Olá! Primeiro gostaria de me apresentar. Me chamo Bruno Podolski e sou, desde abril deste ano, sócio na Board Game Bureau. Alguns podem me conhecer pelo meu envolvimento com a Oficina do Playtest São Paulo, onde sou organizador desse coletivo incrível para game designers de todas as idades e com os mais diferentes níveis de experiência na área. Outros podem lembrar de mim pelo meu trabalho com o Fora da Caixa na saudosa Game Vault, que posteriormente se transformou no evento mensal Meta Meeple, um espaço de discussão de assuntos de game design com muita teoria, dedicado a quem quer saber mais sobre essa área que amamos, e que hoje acontece mensalmente durante o evento BGZO.E alguns poucos podem me conhecer pela autoria dos jogos Duelo: Kung Fue EAÊ!?.
Chega de falar de mim. Hoje vamos falar de Orchestra!
Orchestra é um projeto ímpar no mercado nacional. Um jogo no estilo euro bem complexo e com um tema pouco explorado nos board games. Cada jogador representa uma Academia de música procurando ter os seus melhores músicos na Orquestra durante a apresentação no Grande Teatro. Para isso, usarão os músicos que têm disponíveis para trabalhar nos diversos lugares dentro de sua Academia e nas cartas de Cenário presentes.
Bom, Orchestra então é um jogo de alocação de trabalhadores? Sim e não. Explico: no jogo você vai colocar os seus músicos nos espaços de ação e resolvê-los posteriormente como em vários jogos de alocação de trabalhadores. Porém, em Orchestra, a maior parte dos espaços de ação estão no próprio tabuleiro do jogador. Ou seja, você não vai brigar com os outros por um determinado efeito: no seu tabuleiro de Academia só você pode mexer e a base da sua estratégia está nesse gerenciamento.
Os espaços de ação estão divididos nas diversas janelas que os seus músicos podem ser alocados. O canto superior esquerdo mostras as especialidades de instrumentos que a sua Academia ensina. Isso marca onde os seus músicos podem trabalhar na Orquestra e nas cartas de Cenário. Se um Cenário pede por Percussão, por exemplo, a sua Academia que só ensina Cordas não vai poder ajudar nesse serviço. Você poderá evoluir a sua Academia alocando dois músicos específicos para que ela agora ensine mais uma especialidade (uma das 3 flâmulas vermelhas que estão acima do tabuleiro do jogador na foto).
Acima, uma carta de Cenário. É necessário preencher todos os espaços com músicos para ganhar a carta.
Como assim "dois músicos específicos"? Bom, em Orchestra, os seus trabalhadores evoluem. Eles podem ir de meros Iniciantes passando por Profissionais e se formando em sua Academia como mestres Instrumentistas. Apenas esse último pode ser alocado na Orquestra.
"Ué, na foto do tabuleiro de jogador estou vendo quatro tipos de meeples", você deve estar pensando. O último tipo de músico é o Virtuose e ele não pode ser treinado na sua Academia: ele deve ser conquistado. Muitos desses Virtuoses sequer vão passar pelas suas mãos (quer dizer, eles não vão ser trabalhadores no sentido que estamos acostumados num jogo de alocação de trabalhadores). Os Virtuoses conquistados vão direto para a Orquestra.
A Orquestra está no topo do tabuleiro central, e ela só pode ser ocupada por Virtuoses e Instrumentistas (os meeples cabeludinhos que estão do lado da flâmula de seta para cima no tabuleiro do jogador). A Orquestra está dividida entre os diversos setores de especialidades, como em uma orquestra tradicional, e você só poderá alocar os seus melhores músicos nos setores em que a sua Academia seja especialista em ensinar. Aqui é um controle de área normal: no fim do jogo, para cada setor quem tiver mais músicos ganha mais pontos, mas todos pontuam, desde que tenham pelo menos um músico no setor.
Mas é só isso na Orquestra? Não, e aqui vem o pulo do gato: cada espaço nesse tabuleiro te dá uma quantidade de ingressos para os convidados da sua Academia. E esses ingressos são representados pelas Peças de Plateia.
As Peças de Plateias são poliminós que você vai colocar na seção abaixo da Orquestra no tabuleiro central. Cada Peça tem uma quantidade de assentos, que devem ser colocados sempre em direção à Orquestra, e a Plateia está dividida em quatro setores. Os setores têm uma pontuação específica por Peça (quer dizer, uma peça de quatro lugares e uma peça de um lugar pontuam a mesma coisa) e cada jogador só vai pontuar um dos setores no final do jogo. Além disso, cada setor só vai ser pontuado uma vez: se, por exemplo, eu pontuar o setor A (e somente eu marco os pontos, independente de quantas peças cada jogador tem no setor), ninguém mais pode pontuar o A.
Então não vale a pena usar as peças maiores? Aí que entra mais um tempero do jogo, as cartas de Teatro.
Cada jogador recebe no começo do jogo duas dessas cartas, e escolhe uma delas para si, mantendo-a fechada. No fim do jogo, para cada assento em branco que você preencher com peças suas, você recebe 1 ponto. E, se conseguir o feito de preencher todos os assentos em branco da sua carta de Teatro, você ganha 25 pontos no total!
UFA! Orchestra ainda tem muitos outros elementos: músicos freelancers, a Trilha de Colunas que circunda o tabuleiro central, os Cartazes, como conquistar os Virtuoses, as diversas corridas que acontecem no jogo (e quem chega primeiro ganha mais pontos), a Trilha de Regência, que define a ordem de pontuação dos setores da Plateia no final do jogo, as outras ações, as peças de Pessoas em Cadeiras de Rodas e vários detalhes de regras que não cabem aqui.
Quem quiser conhecer melhor o jogo, recomendo este excelente vídeo do Sotero, do canal Jogatina Mil Grau:
Orchestra está em campanha de financiamento coletivo e é um jogo que chama a atenção pelo seu tema, beleza e complexidade. E, como em uma apresentação erudita, tudo flui com um andamento excepcional. No fim da partida, todas as vezes em que eu apresentei o jogo, ficou um gostinho de "quero mais" na boca dos participantes. Agora é a sua vez de conhecer e amar esse jogo que já começa a chamar atenção inclusive lá fora.