de armas, treinamento de habilidades, hospitais para curar ferimentos, etc.
O CENTRO: É aqui onde tudo (de bom) acontece. Hospitais, treinamento, compras.
As "pistas" que o jogador deve procurar na verdade se tratam de TOKENS DE INVESTIGAÇÃO, uma espécie de "moeda" usada no jogo para fazer tudo (comprar armas, curar-se, melhorar habilidades, etc).
Para coletá-los os jogadores caminham pelos locais da cidade e compram cartas que podem oferecer estes tokens. Outra forma é passando por testes de habilidade ou combatendo inimigos.
PROCURANDO "PISTAS": Tokens de investigação aparecem após combates ou testes de habilidades.
Cada vilão tem sua própria FICHA DE COMBATE e também uma FICHA DE EVENTOS, onde estão descritos seus poderes e os Servos que eles podem acionar durante o jogo (algumas cartas pedem para rolar um dado e consultar esta ficha para saber o tipo de evento/servo acionado no tabuleiro).
FICHA DE EVENTOS: Elas descrevem o comportamento tanto dos SERVOS quanto do VILÃO quando estes aparecem no jogo.
ELEMENTOS SURPRESA
O jogo tem diversos decks. Um deck de EVENTOS dos Heróis, um deck de Eventos do Vilão (deck de MISTÉRIO), decks de Localização e um deck que faz referência aos CIDADÃOS INFLUENTES (esse é interessante).
Toda rodada os Heróis compram cartas de Evento suas (que lhes dão algum bônus para enfrentar os perigos que surgem durante o jogo), Cartas de Mistério (um evento do VILÃO que lança alguma sacanagem nos Heróis tornado mais complicado para eles sair perambulando pela cidade ou então avançando a régua de escuridão tornando-o mais poderoso) além de Cartas de Locais Especiais.
DECKS DO BEM: Você pode ir as compras e adquirir itens poderosos ou ficar apenas nas cartas de Evento.
Existem 4 decks de Locais Especiais. Eles fazem referência a regiões mais afastadas do centro, como o velho Moinho, a velha Mansão, etc e obrigam o jogador a caminhar até o local para comprá-las e apenas uma delas pode ser mantida. São cartas muito mais poderosas que as Cartas de Evento (o que justifica plenamente ir atrás delas), porém antes de conseguir uma carta boa um Herói pode comprar cartas ruins que façam surgir SERVOS DO VILÃO no local sendo obrigado a enfrentá-los. Como se isso não bastasse, algumas dessas cartas podem até mesmo fazer com que O PRÓPRIO VILÃO apareça no local para um combate rápido. Se o jogador estiver fraco não é muito difícil morrer nestes combates ou sair muito ferido, o que o obriga a voltar para o centro da cidade se curar, perdendo tempo (uma vitória sempre representa ganho de tokens de Investigação).
PERIGO À ESPREITA: As cartas de Localização Especial se referem a lugares afastados do centro e tanto podem trazer coisas boas como coisas (muito) ruins.
COMBATES IMINENTES: Perigos podem surgir tanto da ficha do Vilão quanto na compra de cartas, é melhor estar preparado.
Durante toda a partida usa-se uma régua que controla o avanço da escuridão no cenário. Não se trata de uma régua de rodadas uma vez que o marcador tanto pode avançar quanto recuar durante o jogo, mas ela é também usada para esta finalidade uma vez que, ao chegar ao ponto mais escuro o jogo termina e o vilão vence.
CUIDADO COM O LADO NEGRO: Quanto mais escuro, mais difícil fica vencer o VILÃO.
OS CIDADÃOS INFLUENTES
TOUCH OF EVIL oferece uma coisa muito interessante que são os CIDADÃOS INFLUENTES (Town Elders). Existem 6 deles: A Parteira, o Magistrado, o Reverendo, o Chefe de Polícia, a Esposa Nobre e o Marido Nobre. Eles são considerados os cidadãos mais influentes do local e por isso ficam disponíveis (em forma de cartas e tokens) para uso pelos jogadores durante a partida. Porém debaixo de cada carta destes cidadãos existe um carta de SEGREDO, que tanto pode revelar que ele é "do bem" como pode revelar que ele é "do mal".
CIDADÃOS DO BEM: Do seu lado, eles contribuem imensamente para ajudá-lo.
CIDADÃOS DO MAL: Do lado do vilão, eles atrapalham um bocado.
Cada um destes cidadãos tem muitos pontos de CUNNING, SPIRIT e HONOR (além de um bônus extra bastante útil em combates) que podem ser somados às habilidades de cada jogador, facilitando muito o enfrentamento de inimigos e principalmente contra o Vilão. Porém para poder usá-los será preciso descobrir seus SEGREDOS, ou seja, pagar "tokens de investigação" para consultar essa carta.
MUITO SEGREDOS A DESVENDAR: Á esquerda, LAIR CARDs revelam possíveis locais onde encontrar o vilão. À direita, as cartas de SEGREDOS dos CIDADÃOS. Cuidado ao revelá-las...
Se a carta revelar que o cidadão é do bem, ele imediatamente se torna disponível para ser usado pelo jogador que o revelou. Se ele for do mal, ele imediatamente se une AO VILÃO e aumentará (um pouco) seu poder durante um combate.
Revelar a faceta destes cidadãos durante o jogo não é essencial porém é importante pois algumas cartas de Mistério do vilão poderão matar os cidadãos não revelados ou fazê-los aliar-se ao inimigo, avançando mais rapidamente a Régua de Escuridão.
ESTA CIDADE É PEQUENA DEMAIS PARA NÓS DOIS
Quando os Heróis sentirem que estão preparados para o combate (bem fortes e bem armados), é chegada a hora de peitar o 'coisa ruim'.
A localização do VILÃO só é revelada quando os jogadores conseguem reunir tokens de investigação suficientes para comprar uma carta de um "deck de localização" (que não é barata), um baralho diferenciado que permite ao jogador "pagar" tantos pontos de investigação para encontrar o vilão num local informado pela carta. De posse desta carta basta que um ou mais jogadores estejam no local indicado para começar o combate final, chamado de SHOWDOWN.
CUIDADO COM O LOBO MAL: O LOBISOMEN é o único inimigo capaz de transformar um Herói. Cuidado com ele...
Uma vez iniciado um SHOWDOWN, o pau come feio com rolagem de dados dos dois lados até que alguém desista do combate ou alguém saia morto. Se for o vilão, é vitória para os Heróis. Se o vilão vencer e não houver mais Heróis no local, ele ESCAPA e pode se curar a cada rodada até que outro Heróis o enfrente.
INFLUÊNCIA DO MAL: As cartas de evento do vilão (Cartas de Mistério) estão sempre dificultando as coisas para os Heróis.
A força do vilão muda consideravelmente caso o jogo seja COOPERATIVO ou COMPETITIVO. No modo COOPERATIVO ele se torna EXTREMAMENTE FORTE (seus pontos de vida multiplicam por 5 para cada Herói no tabuleiro),
tornando muito difícil que apenas um Herói consiga a façanha de mandá-lo para inferno, forçando a um trabalho de equipe.
Cada um dos VILÕES tem um poder especial que tanto pode afetar seu combate num SHOWDOWN quanto a maneira como seus SERVOS atacam durante o jogo, ou seja, alguns VILÕES são mais fáceis de matar do que outros, porém como seus Servos darão mais trabalho isso aumenta o tempo de jogo fazendo com que ele seja enfrentado apenas quando a Régua da Escuridão estiver bem avançada e portanto ele esteja mais poderoso.
É HORA DO PAU: Vilão localizado, é hora de descer o sarrafo!
CONCLUSÃO
Quem ouve falar de TOUCH OF EVIL meio de rabo de orelha e esse seu clima de "terror investigativo" pensa realmente se tratar de um jogo de investigação. Mas não é bem assim. Basicamente TOUCH OF EVIL é um jogo de combate. Apesar dos tokens de investigação darem a ideia de que se tratam de "pistas", o jogo não tem nenhuma mecânica investigativa ou táticas de dedução (encontrados em jogos como FURY OF DRÁCULA por exemplo) e o único trabalho que o jogador terá para conseguir estas "pistas" será rolando dados ao vencer combates ou passar em testes de habilidade (que também envolvem rolagens).
Mas seria uma injustiça olhar apenas por este lado. É preciso destacar que esta mecânica de obtenção de tokens de investigação meio que "simula" esse clima investigativo e os possíveis resultados obtidos nas cartas adquiridas trazem aquela sensação de "horror gótico" dos filmes de terror antigo.
Para obter boas cartas temos que nos afastar do centro da cidade, indo a lugares sombrios e permanecermos no local até conseguirmos comprar uma carta que nos traga benefícios. Nessa tentativa podemos inadvertidamente comprar cartas de Servos e ter que enfrentá-los ou provocar o aparecimento do vilão para um rápido combate. Vencer servos ou causar danos no Vilão nestes embates relâmpagos nos dá como recompensa mais pistas (tokens), ou seja, de certa forma, estamos "extraindo informação" daquela situação.
A ideia dos cidadãos influentes (Town Elders) é uma contribuição para que o jogo não se torne apenas um mero combate. Eles podem ser extremamente úteis e influenciam no jogo tanto para o bem quanto para o mal. Suas cartas de "segredos" podem revelar diferentes personalidades. Se forem do bem, eles podem se mostrar corajosos e ajudar a enfrentar os perigos como também podem ser covardes e fugir do meio de uma batalha e até mesmo se sacrificar em combate para dar ao jogador bônus especiais para seguir no jogo - sem dúvida uma ótima pitada tática.
Os vilões também são bastante variados e seus poderes diferenciados contribuem muito para a imersão no jogo tanto nas aparições triviais quanto durante um SHOWDOWN. Dependendo do vilão enfrentado pode ser necessário obter armas especiais para tornar mais fácil (entenda-se "menos difícil") combatê-lo. Assim como os vilões, seus SERVOS também são diferentes e atacam de forma diferenciada.
Apesar de oferecer dois modos de jogo (cooperativo e competitivo), ele é muito mais divertido e desafiador no modo cooperativo. O modo competitivo se resume basicamente a quem mata o vilão primeiro, permitindo a cada Herói usar algumas de suas cartas para dificultar o combate de algum oponente que esteja num SHOWDOWN. O que ocorre nestas situações é que normalmente um Herói não consegue matar um vilão em sua primeira tentativa e é obrigado a escapar. Neste meio tempo um outro jogador bem equipado pode continuar o combate porém vai pegar um vilão já debilitado, tornando a vitória mais fácil.
Com elementos fáceis de serem assimilados e basicamente todo jogado em cima dos textos das cartas, TOUCH OF EVIL consegue trazer para o tabuleiro uma clima de terror bem estiloso e uma agradável sensação de estarmos num daqueles velhos filmes de terror do início do século. Longe da imersão de jogos como ARKHAN HORROR ou FURY OF DRÁCULA, TOUCH OF EVIL é destinado apenas para jogadores casuais que queiram eventualmente sentir um "gostinho" de embarcar nesse filão, sem regras complexas.
O BEM:
- Manual, miniaturas e peças seguem o mesmo estilo do LAST NIGHT ON EARTH;
- Regras de fácil assimilação e todo jogado em cima das cartas, recomendável para jogadores casuais;
- Cartas e Fichas usam fotos dos atores reais contribuindo para a imersão;
- Tabuleiro pequeno, ocupando pouco espaço;
- Modo COOPERATIVO ou COMPETITIVO;
- Vilões e Servos bem diferenciados se traduzem em boa rejogabilidade;
O MAL:
- Tabuleiro tem uma arte que, pra mim, poderia ser melhor;
- Poucos tokens de dano para usar no vilão no modo cooperativo, é preciso substituí-los por outros;
- Ausência de miniaturas para representar os Vilões;
