Post original publicado em 13 de fevereiro de 2013
O Redomanet conversou com Philippe Keyaerts, belga, designer de jogos e professor de matemática em Bruxelas.
Alguns jogos com a criação e participação no desenvolvimento de Philippe Keyaerts:
Small World e expansões, Evo, Olympos e expansões, Space Blast e Vinci.
Redomanet: Philippe, onde você mora atualmente?
Philippe Keyaerts: Bruxelles, Bélgica, com minha esposa e meu filho.
R: Quando e como conheceu os jogos de tabuleiros clássicos e modernos?
PK: Joguei muito com meus seis irmãos e irmãs e alguns jogos de cartas com minha avó. Então eu joguei xadrez por um tempo e voltei para os jogos de tabuleiro no meio dos anos 90.
R: Você prefere tema ou mecânica?
PK: Não há jogo sem bons mecanismos. Mas um tema relacionado e sem bloqueio é uma ótima adição.
R: Você gosta de jogos cooperativos? Por quê?
PK: Eu prefiro jogos competitivos, mas há alguns bons cooperativos no mercado. Eu não acho que a distinção é tão importante: o que vem primeiro é o prazer de uma experiência social, de modo que o tipo de interação é secundário.

Space Blast
R: Em média, quanto tempo você leva para desenvolver um jogo? Quais são suas etapas de criação?
PK: Eu diria que de três a seis meses, mas muitas vezes ao longo de vários anos. Fase um: eu faço um monte de anotações – tema, mecanismos, qualquer coisa – até emergir algum padrão. Então eu inicio a fase dois: primeiro protótipo (principalmente um virtual no meu computador) e um monte de testes solo. Quando o jogo parecer que tomou forma, é hora de passar para a terceira fase: teste real com jogadores reais e refinamento do projeto de acordo com os testes.
R: Você é professor de Matemática e completou seu mestrado em Matemática. Até que ponto sua profissão ajuda na criação de um jogo?
PK: Eu raramente uso qualquer teoria matemática, mas a essência da matemática é jogar e manipular conceitos abstratos, exatamente o que você quer fazer ao máximo enquanto desenvolve um jogo.
R: Small World é um de meus jogos preferidos. Como surgiu a ideia para criar este jogo fantástico?
PK: A ideia básica era colocar em um jogo a vida normal de uma cultura ou de um império: o crescimento, mas também a queda. Pensei em mecânicas diferentes até que eu vi uma imagem de uma gota de petróleo: no chão, ela se espalhou, mas se tornou cada vez mais magra. Ela se traduz em: um grupo de peões, quanto mais você espalhá-los, mais você recebe Pontos de Vitória, mas o preço é sua defesa. Certifique-se de que um jogador pode perder o peão e não possuir nenhum outro, e pronto. Os diferentes poderes vieram depois, de uma forma natural.
R: Qual o futuro da série de jogos Small World? Teremos mais expansões?
PK: Eu não sei exatamente. Eu gostaria de explorar mais o universo Small World. Eu tenho alguns projetos compartilhados de jogos diferentes, não com o mesmo fundo, mas sempre com o mesmo espírito.
R: Você acompanha a criação da arte dos jogos? Quem toma a decisão sobre imagens, miniaturas e arte do tabuleiro?
PK: É o trabalho do editor. É claro que eu vejo a arte com antecedência e faço algumas observações, mas principalmente se eu acho que um pouco da arte irá prejudicar a jogabilidade.
R: Você participa do desenvolvimento online de suas criações?
PK: Não muito. Eu desenhei algumas novas raças e poderes para a próxima versão tablet.
R: Quais são seus próximos projetos?
PK: Como minha veia de designer, eu tenho um monte de jogos em vários estágios de desenvolvimento. Mas é impossível dizer de antemão qual deles irá chegar ao mercado.
R: Cite alguns de seus jogos preferidos.
PK: Pergunta difícil! Eu gosto muito de Acquire, o antepassado dos jogos modernos. Joguei muito Settlers. Eu ainda jogo um pouco a linha de jogos da Alea: Puerto Rico, Prince of Florence… Joguei Magic em seus primeiros dias. Tenho muitas lembranças do Full Metal Planet. Mais recentemente, Eclipse e T’zolkin estão entre os meus favoritos.
R: Você possui um grupo de jogo? Qual a frequência de suas jogatinas?
PK: Eu jogo uma vez por semana, sem contar as noites de teste de jogos e um monte de convenções.
R: Como é a cena de jogos de tabuleiro na Bélgica?
PK: Está se espalhando muito: há alguma imprensa sobre ele, novas lojas, café jogos… Não é mais um sentimento “só para crianças”.
R: Como você analisa o mercado atual de Jogos de Tabuleiro e Jogos de Cartas no cenário mundial? Há muitas diferenças comerciais entre o mercado norte-americano e o mercado europeu?
PK: Eu realmente acho que “adultos podem jogar também” é a nova marca mundial da cena de jogos de tabuleiro.
R: Philippe, por favor, deixe um recado para os fãs brasileiros.
PK: Do ponto de vista belga, o Brasil é do outro lado do mundo. Quando eu começo a projetar um jogo, eu estou sozinho em meu escritório, depois chegam alguns amigos, então o jogo é publicado e começa a se espalhar. E ter fã, principalmente no Brasil, bem, eu tenho orgulho disso. O que eu realmente gosto nesse trabalho é que os jogadores são pessoas amigáveis, podemos dividir as coisas, não importa a língua ou a cultura.