Boa tarde pessoal,
Sou um apaixonado por board games como vocês. Depois de ter um contato com vários títulos e jogos, decidi escrever uma lista de “dicas” para os futuros designers de board games, principalmente os brasileiros. Claro que não sou nenhum expert em design e produção, mas queria listar algumas coisas que podem incomodam em alguns jogos e que poderiam ser evitados.
Abaixo a lista:
- SE O JOGO POSSUIR CARTAS, UTILIZE O PADRÃO: Sei que chamar uma carta de tamanho padrão é bizarro, até porque há vários tipos de tamanho padrão, mas porque não usar os tamanhos mais comuns, como os STANDARD EURO e o STANDARD USA? Quase todo mundo que eu conheço gosta de sleevar as cartas e nem sempre é fácil achar sleeves aqui no Brasil. Pensem nisso no momento que forem desenvolver os jogos. Cartas quadradas, por exemplo, são legais e dão uma cara diferente para o jogo, mas tenha certeza que será muito complicado para seus clientes acharem os sleeves para essas cartas. Em muitos casos as diferenças de tamanho são consequências da produção, na qual as empresas buscam um melhor aproveitamento da matéria-prima (no caso o papel), mas ainda sim acredito que usar o tamanho padrão é algo para se considerar. Como exemplo temos os jogos da CGE (Czech Games Edition), que usam umas cartas com tamanhos bem diferentes e também as cartas “Omen” do Betrayal at House on the Hill. Ah, e claro, no caso de cartas, SEMPRE utilize bordas arredondadas.
- SE FOR FAZER INSERTS E O JOGO POSSUIR CARTAS, CONSIDERE DEIXAR UM ESPAÇO PARA AS CARTAS COM SLEEVES: infelizmente é comum ver esse tipo de erro. Tenho vários inserts que eu tenho que descartar porque eles simplesmente não comportam as cartas com sleeves. Lembrando, estamos falando de um hobby e que as pessoas, querem preservar o seu jogo, e isso inclui sleevar as cartas. Então, se forem trabalhar com a possibilidade de inserts, considerem um espaço para as cartas já sleevadas. Esse tópico pode ser ainda mais drástico, conforme comento abaixo. Para mim um exemplo positivo de jogos que pensaram nisso são Tobago e King of New York e para exemplos negativos tem o Ticket to Ride (versão da Days of Wonder) e Quantum.
- O TAMANHO DA CAIXA DEVE COMPORTAR O JOGO SLEEVADO: em alguns casos é comum ver empresas reduzem tanto o tamanho da caixa e que, ao final, não comportam o jogo sleevado. Pior ainda são os casos de jogos que praticamente não comportam o próprio conteúdo. As fichas (tokens), que geralmente são enviados “unpunched”, possuem o melhor aproveitamento de espaço possível e que, quando as fichas são tiradas do “punchboard”, elas passam a praticamente não caber na caixa. Ao elaborarem um protótipo, levem isso em consideração. Um exemplo aqui é o Tichu e Fidelitas.
- LEMBREM-SE COMO OS JOGOS SÃO OU PODEM SER ARMAZENADOS: aqui eu volto a falar dos inserts e das caixas. Os designers/empresas precisam considerar que algumas pessoas guardam os jogos deitados (uma caixa em cima da outra) enquanto outras guardam o jogo em pé (como se fossem livros). Se o insert não for praticamente perfeito, então existe uma chance dele não funcionar para jogos que ficam em pé. É o caso do SmallWorld Underground e do Lords of Waterdeep.
- DEDIQUEM TEMPO NO MANUAL DE REGRAS: essa é uma parte importantíssima do jogo, porque é o primeiro contato que a pessoa vai ter com ele. Uma leitura fácil irá ajudar muito na experiência que o jogo vai ter. Nem todo cliente quer ficar entrando em fórum ou em sites para ver erratas das regras. Aliás, esse seria um bom termômetro de feedback do seu próprio manual, ou seja, quanto menos perguntas fizerem, melhor o manual. Pensem em colocar exemplos e também deixar um “Player Aid”, que funciona como um resumo das regras e facilita o jogo. Aqui, o clássico exemplo negativo de manual é o Ghost Stories.
Claro que deve haver outros exemplos então, se puderem, vamos compartilhar outros tópicos. Aqui o objetivo não é ficar de #mimimi nem reclamando, mas sim ser um tópico de colaboração para os futuros designers.