
Não sou nenhum butilheiro, muito menos um Rodrigo Neves, tão pouco Sam Slovic, mas vou deixar aqui minha analise de um jogo nota 7,9 no BGG.

Primeiramente gostaria de falar da arte desse jogo, o tabuleiro é sem dúvidas o mais bonito de minha coleção. Com o setup pronto e o jogo em andamento é um colírio para os olhos. É um jogo que você vai sentir vontade de jogar só ao ver o tabuleiro


As moedas desse jogo são de uma qualidade impar, de metal bem pesado e com gravuras vikings.

As pilhagens (ouro, ferro e gado) e valkyrias também são diferentes umas da outras, e não apenas “cubinhos coloridos”

O jogo vem com 71 cartas de guerreiro vikings, no qual dessas 71 cartas, 26 são diferentes, cada uma com uma arte muito bonita, algo meio cartunesco mas sem parecer muito infantil ao mesmo tempo, que acaba agradando os mais jovens e o menos jovens.

Raider of the North Sea (RotNS) é um jogo de alocação de trabalhadores com tema Viking. Em RotNS, os jogadores devem contratar tripulações, pegar provisões para saquear Portos, Postos Avançados, Monastérios e Fortalezas. Utilizar os saques dessas invasões para dar oferendas ao chefe, e morrer com glória para ganhar pontos de vitória.
No setup do jogo, você coloca as pilhagens e as valkyrias (já falo das valkyrias mais abaixo) dentro de um saco preto, embaralha e coloca a quantidade de acordo com o local do mapa (algo como acontece em VILLAGE). Dessa maneira, os locais de invasão/saque sempre darão benefícios diferentes a cada jogo.

RotNS tem como mecânica principal a alocação de trabalhadores e a desalocação de trabalhadores. Como assim E2EK1EL? Eu já te explico: No seu turno, você sempre começa com um guerreiro viking e faz a ação de alocação normalmente, pegando os recuros/resolvendo as ações imediatamente, depois, você deve tirar outro meeple do tabuleiro (não pode ser o mesmo que você acabou de colocar), e faz a ação de onde o meeple estava alocado imediatamente. Ou seja, você sempre vai começar o turno com 1 meeple e terminar com 1 meeple. Os jogadores tem somente 2 ações por turno, e isso faz com que o jogo não tenha muito AP, os turnos passam rapidamente, mesmo com 4 jogadores.
Diferente dos worker placement tradicionais, em RotNS, os jogadores não começam com os meeples de sua cor, aqui, temos apenas 3 cores de meeples, os pretos que são mais fracos, os cinzas que são intermediários e os brancos que são mais fortes (infelizmente, diferente dos outros componentes, aqui os meeples só mudam de cor).

Alguns espaços do tabuleiro os benefícios mudam de acordo com a cor do meeple alocado, em outros espaços, a ação só pode ser feita por uma determinada cor de meeple, por exemplo, alguns locais de invasão só podem ser invadidos por meeples cinzas, outros por brancos, etc.
Com esse sistema dificilmente você conseguirá fazer a ação que quer na mesma rodada, precisará pensar sempre a frente.

No inicio do jogo, cada jogador recebe 5 cartas de guerreiros, e deve escolher 3 cartas para ficar em sua mão:
As 26 cartas diferentes de guerreiro Viking, vêm com duas ações: uma ação quando ele é recrutado, que aparece no canto inferior esquerdo, e outra ação de “INTRIGA”, quando ele é “descartado”, que aparece no canto inferior direito da carta.
Primeiro vou falar dos guerreiros recrutados: Você deve pagar a quantidade de moedas informadas nas cartas para recrutar os vikings, posicionando as cartas em sua frente. Cada guerreiro possui um valor de força, que serve para ganhar pontos quando invadir um local. Além disso, cada guerreiro possui um beneficio quando recrutado, que pode ser ganhar pontos de vitória no final do jogo, ganhar mais pontos quando invadir um certo local, desconto em moedas para recrutar outros guerreiros, descontos com provisões, etc.

Se você não quiser recrutar os guerreiros que estão na sua mão, você pode “descarta-los”, usando uma ação de INTRIGA, assim como em Lords of Waterdeep. As ações de intriga podem te beneficiar: Ganhar provisões, moeda, pilhagens, recrutar novos guerreiros, etc, mas também podem ferrar seu amiguinho, roubar provisões que o oponente estava guardando para invadir, moedas, trocar de cartas com um oponente, etc...
Para invadir, você precisa ter uma quantidade determinada de guerreiros Vikings contratados, provisões e ouro. Nos Harbours (portos), sempre que saquear, você ganhará 1 PV de vitória, além de pegar um meeple da cor cinza, que servirá para ter novos benefícios na vila e também para invadir lugares mais fortes.

Conforme for subindo para o Norte, os locais de invasão exigiram mais tripulantes e mais provisões e ouro. Além disso, você ganhará pontos de vitória de acordo com o total de FORÇA que você tiver. Lembra que cada carta de guerreiro Viking possui um valor de força? Então, você soma os valores de força de tripulação, mais o valor de força de ARMOUR que você tiver (você pode aumentar o valor de armour pagando com ferro ou moedas), além disso, dependendo do local que invadir, poderá rolar 1 ou dois dados de força, com valor de 2 a 5. As cartas + armour + dados serão seu valor total de força e você poderá ganhar muitos pontos de vitória se atacar com tudo. Aqui são Vikings p****. Mas não se preocupe, se você não conseguir ter o valor de força necessário para ganhar pontos, você saqueará mesmo assim, mas sem levar os pontos de glória.
Lembra das Valkyrias, então, quando você invade um local que tem uma valkyria, isso significa que um guerreiro viking contrato seu irá morrer. Você escolhe qual deles irá morrer. Além disso, você sobe na trilha da Valkyria, que te dá muitos pontos no final do jogo de acordo com quantas valkyrias você pegou no jogo. Isso significa que muitos guerreiros morreram gloriosamente em batalha.

Há também as oferendas do Chefe: você deve agradar o chefe, pagando o que ele pede, que pode ser Gado, Ouro, Ferro e Moedas. Claro que para ter esses itens você precisa primeiramente invadir os locais. Aqui funciona mais ou menos como em Stone Age com as cabanas. Só que você pontua somente no final do jogo.
Há 3 formas de terminar o jogo:
Acabar pilha de Oferendas do Chefe.
Não restar mais valkyrias no tabuleiro.
Restar apenas 1 fortaleza disponível para invasão.
Quando uma dessas 3 condições forem atingidas, todos os jogadores jogam mais uma vez, INCLUSIVE quem ativou o fim do jogo.
Então conta-se os pontos:
Da trilha de ARMOUR
Da trilha de Valkyria
Das Oferendas dos chefes
Das pilhagens (cada ouro e ferro valem 1 ponto, cada 2 gados valem 1 ponto).
Eu gostei muito de Raiders of the North Sea, tem um tabuleiro lindo e belos componentes. Uma mecânica interessante, fácil de aprender e de ensinar. Tem interação na medida certa com as “intrigas”, funciona muito bem com 2, 3 ou 4 jogadores, e tem uma duração curta/média de tempo de jogo.
Pra quem gosta de worker placement, Stone Age, Lords of Waterdeep, vale a pena dar uma conferida nesse jogo.
EDIT:
Eu adorei praticamente tudo nesse jogo, a arte belíssima, o tabuleiro, os componentes, a mecânica elegante. Achei um meio termo entre Stone Age e Lords of Waterdeep, você tem as oferendas do chefe e sabe quais as pilhagens necessita, e sabe exatamente qual local deve invadir para conseguir aqueles pontos. Tem uma interação na medida certa com as cartas de “intriga”, onde você pode ferrar com o planejamento do amiguinho, tem cartas que pode tirar provisões, outras que se um personagem seu morre em um ataque, você pode obrigar um tripulante do oponente a morrer tbm, tem outra que você pode roubar até 2 moedas de um oponente, roubar pilhagens do oponente, etc... Talvez tematicamente não faça tanto sentido assim, mas faz parte do jogo e a interação fica na medida certa.
Além disso, você ira no máximo atrasar o oponente por uma rodada, nada para desfazer amizades. É um jogo bem leve, com pouca duração de partida e pouco AP entre os turnos dos jogadores. Funciona bem com 2, 3 ou 4 jogadores. Há diferentes formas de pontuar, e 3 diferentes formas de terminar o jogo, e diferentes cartas de guerreiros vikings, isso dá uma boa rejogabilidade. É claro, com o passar das partidas, algumas jogadas poderão ficar manjadas, não espere um jogo com estratégias profundas, mas também não é um jogo totalmente raso. É um jogo na medida certa, que é competente no que se propõe.