REVIEW MARCO POLO (por Thiago Boaventura)
Dos mesmos designers do aclamado Tzolk’in: The Mayan Calendar, Marco Polo é um jogo de alocação de dados no universo que envolve o grande navegante e mercador que leva o nome do jogo. A ideia central é a mesma de jogos como Kingsburg e Alien Frontiers, em que cada jogador tem à disposição dados para serem posicionados nos diversos tipos de ações que existem no tabuleiro.
O jogo se desenvolve em 5 rodadas. Cada jogador assume um personagem daquela época (o Marco Polo é um deles), sendo cada poder diferente um do outro (aka poderes assimétricos). O curioso é que todas as habilidade são muito fortes.
O diferencial desse jogo - e o que o faz ter algum tema - é fazer seu personagem viajar pelo mapa, em busca de cidades para explorar antes da concorrência. Descobrindo novos locais, novos tipos de ações para alocação dos dados tornam-se disponíveis somente para aquele jogador. Essa parte faz o jogo interessante, pois as ações são definidas no setup de forma aleatória (existe um setup padronizado para iniciantes, mas não acho relevante usar). Ou seja, com um feeling alá Catan, você precisa avaliar e traçar uma estratégia de quais cidades é melhor começar visitando.

Outro elemento que se destaca é a possibilidade de algumas ações serem otimizadas, a depender da alocação de maior quantidade de dados e com valores mais altos em sua face.
Também é importante ressaltar que os jogadores podem fazer as ações principais, mesmo que outros jogadores a tenham selecionado naquela mesma rodada, mas pagando um custo em dinheiro. As ações das cidades são uma exceção a essa regra.

Aliás, uma pequena crítica que se pode fazer é referente a ausência de padronização nas regras de alocações. Algumas regras valem para uns espaços, mas não valem para outros, sem que haja um grande benefício para a apreciação do jogo.
Então, tem bastante coisa para pensar: qual cidade visitar, quais recursos você dispõe ou precisa pegar, quais dados podem ser usados e em qual momento, etc. Tático e estratégico na medida certa.
O jogo tem uma pegada que pode lembrar o Tzolk’in (jogo mais famosos dos designers) no quesito de regras e na densidade das decisões. Mas, considero o Tzolk’in um pouco mais profundo estrategicamente e menos dependente de sorte. No Marco Polo, existem compensações para más roladas de dados, mas ela vai ficando menos relevante com o passar das rodadas, podendo a sorte ficar decisiva na última rodada. É o preço que se paga por querer ter a diversão de jogar dados, coisa que o Tzolk’in não tem.
A interação também está presente na disputa pelas ações e pelas cidades (a não ser que cada um siga um caminho oposto no mapa). Mas é aí que reside minha principal crítica. Alguns dos personagens que dão aos jogadores uma habilidade especial por toda a partida, na minha opinião, estragam parte do jogo, porque enfraquecem a interação. Por exemplo, há um personagem que permite ao jogador escolher qualquer face do dado (muito apelão!). Tem outro que faz com que não precise pagar para repetir uma ação realizada por outro jogador. Poxa, o legal do jogo é justamente existir esse tipo de regra que aumenta a interação e a necessidade de ponderar quais são as prioridades...
Pelo menos o modo de jogo avançado permite fazer o setup com os jogadores escolhendo quais personagens irão adotar. Ufa! Porque eu jamais escolheria novamente um desses personagens que enfraquecem a interação do jogo. Prefiro focar em jogar para me divertir e não somente para ganhar.
Pontuação: fraco, médio, bom e ótimo.
Integração do tema: médio
Elegância das regras: médio
Estratégia: bom
Mecânicas: bom
Interação: bom/médio
Presença da sorte: médio
Duração da partida: bom
Contras: exceçõezinhas nas regras; habilidades que enfraquecem a interação; possibilidade de frustração com dados (em especial na última rodada).
Prós: nível tático e estratégico denso; refresh em mecânicas já consagradas; duração curta.
Veredito: tenho algum interesse em jogar e, possivelmente, indicaria para a mesa, tendo preferência pelo modo avançado.
