Jogos bons são amados por muitos, mas jogos geniais são para poucos! É o caso deste jogo aqui.
Os 5 personagens do livro são retratados muito bem no jogo por meio de suas habilidades particulares.
Se você conhece o básico da história de O Hobbit (se ao menos assistiu à trilogia), sabe que Thorin tem uma moral dúbia, ele torna-se ganancioso por um momento, transitando entre o Bem ao Mal, prejudicando seus amigos... Não é só porque ele está no time do Bem que ele é bom. Também é assim neste jogo quando Thorin ganha a vaza! (vaza: o monte de cartas formado pelos descartes dos jogadores) Por isso, o jogador que controla Thorin não pode ser ganancioso, ele deve descer suas cartas para NÃO GANHAR A VAZA, e seus amigos do Bem também não podem permitir que ele ganhe (assim como quando se cuida de alguém que possui alguma fraqueza, por exemplo, um alcoólatra), mas, ainda assim, Thorin pode ajudar seus amigos, conforme perceba qual dos personagens poderá ganhar a vaza. Se for um personagem do Mal que poderá ganhar a vaza, quem controla Thorin deve descer cartas inofensivas, que o Mal não poderá utilizar contra o Bem. Se é um personagem do Bem que tem mais chances de ganhar a vaza, então Thorin deve descer cartas que sirvam ao Bem. Tudo isso é genial! (Já vi pessoas que debocham do jogo justamente por causa dessa regra, ignorando a história que dá nome ao jogo. É como reclamar que os jogadores de futebol não podem pegar a bola com a mão, e ainda se achar entendido em futebol.)
Além disso, este jogo não é como os que muitos estão acostumados em que se deve jogar as cartas mais altas para ganhar... Em O Hobbit não se trata de algo tão simplório assim, mas sim do Bem SOBREVIVER ATÉ O FINAL da partida! Por exemplo, se a jogada se encaminha para que Smaug ganhe a vaza, o que o time do Bem deve fazer é descer cartas que não possam ser utilizadas contra o Bem. Ou seja, desce-se cartas pensando no que o possível vencedor da vaza poderá fazer com elas. (Talvez o "defeito" deste jogo para muita gente seja esse: os jogadores precisam pensar, hehehe, as pessoas não costumam levar a sério um jogo de cartas barato.)
Vale destacar ainda que, em consequência da fraqueza de Thorin, se durante a partida há um personagem que acaso precise se sacrificar na luta contra o Mal, o mais recomendado é que seja ele, assim como acontece na história de O Hobbit! Ou seja, mesmo fora da partida, o jogador que controlava Thorin ainda pode continuar torcendo pelo Bem, afinal, o sacrifício proposital de sua vida poderá ser bastante significativo para a vitória do Bem! Jogar bem este jogo é equivalente à ler um conto de grandes virtudes!
O personagem Thorin é tão especial neste jogo que, segundo as regras, ele deve permanecer presente em partidas de qualquer número de jogadores. Isto é, se algum personagem deve ser retirado antes de começar a partida por se jogar em 3 ou 2 jogadores, este personagem é Gandalf!
Vale comentar um pouco também sobre a habilidade do Bilbo, especialmente quando ele ganha uma vaza de cartas que contêm somente Elmos Negros dos Orcs (que causa dano no personagem do Bem que recebe a carta), pois neste caso, ele deve dar uma carta desta para si mesmo, lembrando-nos que, na história de O Hobbit, Bilbo muitas vezes se coloca em grande perigo por seus amigos!
Na história, o Mal não é tão fácil de ser vencido, por isso, 2/3 das cartas do jogo são mais úteis ao Mal, que ainda pode escolher melhor as cartas antes de começar cada rodada, entretanto, o jogo balanceia assimetricamente isto com maior número de jogadores para o Bem!
Vale destacar outra grande sacada: o baralho é dividido em 5 cores. Algumas cores (como a vermelha) apresentam maior serventia para o Mal do que outras cores. Sabendo disto (e conhecendo o baralho), você sabe de antemão qual vaza (cor) o time do Bem deve ganhar de qualquer maneira, para que o Mal não utilize as cartas daquela cor que ainda nem foram jogadas!
É um jogo simples e genial e, consequentemente, para poucos.