League of Legends se tornou um fenômeno global, alcançando diversos públicos com o popular MOBA, a premiada série Arcane e o grupo virtual de K-pop K/DA conquistando o mundo da música. Entre os muitos projetos com os quais a Riot Games vem experimentando, finalmente temos um vislumbre do aguardado jogo físico de cartas de League of Legends, Riftbound. Depois de colocar as mãos nas cartas e entender o fluxo do jogo, foi uma surpresa agradável ver como a equipe de Riftbound conseguiu traduzir bem o MOBA em um jogo de cartas competitivo.

Após conversar com o diretor do jogo Riftbound, Dave Guskin, e receber um panorama desde a concepção até o lançamento iminente, tive uma boa noção das expectativas da equipe para o futuro. Com os quatro decks de demonstração em mãos — representando Jinx, Viktor, Volibear e Yasuo — era hora de jogar algumas partidas. Como muitos TCGs que estreiam seu primeiro conjunto, palavras-chave específicas do jogo vêm com descrições breves para que jogadores novos e experientes possam se familiarizar com as mecânicas. Dito isso, a jogabilidade foi bem fácil de aprender para quem já tem experiência com TCGs. Guskin, que também foi diretor de Legends of Runeterra, comentou que eles não estão tentando “reinventar a roda”, mas sim se inspirando em outros sistemas de card games e desenvolvendo um jogo “acessível” que destaque os campeões de League of Legends. Pela minha experiência até agora, acredito que os jogadores de League of Legends vão se adaptar bem à jogabilidade. De qualquer forma, parece ser uma base sólida para fãs tanto do jogo quanto de TCGs.

Todos os tipos tradicionais de cartas de TCG estão presentes, com algumas lembrando os formatos de jogo com líderes. Em primeiro lugar, temos a carta de Lenda, que dita qual deck você está jogando. Por exemplo, Jinx, a Artilheira Caótica, é uma Lenda vermelha e roxa, então o deck deve conter cartas de uma dessas duas cores. Elas também determinam o estilo de jogo do deck — geralmente por meio de suas habilidades — então escolher uma Lenda é fundamental para definir o tipo de deck que você quer jogar. Depois, temos as unidades, que são as criaturas ou personagens que vão disputar o domínio no campo. Outro tipo familiar são as cartas de feitiço, usadas para remoção ou suporte. Também existem as cartas de equipamento, que funcionam como artefatos ou itens que permanecem no campo ao lado das suas unidades. As cartas de runa são o recurso ou mana do jogo e ficam em um deck separado para serem acessadas. Por fim, um tipo de carta interessante que enfatiza o aspecto MOBA são as cartas de campo de batalha. Os jogadores vão conquistar esses campos para pontuar e vencer o jogo. Cada campo de batalha tem efeitos únicos, criando interações interessantes à medida que os jogadores disputam o controle ao longo da partida.

Com algumas partidas jogadas, a jogabilidade me lembrou outros jogos de cartas centrados em líderes. O One Piece Card Game e Hearthstone, por exemplo, são boas comparações para o que Riftbound oferece, com líderes que possuem habilidades únicas que apoiam as cartas jogadas. Diferente de líderes que normalmente podem entrar em combate, sua Lenda em Riftbound permanece fora do campo, beneficiando o jogador com uma habilidade passiva ou ativada que pode ser usada em momentos específicos. Por exemplo, a Lenda Viktor pode jogar uma ficha de unidade recruta no campo pagando uma runa e se exaurindo. Os jogadores também podem escolher uma unidade campeã com o mesmo nome da Lenda para ficar fora do deck e ser jogada quando possível. Assim, em vez de uma única unidade líder usando habilidades, o jogo mantém a Lenda em segurança para sempre auxiliar o jogador, enquanto a unidade campeã entra em combate. Essa unidade funciona como qualquer outra do seu deck. Como parte da preparação, o jogo garante que você tenha acesso à unidade campeã que mais deseja jogar, evitando depender da sorte no sorteio.

O jogo começa com quatro cartas na mão, e a fase de compra adiciona apenas uma carta por turno, mas não senti que estava gastando minhas cartas em excesso a ponto de ser prejudicado. Jinx, por exemplo, favorece um estilo de jogo agressivo e recompensa o jogador com uma compra extra caso comece o turno com uma ou nenhuma carta na mão. Às vezes você pode não ter runas suficientes para jogar algo significativo, mas há oportunidades suficientes para manipular o campo e ganhar tempo para se preparar. E se tudo mais falhar, a unidade campeã escolhida na preparação está sempre disponível como opção. Receber duas cartas de mana ou runa por turno é um conceito familiar e ajuda a evitar problemas com escassez de recursos. Neste jogo, o máximo é de 12 runas, o que dá mais espaço para jogadas em comparação com jogos similares. Existe uma ação chamada reciclar, que basicamente envia a carta para o fundo do respectivo deck — seja ele de runas ou do deck principal. A reciclagem geralmente acontece com suas runas como forma de pagamento por cartas. Cartas mais fortes costumam ter um custo de reciclagem, o que significa reduzir o número total de runas para jogá-las. Isso evita o uso exagerado dessas cartas poderosas e obriga os jogadores a pensarem bem antes de jogá-las. Essa mecânica é comum no jogo, mas não chega a ser um obstáculo.

Para ajudar com essa mecânica de reciclagem, existem cartas de equipamento nos decks que podem ser usadas para pagar esse custo, em vez de usar suas runas. É um acréscimo interessante que acelera o jogo e aumenta a ação. Aliás, o combate e a pontuação são provavelmente os aspectos mais interessantes do jogo. As cartas de campo de batalha representam os locais onde suas unidades vão lutar, similar ao sistema de rotas (lanes) no MOBA. Em partidas um contra um, cada jogador escolhe um campo de batalha entre os três disponíveis no deck e os coloca no campo. Quando uma unidade entra ou conquista um campo de batalha, o jogador marca um ponto. Se mantiver o controle até o início do próximo turno, marca outro ponto. Marcar o ponto final tem algumas nuances, mas o conceito é direto. Riftbound também simplificou bastante os cálculos que os jogadores normalmente fazem em combates. Ao contrário de Magic: The Gathering, as cartas de unidade em Riftbound têm apenas um número, chamado Poder, que representa tanto força quanto vida. Se uma unidade com cinco de Poder ataca um campo com duas unidades, uma com três e outra com dois, todas se destroem e vão para o descarte. É isso mesmo! Basta somar o poder total das unidades atacantes e defensoras para saber quem sobrevive. Claro, feitiços podem mudar o resultado, mas o sistema é bem mais direto do que em outros jogos.

Vejo que os jogadores de League of Legends vão entender bem a estratégia com base na movimentação dentro do jogo. Ao colocar suas unidades em campo, elas entram na base. De lá, podem se mover para qualquer campo de batalha, mesmo que não haja inimigos. Um termo único em Riftbound é gankar, conhecido pelos fãs de MOBA. Para quem não sabe, gankar significa atacar inimigos de surpresa. Em Riftbound, as unidades só podem se mover entre a base e um campo de batalha. Não é permitido se mover diretamente de um campo para outro, a menos que a unidade tenha a habilidade de gankar. A estratégia de quando e para onde mover suas unidades realmente importa no jogo, o que é uma mudança interessante em relação à típica corrida constante contra os pontos de vida do oponente em outros TCGs.

Para mim, montar decks é a alma de qualquer TCG. Não há sensação melhor do que criar um deck que se encaixa com seu estilo de jogo e vê-lo funcionar bem contra amigos ou em uma loja local. Riftbound tem seis cores — ou domínios — para construir seus decks. Vermelho (Fúria) é, claro, a cor agressiva, com remoções e unidades baratas que atacam rapidamente. Verde (Calma) parece focar em buffs e contra-mágicas. Azul (Mente) traz várias opções de compra de cartas e costuma representar o controle. Laranja (Corpo) gira em torno de criaturas grandes e efeitos de aceleração de mana. Roxo (Caos) traz habilidades de movimento e remoção temporária. Amarelo (Ordem) parece se concentrar em unidades geradas e estratégias amplas. Isso tudo com base nos decks de demonstração, mas há sobreposição entre as cores em termos de remoção. A cor mais empolgante para mim é o roxo por causa da movimentação, que é muito relevante em Riftbound, e o roxo oferece vantagens ao se movimentar.

Chegando em Riftbound com um conhecimento intermediário do MOBA e dos personagens, fiquei bastante surpreso com o quanto gostei da jogabilidade.

Pelo que vi e ouvi de outras pessoas, as partidas são bem rápidas — em média, menos de 25 minutos, se ambos os jogadores conhecerem bem as mecânicas. Guskin comentou que deixará a critério das lojas decidir se os eventos serão melhores de um ou de três. Para eventos competitivos maiores, a ideia é que sejam melhores de três, da fase suíça até o corte final, mas os detalhes finais ainda estão sendo definidos. Riftbound será lançado primeiro na China neste verão, com lançamento global previsto para outubro. Como já vi em outros jogos, lançamentos escalonados podem desagradar — especialmente se afetarem torneios competitivos — mas Guskin garantiu que o objetivo é “reduzir a diferença nos primeiros conjuntos e, eventualmente, ter um lançamento simultâneo global”.

Chegando em Riftbound com conhecimento moderado do MOBA e dos personagens, fiquei surpreso com o quanto curti o jogo. Venho de um histórico com jogos de estratégia em tempo real e não entendia bem o que era um MOBA na época do Starcraft, mas conheci o gênero depois. Hoje gosto de vários aspectos de League of Legends, seja por Arcane ou até pela música do K/DA. Como em muitos TCGs atuais, os fandoms existentes ajudam as pessoas a darem o primeiro passo para conhecer o jogo. E com o peso que League of Legends carrega, realmente acredito que Riftbound tem uma base sólida para o que estão tentando construir, e mal posso esperar para ver mais quando o jogo for lançado.

Fonte: https://www.ign.com/articles/riftbound-is-an-impressive-league-of-legends-trading-card-game