Por Jason Meyers
Fonte: https://www.boardgamegeek.com/thread/1433545/trail-gears-islaythedragon-review-incredible-exped

Mistérios sempre seduzem você. E perigo. Eles são parceiros em seu destino, atraindo-o como sereias para explorar questões furtivas na sua perseguição da história - histórias de impérios perdidos e lendas desconcertantes. Aventura. E em suas viagens fantásticas para desbloquear os maiores mitos de todos os tempos, você teve muito disso. Você ganhou uma riqueza inimaginável ao encontrar a Cidade Perdida de Cibola. Recebeu conhecimento arcano poderoso ao decifrar o Manuscrito Voynich. E abriu as origens da própria humanidade na descoberta da Lemuria. Mas um dos maiores mistérios da civilização sempre iludiu você. Onde está Atlântida e o que ela é?

Como jogar

Incredible Expeditions: Quest for Atlantis coloca você no comando de uma sempre fantástica, e muitas vezes bizarra, busca para descobrir a civilização perdida de Atlantis. Vestindo as pessoas e equipando os dirigíveis improváveis de capitães maiores que a vida, você precisará recrutar uma equipe forte e equipar o seu dirigível com engrenagens e ferramentas peculiares, a fim de sobreviver à viagem escura, misteriosa e perigosa para a Antártida - onde o professor Pendergast determinou onde Atlântida estaria.

Você pode realizar esta viagem em uma corrida contra um ou mais nefastos capitães lutando entre si com jogo sujo e travessuras, bem como combater obstáculos próprios de uma esgotante jornada. Você pode se juntar com outros aventureiros para encontrar a terra lendária de forma cooperativa, sabendo muito bem como esse passeio é repleto de perigos. Ou você pode enfrentar os perigos da solidão invernal sozinho. De qualquer modo, Incredible Expeditions é um jogo de cartas estilo RPG passado em uma era vitoriana alternativa ou Edwardiana que usa a construção de decks para adquirir a tripulação e o equipamento para resolver encontros.




Assumindo o papel de um dos cinco capitães do jogo, cada um com uma habilidade única, você começa colocando seus mini-dirigíveis adequados e soberbamente esculpidos em Port City, representada por um tabuleiro. Cada aventureiro também começa com um deck idêntico de recursos de 15 cartas. Uma série de outras cartas de localização ficam viradas para baixo entre você e seu destino final, a cidade dos afogados, Atlântida. Cada local requer que você derrote com sucesso uma série de encontros para navegar para a cidade submersa, onde você tem que superar dois testes no mesmo turno. Se você prevalecer, os segredos da civilização condenada são seus - e todos os seus tesouros. Mas a que custo?

Os jogos competitivos e cooperativos/solo tem algumas variações, mas a estrutura geral é muito semelhante. No seu turno, você pode descansar ou ir adiante à aventura. Enquanto descansa, você pode atualizar todos os seus tripulantes exaustos e contratar novas personalidades e/ou adquirir equipamentos. Há três formas de moeda: dinheiro, heroísmo e caveiras. Cada carta de personagem e de recursos requer um custo em um ou mais recursos. Você pode pagar por estas de duas maneiras. Você começa com um estoque de fichas, e pode acumular mais, que representam esses ativos. Você mantém os marcadores até gastá-los. Você também pode ganhar recursos temporários cada vez que esgotar os membros da tripulação ou jogando cartas de recursos, que existem no deck padrão, pelo seu montante especificado. No entanto, este capital de curto prazo volta para zero no final de cada fase de repouso.

Você pode colocar novos companheiros imediatamente para uso, beneficiando-se da sua alocação de recursos ou outras habilidades no mesmo turno. No entanto, as cartas de recursos adquiridos irão para a sua pilha de descarte, para que você não consiga usá-las de novo através do seu deck atual.




O descanso é como soa - recuperar os gastos de sua viagem. A verdadeira ação acontece quando se aventura à frente para enfrentar perigos desconhecidos. Alguns locais são mais acolhedores do que outros - muitos apresentam algum benefício adicional, capacidade ou sanção (como a colocação de maldições sobre os membros da tripulação). No entanto, o principal obstáculo é determinado por um tabuleiro de encontro representando algum teste terrível e/ou fantástico. Estes requerem um montante ou a combinação de heroísmo e caveiras para prevalecer. Tal como acontece com a compra de novas cartas na fase de repouso você usará marcadores, cartas de benefícios da tripulação e de recursos para conseguir meios suficientes para derrotar os encontros. Se bem-sucedida contra tal provação, redefina seus recursos temporários para zero e, se você se sentir particularmente ousado ou com sorte, mantenha-se aventurando para enfrentar qualquer número de batalhas. Mas cuidado. Se você perder, você sofrerá consequências como a perda de membros da tripulação. Ou pior.

A versão cooperativa/solo acrescenta a trilha de perigo. Cada vez que um novo local é revelado você deve comprar e resolver uma carta de perigo. Além de contratempos infelizes, denota um número de problemas a aumentar na trilha de perigo. Se isso atinge um determinado limite é fim de jogo! Além disso, você só pode descansar três vezes (embora você possa ajustar isso para aumentar / diminuir a dificuldade como você desejar), enquanto que no jogo competitivo, você pode escolher descansar tão frequentemente como você gostaria. Assim, no jogo cooperativo você não terá uma poderosa equipe ou muitos recursos, mas você pode trabalhar em conjunto para derrotar encontros. Na variante competitiva, você pode melhorar tanto quanto você gostaria – mas é claro que corre o risco de ser deixado de lado e ficar à deriva no ar ártico gelado!




Em frente a todo o vapor? 

Steampunk são muitas coisas para muitas pessoas. No entanto, mesmo que o gênero esteja na ponta dos pés cada vez mais em avenidas principais - muitas vezes para o desespero e desgosto dos seus adeptos incondicionais - que continuam a confundir a maioria das pessoas, mesmo se eles acham suas esquisitices fascinantes. Ou simplesmente estranho. Na superfície parece que está tudo sobre corseletes e engrenagens, ou autômatos e dirigíveis. Uma erva-benta anacrônica das normas sociais vitorianas e futura tecnologia que ninguém parece entender, de qualquer maneira. Muito disso parece ser escapismo - conhecidamente elaborado, mas ainda assim um desvio do quotidiano de outra forma chato ou mais amplamente a saudade de um passado que nunca existiu. Na verdade, existe um fascínio inexplicável em sua beleza e excentricidade. A forma de arte sempre proporcionou um campo de criatividade e experiência onde muitos ou exploraram a subcultura ou sua superfície.

Mas mais profundamente, steampunk é também uma mina de expressão - expressão de ideias, visão, aventura. Claro, alguns defensores acham que são apenas porque gostam de usar chapéus e óculos de medula ou fazem iPads banhados a bronze e relógios de pulso retro-futurista. Além disso, porém, existe outro meio, embora opulento, que utiliza análise de questões contemporâneas em justaposições muitas vezes surpreendentes. Em protesto contra revistas de vaidade como Vogue e Cosmopolitan, designers criaram fantasias que provam que a beleza e o pragmatismo podem coexistir. Em uma resposta a tecnologias baratas, modernas, os fabricantes podem criar equipamentos que harmonizam estética, criatividade e funcionalidade. Em reação ao pós-modernismo, escritores podem romantizar o otimismo robusto de um passado idealista e o culto ao herói de realização individual dentro de uma sociedade altamente estruturada, enquanto ainda exploram o lado mais sombrio do chauvinismo e da exploração colonial.



Então por que estou aparentemente saindo dos trilhos com este comentário social? Por causa do designer Liz Espanha, Incredible Expeditions é idealizado em steampunk e ele é claramente um campeão da arte. Assim como o subgênero tem influenciado filmes, literatura, moda, música e produtos, ele foi fazendo a sua marca no tempo dos tabuleiros, também. No entanto, não parece ter o mesmo impacto. Eu ainda tenho que ver mais amplamente suas filosofias ou sua criatividade expressa em forma de papelão. Na verdade, não estou convencido de que há mesmo um meio realista para perceber isso. Embora vagamente steampunk seja um grande estilo, Martin Wallace e Greg Broadmore chegam bem perto em Onward to Venus, com o mundo do artista Dr. Grordbort e sua sátira mordaz do colonialismo europeu. Mas a maioria dos jogos que tomam emprestados a forma steampunk o faz porque ele parece legal. 

Incredible Expeditions certamente passa no teste. A obra de arte é corajosa e imaginativa, os modelos são ricamente trajados de forma estranha e os minis dirigíveis esculpidos são surpreendentes. Mesmo o dado é primorosamente trabalhado no estilo (embora, infelizmente, ele ignora o desejo do steampunk para a funcionalidade, bem como a estética, porque é quase impossível de ler). Então, sim, o jogo parece muito legal. Mas para tirar proveito de seu tema, um projeto que emprega steampunk deve ser um pouco avançado ou exala um senso de aventura, romantismo, mesmo excitação. Incredible Expeditions faz isso - pelo menos até a metade.




Isso significa que Quest for Atlantis, como qualquer projeto deve permanecer fiel à aura do steampunk, que não é definida por sua mecânica - e certamente não vai ser "elegante". É um jogo de construção de deck, e você pode construir cuidadosamente sua base em uma coerente estratégia. Mas, em seguida, elementos do design e ação narrativa derrubarão planos rapidamente deixando-lhe chateado alguma vez. Isso principalmente porque é difícil de se preparar para as provas que se encontram ao longo da viagem, porque você não sabe o que enfrentará. Você poderia facilmente descobrir locais amigáveis e/ou comprar encontros simples para que sua tripulação e recursos fiquem devidamente equipados. Então, novamente, você poderia facilmente enfrentar dificuldades insuperáveis em um cenário que exige mais heroísmo ou caveiras do que você pode reunir, ou que aleija você antes que a luta comece mesmo. Mais uma vez, tal como com outros projetos de construção de deck, existem cartas que permitem você reconhecer locais ou picos à frente em encontros. No entanto, muitas vezes você está voando às cegas.

Eu sempre hesito quando uso a frase "experiência de jogo". Muitas vezes injeta uma conotação pejorativa onde ninguém se entende. No entanto, isso é o que é incrível em Expeditions. Você deve ter um plano para construir o seu deck e tripulação, mas, novamente, há muitas voltas e reviravoltas da narrativa onde você vai encontrar-se mal preparado em algum momento – geralmente em mais de um. Em vez disso, o RPG e o conto de histórias ficam mais brilhantes do que o elemento de jogo sério. Esta é uma missão para a Baronesa du Rochefort pilotando sua Orchid Arctic na fábrica de uma idade esquecida, contando com sacrifícios nobres e um pouco de sorte, esperando que seu caçador possa reunir caveiras suficientes para superar um Basilisco que apenas afligiu seu fiel navegador com uma Maldição do Coração Congelado!

A grande coisa é que tudo funciona. De fato, Incredible Expeditions é um dos melhores jogos steampunk que eu joguei e/ou vi. Um jogo que aborda o gênero deve ser caótico, repleto de conflitos e um pouco não convencional. Como outro grande exemplo de infusão ao gênero é Mars Needs Mechanics que injeta mecânica previsível, como seleção de papéis e maioria de área com interação desagradável e eventos caprichosos. Eu não quero um Euro puro que apenas bata sobre o tema como Mars Needs Mechanics ou Spyrium. Tem que haver alguma contra cultura punk para dar justiça ao gênero. Incredible Expeditions faz isso com a sua principal mecânica. Você gosta de seus decks cuidadosamente construídos? Sim? Bem, aqui você vai construir, e boa sorte com isso, meu velho!




Todos os três modos apresentam os seus pontos fortes e fracos no jogo, que é a integração temática. O jogo competitivo irradia o mesmo espírito de rivalidade e antagonismo encontrado em grande parte da literatura steampunk. Há uma abundância de oportunidades para sabotar seus adversários. Além disso, o objetivo final é uma corrida, o que certamente representa bem o tema. A principal desvantagem com esta variante é que os jogadores ficam muito tentados a sentar-se e acumular antes de se aventurar, garantindo que eles são tão fortes quanto possível antes de enfrentar os perigos iminentes. Há dois elementos para combater esta tendência. Você só está autorizado a comprar tripulação e/ou recursos perto da terceira rodada. E você não pode reciclar sua pilha de descarte até que você deixe Port City. No entanto, a restrição é discutível uma vez jogada. O resultado de downgrades ligeiramente sentido nas histórias de aventura é contrária ao seu espírito de tornar mais fácil superar encontros. Há ainda o aspecto de corrida, e você pode arriscar-se a ficar para trás se seus concorrentes saem na frente. Invariavelmente aqueles que se apressam, no entanto, são atacados.

Eu recomendo o modo cooperativo. Não há nenhuma arena do subterfúgio, mas o coração da camaradagem funciona bem, a Liga de Cavalheiros Extraordinários. Infelizmente, deve estar preparado para um desafio mais difícil. Sua equipe só pode executar três ações. Você pode adquirir até quatro cartas na versão cooperativa, em vez de três. No entanto, sua tripulação e equipamentos ainda serão esparsos e mais preciosos. Na verdade, vocês ainda têm um limite de tamanho da tripulação para escalar segundo o número de jogadores. Daí a necessidade de contar com a ajuda de seus colegas aventureiros para superar os obstáculos da viagem. E em vez de uma corrida um contra o outro, você está correndo contra o tempo. A trilha de perigo constrói uma tensão palpável enquanto você descobre e recolhe as chaves necessárias para avançar de Port City ao segredo final de Atlantis. Você quase pode usar a sua progressão para escrever um romance.



Incredible Expeditions serve bem seu gênero. Assim como steampunk irreverentemente passa pelo Victoriano estruturado com o qual tem uma relação de amor e ódio, Quest for Atlantis prova-se pouco ortodoxo com a principal mecânica que ele escolhe abraçar. Seu elemento de construção de deck que muitos estão acostumados oscila de forma estratégica apenas dentro do alcance. E há certamente combinações interessantes para criar e algumas maneiras de manipular seus recursos. No entanto, não há aleatoriedade suficiente, interação e maldições do "isso e aquilo" a zombar de seus melhores planos e desfazer os baralhos mais cuidadosamente construídos. Então, basta contratar uma tripulação capaz e estocar o seu dirigível com mapas, cartas suficientes e barras de ouro. Só sei que os seus preparativos cuidadosos vão caoticamente desvendar como a sua tripulação amaldiçoada é puxada pelos caprichos de terrores indizíveis que não podem ser descritos...

Prós:
- Grande uso do tema steampunk
- Mecânica e jogabilidade geram narrativas de aventuras
- Miniaturas soberbas
- Competitivo, cooperativo ou solo
- Excelente valor de rejogabilidade
- Uso exclusivo de construção de deck

Contras:
- Sorte pode desfazer estratégia
- Demasiada preparação pode drenar emoção de encontros
- Não vai atrair aqueles que não gostam dos estilos steampunk e RPG.



Traduzido por mgstavale