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Todos sabemos que quando decidimos abrir um pequeno negócio, os desafios serão muitos e dos mais variados. A grande maioria deles eu já sabia antecipadamente por ter estudado o mercado e feito um plano de negócios e, obviamente, eu estava com o gás todo para enfrentá-los. O que eu não sabia, o que não li em nenhum lugar, não aprendi na faculdade e nunca ninguém me contou era o desafio da solidão. Conviver consigo mesmo por várias horas por dia todos os dias é uma coisa que eu não imaginava que seria tão difícil.
Eu sempre trabalhei no meio de um monte de gente. Tive 2 empregos em empresas de grande porte, setorizadas e com mais de mil funcionários. Em grandes organizações, temos grandes organogramas definidos em hierarquias muito bem divididas e todos os processos são definidos. Exatamente tudo o que eu fazia era monitorado pelo meu chefe, pelos meus colegas, pelas câmeras e pelo setor de TI. E também tudo era documentado. E tudo bem, nunca fui contra isso e acho que tem que ser assim mesmo.
Quando o Beco inaugurou, era só eu. Não tinha nenhum colega. Eu trabalhava das 10:00 as 22:00 de segunda a sábado, e das 14:00 as 20:00 aos domingos. Eu ficava praticamente sozinho 12 horas por dia. O Beco Diagonal é uma loja de 40m², é uma marca nova e localizado em um shopping novo na cidade de Porto Alegre. Pelo fato de tanto o shopping quanto a loja serem novidades na cidade, tínhamos pouco movimento. Lembro que no dia da inauguração tínhamos o Beco e mais 4 lojas. As outras estavam ainda em obras e com isso poucas pessoas passavam por aqui. E o que fazer nessas 12 horas para ocupar o tempo, ou ser produtivo, ou ainda se sentir menos solitário? Confesso que ainda não encontrei essa resposta.
Beco Diagonal ainda em obras.
Eu percebi um paradoxo nessas horas de solidão: quanto mais tempo livre você tem, menos você produz. É impressionante! E no meu caso, no comércio, eu tinha na cabeça que meu trabalho seria só atender, ou seja, eu deveria ficar sentado esperando alguma pessoa entrar para aí então realizar a minha atividade como vendedor. E bem no início tinha dias que não entrava ninguém e eu ficava praticamente sentado o dia inteiro que nem um zumbi, sem produzir nada. E como isso é angustiante, como é difícil de aguentar. Eu acho que só quem passa por isso deve saber.
Desde julho de 2015 tenho um colega, grande Guilherme, parceirão e está na luta diária aí comigo. Ele trabalha como vendedor na parte da tarde/noite, reduzindo minha carga de trabalho para entre 7 e 8 horas por dia. Com a chegada dele, eu pude organizar melhor a minha vida, que deu um salto em qualidade.
Eu trocaria a solidão de um pequeno negócio para trabalhar novamente em grandes empresas? Nunca! Apesar da solidão, todo o resto compensa. Eu amo o que eu faço. Posso fazer as coisas do meu jeito, posso arriscar aqui e ali e ver o que funciona melhor. Tenho liberdade para ler, para acompanhar meus youtubers favoritos, para estudar, para escrever, para escutar música, para pensar fora da caixa, e claro, para jogar (principalmente Truck Simulator, haha). E quando a minha mãe aparece de surpresa para tomar um café, ou quando minha esposa vem depois do trabalho aqui para o Beco ficar comigo, ou então as visitas dos clientes para bater um papo. Tudo isso faz com que eu ganhe o meu dia e fortalece ainda mais a certeza de eu ter tomado a decisão certa.
Então, se você está pensando em empreender, prepare-se para lidar consigo mesmo. Pode ser muito mais difícil do que lidar com os outros. Por outro lado, é a melhor experiência profissional que estou vivendo.