Concordo plenamente com você! Sempre me indignei com isso, mas temos pouco espaço para falar sobre dentro desse nicho. Levantei esse papo tantas vezes.... O tal do FOMO, as grande páginas, editoras, eventos, tudo força essa sensação de escassez, então levantar essa pauta não é interessante pra eles né haha. Na realidade o "hobby" é mais sobre ter uma super estante cheia de jogos pra mostrar, do que joga-los efetivamente, realmente se divertir, ter momentos prazerosos... Conheci muita gente que entrou em dívidas grandes, que se frustrou e vendeu tudo, por toda essa pressão sabe, acho que seria o momento de tentar levantar grupos de pessoas com esse pensamento, ter menos e se divertir mais. "Ah, meu jogo perdeu a graça" ao invés de comprar um novo jogo, tentar reinventar o que tem, mudar regras, misturar jogos, sei lá sabe... Enfim, vamos conversando sobre o assunto. 

Pois é caro colega de hobby. Eu entendo bem a sua dor. Permita-me compartilhar quatro coisas eu aprendi nesse nosso meio:

1 - "Menos é mais". Quanto menos jogos você tem, mais você joga, pois você muda o foco de "nossa, vou ver um vídeo pois preciso revisar as regras" para "pensei numa estratégia aqui, será que funciona?"

2 - "Se você não está achando barato, é porque ESTÁ caro". Não importa o quanto uma empresa "decidiu resolver" que era A empresa gourmet, nem o quanto o meio influente validou essa decisão, quem decide se um produto está caro é você e não os outros.

3 - "Nenhum jogo é insubstituível, nenhum jogo é obrigatório e nenhum jogo é obsoleto". Tudo o que você precisa é de uma quantidade boa de paciência de pesquisar e de força para segurar/suportar os impulsos que te conduzem a clicar no botão verde (sempre verde...) de COMPRAR. E também, não ter apego se o jogo não funcionou. Não agradou, vende. "Ahh mas eu vou ter prejuízo assim..." - A partir do momento que você encontra os SEUS JOGOS (que não precisam ser muitos), acaba essa busca pelo jogo perfeito e também o gasto com coisas novas sem sentido. Uma baita economia no longo prazo.

4 - "Se você não consegue ser feliz com o que já tem, não conseguirá ser feliz com o que deseja." Muitas vezes a gente é levado a crer que não temos nenhum jogo bom e só o que nos falta para ser feliz é aquela edição de colecionador que possui miniaturas não funcionais e uma arte de IA na caixona grande demais pra levar pra qualquer lugar. Ou então aquela edição que te cobram 200 reais a mais apenas por umas fichas de poker ("personalizadas?") mas que você pode substituir (se quiser) por outras praticamente iguais e que custam 40 reais se comprar em outro local.

Claro, esses aprendizados são totalmente anticolecionismo e anticonsumismo. 

E eu não me importo nem um pouco se eles ferem algum sentimento por aí.

Puxa, exatamente isso, mas respeitando quem pensa diferente, o hobby está tomando um rumo bem diferente do que realmente importa. Valeu galera, tá muito bom o bate papo.

Excelente tópico! Entrei no hobby há pouco tempo (dezembro/23), e nesses quase 2 anos já entrei e saí de algumas armadilhas. Acredito que a primeira armadilha realmente é a do "colecionismo visual": você ter uma estante cheia de caixas bonitas para exibir (para si mesmo e para os outros), e ter o prazer de ter aquela coleção bonita e de respeito. Mas antes de começar a comprar vários jogos (graças a Deus minha condição financeira não me permitiu ficar investindo de cara uma grana grande nos bgs), fui comprando alguns jogos e entendendo a dinâmica do mercado no geral. Como sou jogador de videogames desde criança, já tinha aprendido com esse outro hobby várias armadilhas de colecionismo, então cometi poucos erros. Primeiro que uma grande vantagem particular minha é de basicamente não ter amigos que jogam. Então desde o começo sabia que tinha que procurar jogos com boas experiências solo, o que já filtrou bastante o meu leque de interesses. Aí foi aprender a demanda e especulação de mercado, não cair em FOMO e focar apenas no que eu realmente tenho interesse em adquirir para jogar. Querendo ou não board game é um hobby caro, e saber mantê-lo de forma saudável é essencial para que possa sempre ser algo divertido e leve, e não um ponto de desequilíbrio ou estresse.

Contando um pouco da minha experiência e da minha percepção aqui...

Eu sempre priorizei uma coleção enxuta de jogos, por vezes, quando quero comprar um jogo novo, procuro vender um que não jogo mais. E ainda vou além, vendo por menos do que eu comprei, me preocupo mais em rodar a coleção do que conseguir lucro vendendo um jogo na Ludopedia.

Ficar com um jogo por meses/anos na estante até que alguém queira pagar um rim por ele, pra mim, nunca fez sentido.

No mais, eu acho que as pessoas dão muita importância ao hobby. Cara, o que era pra ser uma diversão, acaba sendo pra muia gente motivo de terapia. ISSO NÃO É NORMAL!

Colocam os jogos de tabuleiro em um patamar na vida que, definitivamente, não deveriam estar. No final, é só papelão e plástico, se devotar muito a isso ao ponto de fazer mal, não deveria acontecer.


A minha sugestão é procurar um novo hobby para equilibrar essa balança. Jogar tabuleiro é bom, mas, não é a melhor coisa do mundo. Tem muita coisa mais legal pra fazer em um final de semana, com algum esforço, da pra conseguir equilibrar bem isso sem sentir que o hobby é um peso.

Em último nível, se os jogos estiverem fazendo mal e chegando a adoecer. SE LIVRE DE TODOS ELES. Venda por R4 1.00, doe para alguém ou simplesmente jogue todos eles no mar. Nenhum papelão e plástico vale a sua saúde mental. 

Seguimos!

miqueiaslopes::E ainda vou além, vendo por menos do que eu comprei, me preocupo mais em rodar a coleção do que conseguir lucro vendendo um jogo na Ludopedia.

Ficar com um jogo por meses/anos na estante até que alguém queira pagar um rim por ele, pra mim, nunca fez sentido.

A forma que eu encontrei de vender pelo preço justo é colocando em leilão, uma semana, começando a 10 reais e incrementos também de 10 reais.

Galera vive discutindo o que é ou não justo, e eu concordo com a definição da contabilidade: é o preço que ambos os envolvidos no negócio aceitam sem serem forçados a negociar. Impressionante como o leilão funciona bem pra determinar esse preço.

Quando eu conheci os jogos de tabuleiro "modernos", lá nos idos anos 2000, havia um grande grupo do qual eu participava e que se reunia sempre aos sábados. 
Nós levavamos para nossos encontros os poucos jogos que tínhamos e então jogávamos, trocavamos e ensinavamos uns aos outros.
O grupo era aberto a quem quisesse conhecer as novidades, trocar ideia ou só jogar mesmo. Não havia obrigações ou compromissos financeiros, por exemplo.
Isso acabou com o tempo e depois, já no ano de 2018, quando retomei as atividades do hobby - leia colecionar jogos - já não havia mais esse tipo de grupo. O que há agora são grupos fechados, quase sempre de amigos que formam sua panelinha, e que marcam para jogar algo que já conhecem, que já curtem. Nada contra, é outra pegada. Mas sinto falta de grupos mais heterogêneos e de pessoas realmente interessadas em apenas... jogar, descobrir coisas novas e interagir com outras pessoas.
Me parece que conforme vai se solidificando uma comunidade ou grupo, mais especializado e mais competitivo ele se torna. Ou então ele definha e morre. É difícil sustentar a leveza.
O que aprendi com esses vários anos de hobby, dentre outras coisas, foi que o mais importante é jogar e ter bons momentos com as pessoas que dividem mesa com você, quem quer que elas sejam.
Às vezes é difícil, tem que ter paciência, e nem sempre é sobre fazer os nossos próprios gostos. Porém se estiver aberto para novas experiências, vai valer a pena. 

Uma armadilha do hobby? a competitividade.
Ser competitivo não é um problema em si, mas há momento e lugar para cada coisa. Campeonatos existem para isso e você pode montar grupos mais competitivos para explorar determinados jogos, mas no dia a dia eu prefiro ser mais de boa e jogar no modo sussa.

Quanto a tudo aquilo que o pessoal já comentou, eu assino embaixo. Hype, FOMO, colecionismo e etc... são armadilhas que não só acabam com sua diversão como também podem minar sua autoestima e te trazer verdadeiros transtornos pessoais e sociais.

@fantafanta sinto exatamente o mesmo. A competitividade se tornou algo que vai além da mesa. 
Sempre joguei, desde muito nova, meu pai sempre incentivou a mim e minhas irmãs a jogar (tanto jogos de tabuleiro como jogos eletrônicos). Já é bem difícil mulheres que seguem sozinhas em um hobby como esse (hoje é um pouco mais comum - mas quando eu comecei, era triste haha) Sofro muito em conseguir arrumar locais MENOS panelinha pra frequentar. Hoje uso minha coleção para vivências com crianças e adultos, tem sido meu momento para jogar e praticar. Quando tentei ter um Instagram pra registrar as jogatinas e encontros (e quem sabe arrumar amigos pra jogar e compartilhar) me vi num lugar tão toxico que desisti!  

ChrisOliveira::Pois é caro colega de hobby. Eu entendo bem a sua dor. Permita-me compartilhar quatro coisas eu aprendi nesse nosso meio:

1 - "Menos é mais". Quanto menos jogos você tem, mais você joga, pois você muda o foco de "nossa, vou ver um vídeo pois preciso revisar as regras" para "pensei numa estratégia aqui, será que funciona?"

2 - "Se você não está achando barato, é porque ESTÁ caro". Não importa o quanto uma empresa "decidiu resolver" que era A empresa gourmet, nem o quanto o meio influente validou essa decisão, quem decide se um produto está caro é você e não os outros.

3 - "Nenhum jogo é insubstituível, nenhum jogo é obrigatório e nenhum jogo é obsoleto". Tudo o que você precisa é de uma quantidade boa de paciência de pesquisar e de força para segurar/suportar os impulsos que te conduzem a clicar no botão verde (sempre verde...) de COMPRAR. E também, não ter apego se o jogo não funcionou. Não agradou, vende. "Ahh mas eu vou ter prejuízo assim..." - A partir do momento que você encontra os SEUS JOGOS (que não precisam ser muitos), acaba essa busca pelo jogo perfeito e também o gasto com coisas novas sem sentido. Uma baita economia no longo prazo.

4 - "Se você não consegue ser feliz com o que já tem, não conseguirá ser feliz com o que deseja." Muitas vezes a gente é levado a crer que não temos nenhum jogo bom e só o que nos falta para ser feliz é aquela edição de colecionador que possui miniaturas não funcionais e uma arte de IA na caixona grande demais pra levar pra qualquer lugar. Ou então aquela edição que te cobram 200 reais a mais apenas por umas fichas de poker ("personalizadas?") mas que você pode substituir (se quiser) por outras praticamente iguais e que custam 40 reais se comprar em outro local.

Claro, esses aprendizados são totalmente anticolecionismo e anticonsumismo. 

E eu não me importo nem um pouco se eles ferem algum sentimento por aí.

Você conquistou a medalha "CSS": Comentário sensato e sagaz. 

Congrats!