Quando os magos de Ardoussarlis mergulharam em outro mundo feito de trevas, encontraram os tubarões do vazio esperando, flutuando no ar. Então eles arrancaram essas criaturas de suas casas como se fossem flores venenosas e transformaram-nas em cães – cães ferozes para proteger seus santuários e caçar seus inimigos. Eles eram adequados para assassinatos e execuções, embora a carne humana não significasse nada para eles. Pois é a alma que eles devoram. E que fantasma foi criado a partir de uma alma devorada? Nenhum que já tenha assombrado um bruxo, por mais cruel que fosse.

Em seu ambiente natural, o tubarão vazio não tem rosto no órgão cordado em forma de meia-lua acima dos ombros, mas apenas uma boca em seu abdômen. Este rosto só aparece depois de devorar uma alma, lembrando a do recentemente devorado, mas com olhos vermelhos e presas pontiagudas. Este rosto permite ver, cheirar e saborear este mundo. Esse rosto permite caçar melhor.

Agora que não há mais magos para comandá-los, os tubarões do vazio ainda caçam à noite, mas passam os dias descansando na cidade. Na época de Ardoussarlian, seus invocadores os deixavam soltos sem medo, pois mesmo que seus corpos não fossem afetados pela gravidade, o ar ainda era venenoso para eles. Apenas alguns dias os destruiriam. Mas não mais. Os portões entre os mundos deixaram entrar o suficiente deste mar de escuridão através do qual os tubarões do vazio nadam e construíram uma tolerância. Os órgãos dentro dos seus corpos ainda são vulneráveis – e ainda mais quando expostos – mas agora a sua pele os protege.