GuiGi::Boa noite! Em primeiro lugar, parabéns pelo texto! Ainda que em algumas partes tenha ido longe no pensamento, isso em sí não é demérito, mas desencoraja um pouco a leitura de alguns kkkkk; aviso também que não estou com coragem de revisar o que vou escrever aqui, então pode ser que tenha uns erros de português...
Queria levantar alguns pontos em relação ao tema de colonização que você citou; mas, de antemão aviso que li apenas uma vez seu texto e ainda tarde da noite, então se eu deixei passar algum ponto ou confundir algo, já peço que me perdoe kkk.
Acredito que é evidente que em alguns pontos, a cultura indígena foi sim melhorada, não por que os índios são uma espécie inferior de seres humanos, mas por que o isolamento muitas vezes empobrece o ser diante de uma infinita realidade; é claro que para concentrar-se em discorrer sobre um assunto, o isolamento é um grande potencializador, mas viver isola já é outra história;olhemos para a filosofia grega, um componente do tripé da cultura ocidental; ela nesceu por meio de uma síntese que os gregos fizeram juntanto a filosofia egípcia, babilônica e sua própria.
Vamos tomar o Brasil como exemplo dahan: Quando os portugueses chegaram, os índios viviam em estado de guerra; os botocudos eram guerreiros ferozes, e isso já desmente, como você mesmo já disse, a falácia de Rosseaou sobre o "bom selvagem"; com a colonização, fomos abençoados com uma espécie de democracia ainda que muito cedo, com a eleição dos "homens bons"; nossa escala musical foi enriquecida e toda a noção de música em sí, e muito mais se formos explorar mais o assunto.
Olhemos agora para uma citação de C.G. Jung em "Fundamentos da Psicologia Analítica": Os índios pueblo afirmaram-me que todos os americanos eram loucos. e lógico que fiquei um tanto espantado e perguntei por que pensavam assim. "bem, os americanos dizem que pensam co ma cabeça. Nenhum homen sadio pensa com a cabeça. Nós pensamos com o coração." Esses índios se encontram exatamente na idade homérica, onde o diafragma (Phren = espírito, mente) era considerado sede das atividades psíquicas, o que significa uma localização psíquica de natureza diversa. Nosso conceito de consciência supõe que nossos pensamentos emergem de nossa digníssima cabeça, enquanto que os pueblo derivam a consciência da intensidade dos sentimentos. Pensamentos abstratos simplesmente não existem para eles. Por serem adoradores do Sol, tentei impressioná-los com o argumento de Santo Agostinho: Deus não é o Sol, mas sim o criador do Sol. Foi-lhes impossível assimilar essa ideia, pois não conseguem ultrapassar as percepções de suas sensações e de seus sentimentos." Não quero levantar aqui uma questão filosófica a respeito da consciência e sua possível localização mas sim na capacidade de abstração, que pode ser vinculada ao pensamento dos indígenas com o contato e aprendizado com outras culturas.
Em relação a imersão que o tema, as imagens e até mesmo as mecânicas do jogo proporcionam são realmente surpreendentes.... Os significados dos elementos gerados pelas cartas são tão profundos, e tão "reais", que fazem eu ficar até mesmo em devaneios no meio da partida kkkkkk, cara, é muito bom! Mais uma vez, parabéns pelo post, curti muito a profundidade que trouxe em sua reflexão.
Olá, boa noite! Muito obrigado pela leitura! É sempre bom ter ótimas discussões! Obrigado mesmo.
Sobre o isolamento, pelo que eu conheço, acho que todos os registros científicos, sejam eles arqueológicos, paleontológicos, etnográficos ou historiográficos, sobre os povos originários das Américas, jamais apontaram pra qualquer contexto de isolamento. Muito pelo contrário: havia centenas de línguas e povos, com relações diplomáticas e comerciais (algumas conflituosas) que chegavam a ter uma influência de dimensões continentais e intercontinentais. O isolamento nunca foi a regra e muitos isolamentos foram estratégias de sobrevivência após a chegada violenta do colonizador.
Esse estado de guerra que você traz eu também não consegui encontrar nas fontes que eu leio. Claro que havia guerras, mas carimbar o contexto como se houvesse um contexto generalizado de guerras e violência entre os povos acho que é mais uma perspectiva do discurso do colonizador, sobretudo nos textos de viajantas europeus que produziam narrativas no estilo "Viagens Pitorescas" de Debret. Outra coisa legal é tentar não comparar a função social da guerra nas sociedades indígenas com a função social da guerra nas sociedades modernas. Há um abismo enorme entre elas (Florestan Fernandes tem um livro legal sobre isso)! Mas trago aqui as coisas que leio, estudo e ouço destes povos. Abro-me à sugestão de qualquer leitura que de bom grado queira me indicar. Será uma satisfação!
Bem... sobre Jung, eu não entendo das contribuições dele para a Psicologia, mas não traria como evidência científica suas considerações sobre os povos originários. Não estou desmerecendo a cientificidade de Jung, mas é que desconheço também trabalhos científicos desse autor que tenham como foco analisar questões psicológicas de povos originários. Mas, como cabe a qualquer agente da ciência, ele levantou suas hipóteses sobre estes povos, só nunca li um trabalho dele que tenha testado tais hipóteses. Se eu estiver falando besteira, gostaria de ler esses trabalhos de Jung. Realmente, nunca encontrei nada sobre.
Sobre os Gregos... bem... eles fizeram muito mais uma xerox da cultura do Kemet do que qualquer outra coisa. Rsrsrs Mas isso é um assunto que talvez fuja ao tema do jogo (ou talvez não!).
E mais uma vez, obrigado pelos comentários!