Thokmay, voltando para responder como prometi!
Na minha limitada ótica de um criador de conteúdo pequeno e independente, vamos lá:
"Tirando um pouco o foco sobre as pessoas em si, e trazendo para o assunto a ser discutido, se estamos criticando um canal novo por falar sobre essas particularidades do hobby, quem deveria estar falando sobre isso?
E por que não estão? Creio que essa pergunta seja mais alarmante do que qualquer polêmica criada por um novo criador de conteúdo.
Se temos criadores de conteúdo com anos de bagagem, não seriam eles os melhores para questionarem esses acontecimentos, trazendo sua vasta experiência?
Alguns deles já foram convertidos pelas próprias editoras.
Outros ainda estão independentes, supostamente."
- O ponto aqui é que "criador de conteúdo" ao mesmo tempo que é abrangente, acaba sendo tratado apenas como 'conteúdo de vídeo/Youtube'. Temos muitos criadores de conteúdo que manjam muito, mas não estão fazendo vídeo. Inclusive, acredito que por não estarem no Youtube que não foram 'convertidos pelas editoras'. Um exemplo simples e prático é ver o engajamento do público aqui da Ludopedia em material de vídeo. Vai lá no canal do Covil e veja a quantidade de inscritos e a quantidade de views e likes em cada postagem individual. É chocante! Os caras tem muitos seguidores, mas postagens com merrequinhas de views e likes. Motivo provável: Ludopedia não é lugar que se consome vídeo. Já em texto, temos canais com male-male 100 inscritos e textos incríveis com mais de 1000 visualizações! Essas 'particularidades do hobby' estão expostas, quase semanalmente, em conteúdo de texto. Esse ponto é importante: a crítica de que o público deveria prestar tanta atenção ao texto quanto presta ao vídeo, mas talvez por costume ou rotina não o faça.
Outro ponto que observo nesse seu trecho, caro Thokmay, é sobre a 'independência'. Fazer conteúdo, salvo pouquíssimo que se pinga com parceria de loja e ad de Youtube, não dá grana. Eu me considero totalmente independente, só de texto, espaçados mensalmente e com uma iniciativa aqui e outra ali extra. Não consegui um centavo nesse hobby com criação de conteúdo, fora amigos, lazer e conhecimento. Grana mesmo, nadica. Quem então precisa bancar edição, filmagem e tudo mais, tá danado, logo 'deixar de ser independente' para conseguir fazer um material mais específico, como regras, unboxing e gameplay, vai requerer que o cara tire grana do bolso. Então, se o caminho para isso é ter uma relação mais política com editoras: tá tudo certo! Basta o consumidor ter isso em mente. Como eu já escrevi antes, de Romir ninguém reclama, pois sabem qual a posição do canal dele e qual a finalidade. Maravilha. Dessa forma, não acredito que existam 'convertidos por editoras'. Ao contrário, é uma relação simbiótica. Sem criador de conteúdo de vídeo, editora fica a ver navios também, pois nenhuma tem um departamento de marketing capaz de fazer o que criador de conteúdo de vídeo faz. É uma relação política, dialética, entre ambos os lados. Cara, tem muito canal que tira do bolso grana para fazer conteúdo, pois 'fazer conteúdo' é uma parte do hobby de jogos para essas pessoas, e tá tudo certo.
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"Creio que uma reclamação de um jogador / consumidor sobre qualquer um dos assuntos, seja ele mofo, qualidade dos componentes, qualidade da tradução, tem muito menos peso do que um vídeo de um grande canal fazendo essa mesma reclamação / questionamento.
Quando isso não ocorre, percebemos que os criadores de conteúdo estão deixando de ser próximos aos jogadores (e a eles mesmos) e se aproximando apenas das editoras, comercialmente."
- Concordo, mas, isso não é muito novidade. O que vai ter mais peso são os consumidores apertando lojas. A loja depende da venda, o criador de conteúdo não. A parte dele é divulgar, a loja é vender. Queremos criar tensão no mercado? Devemos parar de comprar jogo mofado. Os grandes criadores de conteúdo sempre estiveram mais pertos das editoras e isso serve para qualquer meio. O cara que dá toque financeiro, ou fala de tinta, ou mesmo marcenaria, se ele tem um patrocínio de uma grande empresa, é claro que ele vai lidar com muito mais cuidado ao tratar dos produtos delas. E não tem nada de errado nisso, se o consumidor entender o posicionamento. O que sua frase pede, de certa forma, é que a big media (considerando a bolha que somos hahah) cuspa no prato que tá comendo e isso não vai acontecer. O que sobra para canais menores e consumidores fazerem alguma coisa.
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Sobre o foco do conteúdo, o hobby tem tantos jogos excelentes já lançados em anos interiores, por vezes muito melhores que os lançamentos, e esses jogos não tem o mesmo tratamento pelos criadores de conteúdo em comparação aos lançamentos. Será que não tem gente interessada em vídeos sobre Brass, Terraforming Mars, Terra Mystica, e até mesmo jogos mais leves como Splendor, Potion Explosion e Dragon Castle? Quem tem interesse que os jogadores comprem novos jogos deveria ser somente as editoras, e não ser o foco dos criadores de conteúdo, a não ser que eles estejam ganhando algo em troca, aí faz parte do negócio.
- Estes jogos não tem o mesmo tratamento em lugar nenhum do mundo! Não tem como, a partir do momento que é entendido que o nosso hobby vive de novidades, esses criadores de conteúdo (e incluo aqui gringos gigantes como Dice Tower até) serão apenas reflexo disso. Vai me dizer, Thokmay, que você não curte ficar antenado em novidades, pegar um cineminha, jogar um jogo novo sempre que possível e coisas do gênero? É isso. Grande parte do hobby vive desse movimento, inclusive as lojas. E DE NOVO, o que você pede está pedindo para a pessoa errada. Vai lá ver mídia escrita, criador de conteúdo pequeno. Eles fazem conteúdo muito frequentemente de jogo velho, jogo que passou fora do radar, jogo que no lançamento não conseguiram jogar/comprar. Só que, mesmo nesses casos, Fulano vai fazer um vídeo sobre Papua e depois... nunca mais citar o jogo. E não é por apreço à novidade, mas por questão de não repetir conteúdo. Veja retrogames (SNES, Mega Drive, Master System, etc), os canais de jogatina desses jogos, apesar de não existirem mais lançamentos para eles, não costumam fazer muitos vídeos de um mesmo jogo - e aqui o problema não é novidade! heheh É simples: se o canal já tem uma análise de Splendor, qual motivo de fazer outro vídeo falando do mesmo jogo? Dizendo por mim, adoro jogo flopado. O que mais tenho é texto sobre jogo lançado faz tempo. Contudo, não fico repetindo jogo ao fazer material. Isso me torna parte dessa galera? Eu deveria fazer mais material de um mesmo jogo? Espreme-lo ao máximo? Mas ai, eu teria que deixar de jogar e escrever/falar sobre um segundo jogo. São escolhas que o hobby nos leva a ter - e como ele é dinâmico, não me estranha grandes criadores de conteúdo de vídeo escolherem focar na novidade. E só para finalizar, dê uma olhadinha no canal do Covil (e estou longe de advogar em defesa deles), mas UMA semana atrás eles postaram justamente um vídeo de regras e gameplay sobre Brass e duas semanas atrás sobre Terraforming Mars. Jogos esses que você mesmo cita que não tem material. Logo, a culpa mesmo são dos canais ou de nossa atenção como espectadores?
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Quem sabe se o marketing de um produto tiver que ser feito apenas pela editora, eles sintam vergonha de entregar jogos novos já mofados, ou com erros de produção e de tradução. Como esse marketing é feito pelos criadores de conteúdo, que ainda por cima defendem essas editoras desses erros, não tem motivo algum para pensar em implementar melhorias. O primo do dono ainda pode continuar de tradutor pois fez um ano de cursinho de inglês. O revisor pode continuar sendo o irmão, pois precisa de um complemento de renda. Nós, consumidores, querendo adquirir um produto que só é disponibilizado por essa editora em específico, temos que aceitar comprar a eNpansão de um jogo.
Chegamos em um ponto do hobby que os unboxing tem que ser feitos de uma caixa já aberta previamente para não correr o risco de ter algo errado e ter que fazer malabarismos durante a gravação do vídeo para esconder pontos de mofo ou defeitos nos componentes.
- Concordo que a editora deveria ser mais ativa do que é. Contudo, sinto certo alarmismo. Soa como se a maioria dos jogos viesse com mofo ou erro, e não é. Eu mesmo tenho jogo que foi dito que estavam vindo todos mofados e estavam em perfeito estado. Mesmo unboxing, a massiva maioria não é de caixa aberta (vide os do Romir). Ao mesmo tempo, não temos que aceitar nada. Se nós não conseguimos viver sem a expansão de um jogo, ai o problema é muito mais sério do que uma revisão porcaria. Entra ai um juízo de valor individual: vivo sem a expansão ou compro mesmo sabendo que tem erro? Ao fazer minha escolha, divulgo ela ou guardo para mim? A raíz do problema está em achar que PRECISAMOS TER um determinado produto, logo estamos reféns da única empresa que pode trazê-lo. Não é isso. Não precisamos de jogo nenhum. Queremos, o que é bem diferente. Voltando, eu concordo que se tem erro, que exista transparência do criador de conteúdo e da empresa, mas até ai, falar que existe uma 'defesa à essas editoras' tem uma lacuna grande.
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Outro ponto que gostaria de comentar é sobre a falta de comunicação das editoras. O próprio Spoiler Board estava com a data do Clank Catacombs ainda prevista para 2024 nessa semana. Foi alterado para 1º Semestre de 2025. Qual o motivo? Algum problema no envio? Na produção? Só devemos acreditar que vai ser cumprido esse prazo dessa vez? Talvez chegue o mês de Julho e ainda não tenha sido lançado, só vão trocar o 1º Semestre por 2º Semestre, sem qualquer justificativa, e teremos que aceitar.
Quem tem mais chances de conseguir uma resposta? Eu, enviando um e-mail? Ou um criador de conteúdo com 50 mil inscritos que tem contato (seja qual for o objetivo) com essa editora?
- As editoras muitas vezes não comunicam por não terem resposta. O embaraço em produção internacional é tenso. Se editora pudesse, ia na gráfica da esquina e imprimia jogo e vendia, mas não é assim. Existe toda uma estrutura, com diversas outras empresas e parceiros que não depende da ponta final no Brasil. Não é que 'devemos acreditar', só não temos outra escolha, pois muitas vezes não é nem a editora que deu o prazo. A resposta que você pede, que claro um canal grande conseguiria mais fácil, simplesmente não existe. Editora é safadinha capitalista, se ela não tem HOJE um produto para PEGAR O SEU DINHEIRO, tenha certeza que não é pelo fato dela não querer que isso aconteça. A editora e também as lojas que mais perdem com atraso, não o Mário que mora no bairro do Jardins em São Paulo ao não ter pego uma cópia para si. Se você acha que consumidor fica reclamando e pegando no pé com atraso, como você acha que o lojista fica? Eles pressionam e são mais interessados do que os consumidores, pois o que pra você e para mim é lazer, para ele é o ganha pão.
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Aquela frase que sempre dizem aqui no fórum "é só parar de comprar" não resolve, pois se você não comprar, algum desavisado vai comprar, e o ciclo vai resetar. Até esse então desavisado ficar ciente dos problemas, vai ter outra leva de desavisados que vai estar consumindo enquanto ele estiver parando, e os problemas vão se manter os mesmos, a única diferença é que os preços estarão mais altos.
- Concordo que não comprar sozinho não resolva. Inclusive, fico feliz que, no final de tudo, de toda essa treta, abriu-se uma discussão saudável sobre o assunto (o que acredito nem ter sido intenção dos canais envolvidos). Só que, 'não comprar' é PARTE do movimento de solução. Quem compra, vê mofo e não devolve, ajuda a passar a ideia que 'o mofado também vende. Ganho menos, mas vende'. O desavisado só vai estar desavisado se consumir única e exclusivamente o conteúdo do canal que tem relação de marketing com editora. Dai, me desculpa, a culpa também é do espectador que acreditou em uma única fonte de informação, que não foi em bate papo, não visitou fórum, não procurou outros meios de informação. Ainda, se o desavisado comprou e tava com defeito, CDC tá ai para ser usado. Se ele, mesmo assim, não devolve pois acha que 'devolver não resolve o seu problema', então não sei nem com opinar. Ele quer o que? Que a editora refaça tudo em uma semana e mande tudo perfeito? Sonhar é necessário, mas vamos ter os pés no chão... heheh
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Sobre o Celso Russomano eu já mencionei no comentário anterior.
Acho que é isso.
Abraços!