Rattlebones é um jogo para 2 a 4 jogadores, lançado em 2014 por Stephen Glenn, o mesmo criador de Balloon Cup. Suas principais mecânicas são construção de dado (literalmente!), rolar e mover (roll and move) e tabuleiro modular. Trata-se de uma produção exclusiva da Rio Grande Games (editora mais conhecida por lançar jogos europeus no mercado norte-americano).
Tema: Em um parque de diversões, ratos controlam macacos para realizar diversas tarefas e assim encontrar o sr. Rattlebones, anfitrião do Festival Fabuloso dos Dados. Detalhe: em uma tradução literal, “Rattlebones” significa “chocalho de ossos”, mas também podemos traduzir como “chocalho de dados” (“Bones” é o nome de um jogo de dados norte-americano muito popular e semelhante ao Yahtzee, também conhecido no Brasil como “General”, “Bozó”, entre outros nomes).
Componentes: O que imediatamente chama a atenção em Rattlebones são seus 12 dados customizáveis de excelente qualidade (é possível trocar as faces dos dados). Ao contrário do que li e ouvi em algumas resenhas, é muito fácil e rápido trocar as faces dos dados (o jogo vem acompanhado com espátulas que agilizam esse processo). Os demais componentes (tabuleiro, peças modulares e tokens) são aceitáveis, pouco abaixo dos padrões de outras editoras norte-americanas (Fantasy Flight Games e Z-Man Games, por exemplo).
Regras: Vence o jogo quem primeiro encontrar o sr. Rattlebones em uma trilha de pontuação. O turno do jogador é muito simples: ele lança um ou mais dados (caso pague moedas) e anda com seus macacos em volta de um tabuleiro circular (estilo Monopoly). No início da partida, os jogadores começam com três dados comuns. Entretanto, todos os espaços do tabuleiro (exceto o espaço de partida) permitem o jogador substituir uma face do dado utilizado por alguma face de habilidade especial ou de pontuação. Assim, quando o jogador rolar esse dado novamente e conseguir uma dessas faces, ele ativa a habilidade ou a pontuação. As faces de habilidade são: ganhar uma moeda; rolar um dado não rolado; copiar uma face adjacente; andar entre um a nove espaços; roubar tokens dos adversários; e dobrar o resultado de um segundo dado. As faces de pontuação são: ganhar um ou mais pontos; ganhar pontos de acordo com sua posição na trilha de pontuação; ganhar pontos seguindo uma escala progressiva e depois regressiva; ganhar tokens de stock (trocados por pontos após a coleta de todos); ganhar tokens de estrela (trocados por pontos no espaço de partida); e rolar um dado especial para talvez ganhar pontos. Não se pode substituir a face de número 1 (representada no dado pelo sr. Rattlebones). Sempre que um jogador rolar 1, além de andar um espaço, ele deve avançar o sr. Rattlebones na trilha de pontuação. Ou seja, a pontuação exigida para o fim do jogo diminui.
Gameplay: Após Rattlebones, todos os jogos de construção de dado (dice bulding) – Quarriors! e a série Dice Masters, por exemplo – deveriam mudar o nome de sua mecânica, pois somente em Rattlebones você constrói literalmente os seus dados (nesses outros jogos, podemos dizer que você constrói uma combinação de dados não customizáveis). Esta certamente é a melhor experiência do jogo. Entretanto, após algumas partidas ou mesmo algumas rodadas, a inovação logo perde o seu brilho. Não porque não seja divertido construir dados, mas porque o jogo é facilmente “maceteado” (com a habilidade de andar até nove espaços, por exemplo, você rapidamente constrói um dado de pontuação alta). A descoberta do “macete” elimina as principais decisões estratégicas, tornando o jogo muito dependente da sorte.
Considerações: Mesmo sendo eleito como o oitavo jogo mais decepcionante de 2014 pelo Drive Thru Review, eu resolvi arriscar a compra de Rattlebones. Consigo compreender a decepção daqueles que esperavam muito por causa da mecânica inovadora, mas o jogo não decepciona jogadores despretensiosos que buscam uma partida rápida e leve. Das vezes que joguei Rattlebones, sempre joguei mais de uma partida justamente por causa dessas características. Entretanto, não se pode ignorar que temos aqui uma combinação infeliz: mecânica forte, aplicação fraca.
Avaliação final: Regular