Tenho três filhos, um de 20 anos que não quer saber de jogos e dois pequenos, um menino de 6 anos e uma menina com quase 3 anos (que adoram jogos !!!). Desde que nasceram busco por jogos mais simples que possa "jogar" com eles (plantar a sementinha do hobby e ver se floresce, rsrs). Aparentemente está dando certo e Stone Age Jr. ajuda muito. A menorzinha pede para jogar sempre e, com a familiaridade que adquiriu com os componentes e regras já é capaz de jogar de forma autônoma quando utilizo algumas variações. Mesmo que as alterações nas regras acabe descaracterizando um pouco o jogo e mecânicas elas trouxeram, para minha família, uma incrível oportunidade de fazermos algo saudável juntos, e que acho legal compartilhar.
São quatro as principais alterações que utilizo para jogar com minha filha de 3 anos que visam deixar o jogo mais rápido, simples e que permitam que faça suas jogadas sem a necessidade de interferência de um adulto ou criança maior (a ideia principal é tornar o jogo interessante e agradável para ela):
1) Retirar as fichas que representam os valores dos dados - torna o jogo mais rápido e permite que ela identifique, sozinha, onde seu bonequinho deve ir (elimina a necessidade de saber contar). Ela revela uma ficha, pega o meeple, leva ao local indicado e recolhe o recurso, simples assim, sem precisar contar.
Utilizo apenas as fichas que indicam os recursos (e o cachorro) propriamente ditos, eliminando a necessidade de saber contar.
2) Alteração do uso do local de troca de recursos - quando o jogador vai para este local, ao invés de realizar uma troca entre o tabuleiro e um recurso próprio ele tem a possibilidade de escolher qualquer recurso disponível no tabuleiro (menos o cachorro, é bem intuitivo, mesmo porque nem tem o desenho do cachorro no local). Como ela ainda não é capaz de planejar a aquisição e uso futuro de recursos na medida que o jogo original pede, essa modificação evita que ela acabe trocando um recurso útil por por um "inútil" que ela ache mais bonitinho.
Quando o jogador vai para o local, originalmente, de troca, ele pode escolher e recolher qualquer recurso disponível no tabuleiro.
3) Distribuição dos recursos no tabuleiro - deixo todos os recursos (independente do número de jogadores) nos seus respectivos locais, ignorando o espaço de trocas (que fica vazio, ver item 2). Como alterei a função do local de troca não vejo sentido em deixar recursos ali.
No setup coloco todos os recursos em seus respectivos locais, ignorando o local de troca.
4) Impossibilidade de construir uma cabana - quando o jogador revela a ficha de cabana mas não tem recursos suficientes/ adequados para construir nenhuma das disponíveis ele recebe um recurso disponível no tabuleiro à sua escolha (menos o cachorro) - este recurso não pode ser utilizado neste turno. Faço isso para que não haja "jogadas perdidas", para que a criança sempre receba/ faça algo na sua jogada (além de acelerar o jogo).
Quando a criança revela a ficha de cabana peço que coloque os recursos que ela tem sobre os desenhos das cabanas do tabuleiro para ver qual delas é possível ser feita. Na impossibilidade de construir uma cabana (por falta de recurso) a criança escolhe e recebe um recurso disponível do tabuleiro.
Todo o resto do jogo permanece igual: revelar as fichas, pegar os recursos, trocar pelas cabanas, fechar as fichas e trocar o local de duas delas (às vezes embaralho todas as fichas reveladas). As partidas ficam bem rápidas e interessantes para as crianças.
Visão geral de tudo pronto para iniciar uma partida (obviamente as fichas ficam viradas para baixo, aqui estão abertas apenas para ilustrar quais fichas utilizo nas partidas com minha filha de 3 anos). Como não há fluxo de movimento (andar número específico de espaços) é possível utilizar, como na foto, o verso do tabuleiro.
Conforme a criança vai crescendo é possível ir adicionando mais elementos, como as fichas de dados "1" e "2" por exemplo, assim a criança já vai tendo uma noção de contagem e movimento. Comecei esta estratégia recentemente com a menor e, na maior parte das vezes ela é capaz de entender que quando revela as fichas de dados de valores "1" ou "2" ela deve mover seu personagem a um ou dois espaços respectivamente.
A inclusão gradual das fichas dos dados facilita que crianças menores, que ainda estão aprendendo a contar, joguem de maneira mais autônoma.
Caso a criança seja maiorzinha, já seja capaz de entender e jogar com todas as regras originais mas ainda não consiga permanecer focada todo o tempo de uma partida (acontecia com meu mais velho quando ganhou apresentei o jogo), é possível iniciar a partida já com uma cabana no acampamento, sendo necessário que construa apenas duas para finalizar a partida.
O jogo é lindo, colorido, as peças são grandes, resistentes, a arte é atrativa para as crianças e, na minha opinião, vale super a pena para introduzir os pequenos no nosso hobby.
Espero que tenham bons momentos juntos com suas crianças!