Para que tudo não fique
meramente como uma narrativa pessoal, inicialmente o INSIGHT aqui é:
"Além do que nos leva ao hobby, o que transportamos pra ele?" Assim sendo, quero falar ano por ano da minha "caminhada" de quando em quando vou fazer as postagens da primeira metade nesse ano vigente(2023) e deixo a segunda metade da década de boardgamerzice pra futuras postagens de 2024 (Até pro canal não ficar discorrendo apenas sobre isso

). Pra não virar apenas um grande diário e não ficar divagando de uma forma que só tenha valor pra mim (por serem memórias), fora o insight central citado acima, as postagens terão a seguinte estrutura:
-Como estava minha "mente jogadora" na época, pelo menos até onde consigo lembrar no feeling de retrospectiva, e como essa mentalidade/perfil de jogador vai se moldando com os anos avançando.
-Qual o melhor jogo que conheci e adquiri naquele ano, e que está na coleção até hj! Remetendo ao porquê de possuir uma cópia, seja pelas mecânicas que conheci ou revisitei de forma diferente, seja pela abordagem/tema e demais motivos que possam somar-se a essas 2 vibes que tendem a ser o que nos faz adquirir um título.
-Qual o jogo que disse adeus, e merece destaque por fazer falta em algum nível(nem que seja pelo saudosismo) ou que não faz falta nenhuma e "já foi tarde" (desapego seu lindo, tudo bem com você?)
-Uma amarração mais ou menos conclusiva, dando alguma deixa para o ano seguinte, nesse primeiro caso o vindouro 2015.
Então bora lá!
-Sobre meu panorama de jogador em 2014:
Eu vinha do Rpg, e embora muitos jogadores gostassem da interpretação em si, nunca tive uma pegada teatral, no máximo alguns diálogos mais acalorados e utilização mais ou menos presente do gestual... Tinha quem jogasse com a interpretação dos papéis ligada no máximo, e tinha uma galera que curtia mais a exploração de dungeons onde normalmente essa pegada é mais vista na abordagem medieval do D&D/tormenta, mas jogávamos alguns cenários com outras abordagens eventualmente, né alien vs predador, né cyberbots?). No mais a mais meu grupo era focado nesse aspecto de explorar dungeons, embora todo tipo de jogador fosse bem vindo. Hoje reflito que nos boardgames traçamos mais fácil a questão de perfil de jogador (ameri, euro, party/casual, abstrato, mix disso tudo etc), mas o rpg notadamente também tinha fortemente suas subtribos.
Então o que é que sai de um jogador que curte narrativa(mas nem tanto interpretação), situações cheias de perigos e mistérios + rolagem de dados?
Eldritch Horror!!! E a vontade de matar monstros em waves, andar explorando e pilhando os mapas?
Zombicide!!! Como herança do xadrez (tabuleiro em grade, e conflito direto/duelo) ainda entrou um
Summoner Wars: Master Set como cereja do bolo... E tudo era lindo e semi-perfeito, e cada jogo ia ser jogado uma meia centena de vezes (quase que literalmente, sem ser só força de expressão).
-Qual jogo marcou em 2014 e marca até hoje? (e os motivos em torno disso)
ELDRITCH HORROR! Sem dúvida! A medida que foram sendo lançadas expansões, fomos comprando e hoje temos o "all in" do jogo, bem conservadinho (tirando um ponto de mofo ou outro, coisa bem tétrica e de acordo com o tema haha). O que ele entrega de melhor é o senso de urgência, o fator cooperativo de uma forma ferrenha e onipresente (grupos experientes discutem e otimizam planos, ao invés de ter problema de alpha player, pelo menos no nosso caso). A pegada de atributos + rolagens de dados encantava demais, e as cartas quase sempre cruéis faziam a vez do mestre ou narrador (não 100%, mas de forma mais do que satisfatória pra este kina que vos fala). A win rate baixa/baixíssima, o clima de "estamos ferrados" em 80-90% do tempo, e pra coroar, a gigantesca lição de que o que importa em certas jornadas é o caminho, e não apenas a chegada ao destino com sucesso. Entendam... você jogar 9 anos depois, ganhar no último turno resolvendo um baralho especial (e dificílimo) e em vários momentos da partida, ainda poder dizer "nunca vi nem esse evento, nem esse item" é simplesmente mágico (acabou de acontecer agora em março de 2023). Então os INSIGHTS lúdicos que o jogo trouxe foi sobre =jogo cooperativo= (nem imaginava isso fora do rpg), =a partida evento= (3 ou 4 eventualmente 5 horas, embora tenhamos um recorde pessoal de 1h50 contra yog sottoth que é o mais fraco se rodar só com o jogo base), o =gerenciamento de crise= (que virou uma paixão, solidificada em
Pandemic,
Flash Point: Ao Resgate e tantos outros) e questões de =win e lose conditions=, onde perder é largamente mais contemplável do que ganhar.
Ainda havia dois bônus: o mapa mundi remetia a infância embora como já disse não era nenhum jogador assíduo de war, e o tema de horror cósmico sempre teve apelo pra mim. (Na verdade horror em geral, da sangreira ao psicológico). E tentando não cair no erro de defender exageradamente um dos seus jogos preferidos, mas tenho que dizer: quem acha que eldritch é "só" sobre rolar dados e tirar 5 ou 6, tá redondamente...
certo! perae, sério???

Pior que é, mas isso é reducionista, o problema reside no "só" da questão! Como dizer que um dungeon crawler é "só" sobre subir de nível e pegar itens melhores, um euro é "só" sobre andar numa trilha de pontuação, um abstrato é "só" sobre padrões de pecinhas coloridas e por aí vai... vc pode focar no processo ou nos determinantes finais, apenas no output derradeiro do jogo, se for pra desgostar um jogo, pelo menos desgoste de forma encorpada, ou será "só" isso

-Quais jogos marcaram em 2014 mas não permanecem na coleção? (e os motivos em torno disso)
Já dei a deixa lá em cima quando falei de Zombicide e Summoner wars. Cabe dizer que não havia preocupação com rotativade, pelo contrário... primeiro que tinhamos no máximo 2 dezenas de títulos por assim dizer(hj tenho uns 90-95), e segundo que o desapego não tava "ativo", era mais fácil dar
chances e mais chances pro jogo... Faz parte da velha saga da lapidação do perfil de jogador, que todo mundo passou ou tá passando. Então apesar desse post focar no giro de 2014, summoner wars só foi vendido em 2015, acho q perto do final do ano inclusive, e zombicide em algum momento de 2016 se não me falha a memória. E o que houve? ZOMBICIDE fazia muito bem o papel de porta de entrada, cumprir seus cenários pra gente era como ir fazendo as quests do saudoso hero quest entendem?
A sensação de apocalipse zumbi quando o tabuleiro lotava era boa demais, nunca nos incomodamos em ficar tirando e colocando as minis (ainda que pra muitos seja visto como "enxugar gelo"). Mas bateu a bad na problemática das regras não funcionais, como por exemplo atacar seus amigos antes dos zumbis, caso use armas de fogo... como assim? Se dirigir um carro, atropela os colegas prioritariamente, se um zumbi tiver motivos iguais para seguir em mais de uma direção ao movimentar, ele se divide em 2, gerando um novo zumbi... e outras discrepâncias do gênero. Isso incomodou um pouco, até incomodar muito, até virar meio que esforço botar o jogo na mesa, então ele alçou voo pra outras pairagens, opa, outra coleção. Mas pouco depois seguimos com o
Zombicide: Black Plague (2015) que já trazia alguns "patchs" e o
Zombicide: Invader (2019) alavanca ainda mais a franquia, com a redenção do cenário moderno vindo no
Zombicide: 2ª Edição (2021) haha, o bom filho a casa torna. Já o SUMMONER WARS foi cansando mesmo.
Talvez não tenhamos entendido plenamente o jogo, pois acabava sendo um bocadinho desiquilibrado, com clãs/times claramente melhores (na nossa experiência ao menos) e como a entrega dele era um skirmish super direto, foi desgastando demais. Jogava com meu irmão e posso dizer que eramos nivelados, porém rolavam uma sequência inteira(digamos 4-5 partidas) dele ganhando e depois sequências minhas... Parecia que a gente tava combinando, mas era mais o desequilíbrio entre os times se mostrando mesmo. O que falava mais comigo era um pouco da pegada do Final fantasy tatics (pra quem conhece esse jogo do saudoso playstation 1

), mas ele entrou na máxima de "se esforçar pra jogar", e tive que
arrastar pra cima abreviar a permanência dele com a gente.
-Não sei, só sei que foi assim...
O que este kina que vos fala pode dizer é que foi um ano surpreendente, a entrada no hobby é um marco e tanto! O feeling era de conhecer um chocolate novo que já se torna favorito, ou de só conhecer pizza mussarela e ir para um rodízio com novidades a cada palmo. (Metáforas gastronômicas demais, eu sei!) Então era tudo um amálgama maravilhoso de transportar os fatores que curtia em hobbies anteriores para esse novo hobby + conhecer horizontes novos (mecânicas bem diferentes, ou a mesma mecânica com outra abordagem e por aí vai). Eu realmente entrei de cabeça nesse nosso mundinho, era bem "fogos de artifício" / borboletas no estômago, e recordo com carinho disso, evitando o clima de que agora "tudo mudou" ou está menos legal, e sem sentir nada negativo por essa efervescência ter passado... É só que era
excepcionalmente bom! Picos de "feels good" que (quase) não voltam mais

Adianto que
2015 foi um desdobramento, não que tenha sido mais do mesmo, olhei em outras direções e claro que tive/tenho outros jogos que se tornaram marcos nesse ano seguinte.
A aura de novidade com certeza ainda estendia seu manto com folga, falarei sobre o segundo ano de exercício do hobby, afinal, e como a sobriedade demorou a chegar, vou tentar recordar se cai na armadilha do consumismo (aquele boom de aquisições que muitos colecionadores não conseguem evitar) nesse ano de 2015 ou no seguinte, que foi 2016. Espero que acompanhem essa saga, que busca apenas explicitar tanto os lugares comuns quanto os diferenciais que temos singrando essa loucura de ludoverso que é nosso amado hobby

Se quiserem fiquem muito a vontade pra
colocar o currículo nos comentários dizer como foi a entrada do hobby de vcs e quantos anos tão nesse barco
viking. Ainda tem 9 anos de recapitulada, que vou distribuindo nas postagens do canal.

Espero ter sido proveitosa minha recapitulada de primeiro ano de hobby, propondo pensarmos junto nas coisas que nos levam ao hobby, mas também no que iniciamos transportando pra ele! Isso tudo seja vindo de experiências e vontades prévias na vida, seja vindo de hobbies anteriores
Então é isso, inscrevam-se, acompanhem! Até a próxima batida de "Kina"!!!