Alguns dizem que a Boca do Inferno é uma passagem, uma entrada para um reino de sofrimento e perdição, um lugar onde os perversos e os corruptos recebem o que merecem. O que as pessoas chamam de Boca do Inferno é certamente uma entrada. Mas ela não leva para um plano sobrenatural de punição. Em vez disso, é a abertura que leva até uma máquina interdimensional, cujo propósito era espiar pelas frestas entre os universos, permitindo livre passagem entre elas. A máquina, uma nave, na verdade, cria um espaço ultradimensional de proporções absurdas, flutuando sobre a realidade como uma bolha de sabão. A entrada está ancorada no mesmo lugar, e nunca é movida. O mundo fora dela existe muito além da capacidade mortal de percepção. Talvez os criadores explorassem o multiverso atrás de vida e tecnologia, qualquer coisa para entender seu lugar no cosmos. Aparentemente, eles encontraram alguma coisa, algo terrível, algo tão perigoso que—no fim—eles foram forçados a desistir da máquina e selar a entrada pelo lado de fora. A entrada, depois de fechada, permanece assim por eras. Mas o tempo pode ser cruel, e as energias que sustentam as amarras começam a ficar frágeis e se desamarrar. O que antes era uma luz fraca, agora se tornou uma rachadura luminosa na realidade. Pessoas que se depararam com a entrada às vezes afirmam
ter escutado gemidos e choros, assim como outros sons mais aterrorizantes. O povo local começou a acreditar que a rachadura levava a um lugar terrível: O inferno. Afinal de contas, o que mais poderia ser? Com o medo aumentando no povo, os líderes decidiram que seus criminosos, assassinos e outros vilões seriam jogados na Boca, algo digno para seus crimes, e eles desapareciam na luz, nunca mais vistos. Quando líderes menos seletivos chegaram ao poder, a Boca tornou-se uma forma de se livrar de rivais políticos, inimigos, e qualquer um que entrasse em seu caminho. O inferno começou a lotar com os indesejados e os insanos, os malignos e rebeldes, e virou um lugar que ninguém em sã consciência iria entrar.