Escrito por: Rodrigo Neves.

Introdução:
Mare Nostrum é um jogo competitivo de construção de impérios, onde os jogadores levam suas civilizações milenares para o domínio do Mediterrâneo. Você aumenta a glória de seu império expandindo o controle sobre novas províncias, ampliando suas caravanas de comércio, construindo mercados e fundando novas cidades e templos. Além disto, pode recrutar heróis e criar maravilhas para ajudar a sua civilização.
Mecânicas:
- Colecionar Componentes,
- Controle/Influência de Área,
- Jogadores com Diferentes Habilidades,
- Rolagem de Dados.
Síntese do Jogo:
Esta edição inclui novos componentes e várias novas maneiras de ganhar. O jogo retail possui um tabuleiro muito bonito, tiles de heróis e maravilhas, muitos tokens de recursos e muitos tokens de estruturas. A caixa é bem-feita, a arte de muito bom gosto remetendo fielmente à proposta da época e o insert possui divisões inteligentes, com espaços certos para todos os componentes. Tudo com qualidade excelente em termos de produção e materiais.
O grande diferencial desta nova versão, foram os add-ons vendidos durante a campanha de financiamento coletivo pelo Kickstarter: o mapa gigante de 1,40m emborrachado, o conjunto de fichas plásticas de luxo para representar os recursos e as miniaturas para caravanas, mercados e prédios do jogo, que elevam a experiência visual e táctil do jogo a um outro nível!
O jogo é dividido em sucessivas rodadas de cinco fases cada: captação de recursos, trocas, construção, movimentos/batalhas, e por fim, a reavaliação das lideranças. Muito bacana neste jogo é que não existe aquela etapa final tradicional de limpeza da mesa e reorganização do tabuleiro... acabou uma rodada, e pronto... já inicia a próxima.
Na fase de captação de recursos, os jogadores recebem uma moeda por cada cidade ou capital sob seu controle, porém as cidades com um templo captam dobrado. Eles também recebem um recurso para cada caravana em seus domínios, dobrando sua produção caso existam mercados a disposição na província. Ao todo existem 13 tipos de recursos diferentes no jogo: metal, lã, oliva, grãos, papiro, frutas, ... entre diversos outros. Porém, cada província produz certos tipos de recursos o jogo todo, obrigando aos jogadores a conseguir mais variedades por trocas ou expansão territorial. Esta fase é jogada de forma simultânea.
Tokens de recursos da versão comum.
Fichas plásticas de recursos, add-on do financiamento coletivo.
Na fase de troca, o jogador que possui mais caravanas e mercados em jogo é considerado o Líder Comercial. Ele decide a quantidade de recursos que os jogadores devem disponibilizar para o comércio, naquela rodada. Todos colocam seus recursos abertos na frente de seus escudos. No início das trocas, o Líder escolhe um recurso qualquer aberto de qualquer outro jogador. Em seguida este escolhe um para ele também e assim por diante, até que todos de esgotem. Existem regrinhas adicionais para evitar trocas muito repetidas ou que alguém saia perdendo no final.
Na fase de construções, o jogador com mais cidades e templos é considerado o Líder Cultural, e deverá decidir a ordem em que os jogadores construirão suas estruturas e unidades. Considerando que podem ser construídos barcos, legiões e fortalezas nesta fase, estar entre os últimos a construir, é fundamental para reagir a uma potencial ameaça ou para montar uma emboscada com menos chances de defesa. Neste momento, os jogadores também constroem cidades, templos, caravanas, mercados e recrutam heróis.

Um ponto bem interessante deste jogo é que os custos podem ser pagos com moedas apenas, ou um conjunto de recursos diferentes. Um templo que custa 6 por exemplo, pode ser pago com 6 moedas ou 6 recursos diferentes. Não pode ser feita nenhuma combinação deles. Considerando os recursos produzidos, que não forem usados, terão de ser descartados ao fim da rodada (com exceção de 2 moedas), temos um problema interessante aqui... o que vale é o potencial de produção do jogador, e não total já produzido até o momento. Sem contar que aquele jogador avarento é forçado a investir a cada rodada, obrigando o jogo a fluir e abrindo as estratégias desde o início.
Na fase de movimento e batalhas, o jogador com mais unidades na mesa é considerado o Líder Militar e deverá decidir a ordem em que os jogadores farão suas manobras e iniciarão combate. Considerando que muitos heróis e maravilhas dão poder de batalha apenas durante o ataque ou defesa, a ordem de jogada é uma decisão crucial neste momento.
Alguns heróis e maravilhas inclusos no jogo.
Os movimentos iniciais são obrigatoriamente dos navios, que podem entrar em regiões onde já existem barcos dos adversários de forma pacífica. As batalhas marítimas só ocorrem quando o jogador ativo declara guerra. Manter os barcos intactos é importante pois eles ligam regiões costeiras e servem como pontes para legiões cruzarem o mediterrâneo.
Em seguida, o jogador ativo move suas legiões por terra para províncias adjacentes. Aqui, quando um jogador move suas tropas para regiões que possuem unidades adversárias como exército ou fortaleza, a guerra é declarada automaticamente. Uma guerra pode durar várias rodadas, pois o jogador ativo tem direito a um ataque por rodada apenas. Guerras vencidas pelo invasor geram uma recompensa que pode ser pilhar uma única construção (ela é destruída e o recurso ganho imediatamente), ocupar as construções com suas legiões (que produzirão recursos para ele na rodada de produção seguinte) ou tentar tomar o controle da província (que irá demorar duas rodadas para conseguir produzir recursos ao invasor, mas agora definitivamente).

E por fim os jogares recontam suas unidades e construções para reajustar a tabela de liderança, onde lideres diferentes podem surgir ou cair em cada esfera de influência do jogo. O jogo termina imediatamente quando uma das 4 condições for atingida por algum dos jogadores, que será o vencedor:
- Recrutar os cinco heróis;
- Construir uma pirâmide que custa 12;
- Ocupar ou controlar 4 capitais ou cidades lendárias;
- Obter a liderança simultânea nas 3 esferas de influência.
Avaliação:
Mare Nostrum: Empires é um jogo muito interessante para quem gosta de jogos de civilização, alta interação, forte temática e belíssimo visual na mesa. Um ponto bacana e que vale ser apontado é que este jogo consegue fazer tudo isto, mas sem uma tonelada de regras e partidas homéricas. O manual do jogo base tem 12 páginas, e por sinal já se encontra disponível em português, uma tradução excelente do pessoal do Canal Tábula Quadrada, que merece nossas congratulações e sinceros agradecimentos por esta contribuição.
A versão de loja já é extremamente bonita, e uma mesa deslumbrante e partidas épicas com seu grupo. Mas se puder ter acesso aos itens do financiamento, aproveite. Apesar de serem itens exclusivamente estéticos, contribuem para uma maior imersão e experiência sensorial também.
O jogo traz a todo momento decisões difíceis, mas curiosamente sem muito AP... são muitas opções de construção e várias formas de vencer. É importante estabelecer uma estratégia a curto prazo, mas outra a longo prazo também. E principalmente, estar sempre de olho nas ações dos oponentes para pleitear as lideranças e não deixar que outros jogadores completem uma condição de fim de jogo antes de você.
É muito importante ter alto volume de recursos para poder construir mais itens em cada rodada. Porém, para conseguir construir heróis, mercados e templos, que são mais caros, é necessário se possuir mais recursos diferentes. Considerando que regiões próximas tendem a produzir recursos parecidos, avaliar as opções de trocas e considerar uma expansão mais longa é importante para vencer aqui. A leitura das trocas deve ser feita de forma criterioso pelo Líder comercial. Uma troca de 5 recursos com o jogo avançado, pode simplesmente terminar o jogo, pois configura quase metade do valor de compra da pirâmide.
Em suma, é um jogo muito bom, com sacadas mecânicas muito temáticas e bem arredondadas. Vale a oportunidade de jogar uma partida e conhecer o jogo.