Este é o quarto review do blog.
O post original com imagens pode ser visto no seguinte link: http://www.orientalboardgames.com/2016/11/02/review-4-scratch-house-em-portugues/
Desta vez, vou falar de um jogo daquele que considero o melhor designer do Japão - Kuro, da Manifest Destiny. Só para terem uma idéia, ele costuma criar uns 20 jogos por ano (mas ele diminuiu um pouco o volume recentemente - vejam em http://ash.jp/~md/game.htm), lançando e vendendo nos Game Market do Japão (e também em Essen). Cada jogo dele tem temas que podem ser considerados bem estranhos (exemplos - um jogo onde cada jogador controla um time de arrumadeiras que limpa a casa quarto por quarto ganhando pontos; um jogo onde você é uma banda e tenta "esquentar" os fãs num show; e um jogo onde os jogadores formam pares de dançarinos que participam de um concurso de dança e cada jogador tem que tentar sincronizar as cartas jogadas com seus pares) e comercialmente inviáveis, mas ele cria e lança assim mesmo.
Um jogo dele razoavelmente conhecido é o The Ravens of Thri Sahashri (https://boardgamegeek.com/boardgame/150293/ravens-thri-sahashri), que, assim como a maioria dos jogos do Kuro, é um jogo de cartas com um punhado de regras, e que você tem que jogar umas 3 ou 4 vezes até começar a entender o jogo :-P
Mas voltando ao review em questão, Scratch House! Baseado na Winchester Mystery House, uma casa americana bizarra que não parava de ser aumentada, em Scratch House nossa mansão foi destruída e temos que reconstruí-la. Por sorte, algumas fadas que estavam dando rolê por aí apareceram para nos ajudar, e, mais que isso, elas querem também morar conosco na mansão!
FICHA TÉCNICA
Nome: Scratch House
Designer: Kuro
Artista:NA
Publisher: Manifest Destiny
Ano de publicação: 2015
Número de jogadores: 1/3-4
Tempo de jogo: 50-70 minutos
Preço: NA
Onde comprar: Não é possível encontrar em quase lugar nenhum (a Yellow Submarine de Akihabara, onde comprei minha cópia, tinha algumas cópias, mas elas se esgotaram faz tempo).
UNBOXING
Assim como outros recentes jogos "grandes" da Manifest Destiny, Scratch House vem em uma caixa pequena (todos os jogos em caixa deles mantém o mesmo padrão de tamanho, o que acho ótimo). Como há muitos tiles no jog, é necessário arrumar certinho todos para caber na caixa.
Minha cópia comprada na Yellow Submarine de Akihabara não veio com manual em inglês, tive apenas que imprimir o manual em inglês que peguei no BGG (há manuais em inglês para diversos jogos no site da MD também, mas não para todos).
COMPONENTES
O jogo vem com 4 peões de jogadores, 4 marcadores de vitória (o first player é quem pega o marcador azul que tem uma estrela - difícil de ver), e 4 start tile, que são bedrooms.
Marcadores de construção e de passo (para marcar as andanças das fadas).
71 tile de casa, cada um com nome cores diferentes (há diversos repetidos), além de setas e símbolos.
Cartas de evento (nos jogos de 3-4 só é usado o símbolo de Feng Shui à direita. O texto só é usado nos jogos solo).
Cartas de magia.
Tabuleiro.
Explicação dos símbolos.
SET-UP
O set-up é bem simples. Separa-se as cartas de magia em 4 baralhos e coloca-se cada um nos espaços de cada estação no tabuleiro, revelando o topo. Cada jogador recebe um start tile, os outros tiles são embaralhados e compra-se o suficiente para se encher os espaços de cada estação. Cartas de evento são embaralhadas e colocadas no local especificado, e cada jogador pega 5 marcadores de passo.
FLUXO BÁSICO
O jogo é bem simples no que tange a mecânicas (mas, como geralmente acontece com jogos do Kuro, bastante complexo na aplicação e estratégia), cada round consiste de 5 passos.
1 - Construção
A carta de evento do topo do deck vai para a esquerda (ou direita no meu caso, pois sempre coloco no lugar errado) e é a carta do round. O Feng Shui dela indica os lados para os quais as fadas irão iniciar seu passeio (elas são supersticiosas).
Cada jogador seleciona uma estação, pega a carta de magia e os tiles da estação (cada player pode ficar no máximo com 3 cartas de magia e 3 tiles).
Depois disso, os players passam a construir suas casas. Quartos podem estar em construção (com marcadores) ou finalizados. Há algumas regras de construção que devem ser seguidas.
2 - O tempo passa
Cada jogador remove um número de marcadores de construção baseado na estação. O jogador que escolheu a Primavera remove 3, Verão e Outono, 2, e Inverno, 1.
3 - Passeio
As fadas passeiam pela cada, iniciando no start tile (e devem seguir o Feng Shui na primeira saída do start tile). Em cada quarto pelo qual elas passam (incluindo o start tile), coloca-se um marcador de passo. Os efeitos dos quartos (símbolos) acontecem quando a fada passa por eles.
4 - Cálculo de pontos
Cada jogador ganha 1 VP por onde as fadas andaram (cada marcador de passo). 3 VP adicionais são recebidos se os quartos em questão são das cores da estação escolhida (branco é curinga).
5 - Final do round
Se o jogo não terminou (um jogador alcançou 60 pontos ou o deck de eventos acabou), prepara-se o próximo round.
IMPRESSÕES E CONCLUSÃO
Gostei muito do Scratch House. Joguei 1 vez com 3 jogadores, 1 vez com 4 e algumas partidas solo. O jogo não se parece com nenhum jogo que eu me lembre, e ele tem muitas boas idéias.
Como comentei acima, as regras do jogo são bem simples, mas devido ao número de tiles e interações, o jogo em si é complexo. O jogo é bem divertido mas bastante tenso, pois você fica quebrando a cabeça para montar o melhor engine possível. Devido à complexidade, pode acontecer AP nos jogadores. Por outro lado, ele flui muito bem. Se todos souberem jogar, todo o turno após a escolha da estação pode ser feita em paralelo.
Afora a escolha inicial de estações, não há outra interação entre os jogadores. As cartas podem dar algumas vantagens boas aos jogadores, por isso é importante analisar bem antes de escolher as estações.
Não me parece que exista uma estratégia única do jogo devido à forma como ele funciona (mas obviamente todos vão querer pegar quaisquer bedrooms adicionais que aparecem, pelo bônus de marcadores de passo).
A rejogabilidade do jogo é bem alta, devido ao número de tiles e ao set-up ao longo do jogo.
A arte, como a maior parte dos jogos do Manifest Destiny, é maravilhosa, e evoca muito bem o ambiente.
Mais um jogo muito bom (e diferente) do Kuro e Manifest Destiny. Devo resenhar mais jogos deles no futuro próximo.