DuqueXenofontes::Acredito que muita gente está ligando o hate automático contra a Galápagos e sequer leu a carta com calma.
Apoiam a carta citando o preço abusivos dos jogos recentes (até mesmo de jogos que nem são da Galápagos), mas não percebem que isso não é a reivindicação desse grupo de lojistas.
Vou repetir aqui o que escrevi em outro tópico. Entendi que a relação do lojista com a Galápagos não é fácil, são condições muito ruins para o lojista quando comparado a outras editoras/distribuidoras. Mas o que se pede para a Galápagos na carta é:
– fechar seu e-commerce e encerrar em definitivo a distribuição “cinza” na Amazon –
Não tenho certeza se isso vai resolver o problema... Talvez para alguns lojistas. Mas vai resolver para nós jogadores?
O B2C da Galápagos, na maior parte do tempo, vende tudo a preços absurdos. Vejo isso como um limitante do preço máximo, não uma concorrência direta.
Diminuir as opções de compra e tirar o preço máximo vai ser bom para nós?
Hoje o Masmorra do Mago Louco, citado na carta, está por R$ 690,00 na Amazon. Fico imaginando ele sendo vendido em algumas lojas por R$900,00 mais aquele frete camarada que muitas vezes passa dos 3 dígitos para regiões mais afastadas.
Concordo que a relação da Galápagos com os lojistas precisa melhorar, mas deveriam reivindicar um desconto maior, condições de pagamento mais favoráveis, acabar com a exigência de pedido mínimo, etc.
Vou acompanhar a discussão, pois nesse momento não consigo apoiar a carta.
Perfeita a sua análise, pois um pronto posicionamento não costuma colocar ninguém defendendo a posição mais adequada. Para ajudar, vou relatar aqui a minha posição e um pouco do que me motivou a ter minha loja sendo uma das assinantes da carta.
Sim, optamos por iniciar o debate dessa forma pois a Galápagos hoje é a responsável pela maior fatia do mercado de jogos de mesa. A iniciativa teve inicio com o apoio que a editora prestou a Ludus, mas de modo algum deve ser entendido como uma ação de inveja com o beneficio dado para a luderia. Cabe perceber que do ponto de vista de uma empresa que faz parte da cadeia de consumo, essa prestação de apoio seletivo excluiu todas as outras empresas que são tanto ou mais empenhadas em ampliar o mercado. Ainda que inquestionável o fato da Ludus Luderia ser um bastião. E que ao cair deixaria clara a degradação de todo esse mercado. Com isso sendo a ultima gota de água antes de romper a tensão superficial do copo.
Mas tendo os últimos fatos como estopim para a organização de um grupo, já demos inicio a uma agenda de proposições. E essa agenda trás a perspectiva dos empresários, em maior ou menor porte, mas que por natureza consideram as questões financeiras em primeiro plano. E por isso optamos em uma solicitação específica que irá dar gás para maiores ações, tendo em vista que hoje esse grupo não pode ofertar maiores ações em pró do publico consumidor justamente por contar com pouca lucratividade. Percebam que, em média, os lojistas possuem 30% de lucro em relação ao valor de tabela dos produtos da maioria das editoras, enquanto a maior empresa do ramo trabalha com 15% para pequenos negócios e 25% para os maiores. Essas margens são justamente o que nos possibilita realizarmos promoções de vendas, organizarmos eventos, estruturarmos melhorias e ampliações nas nossas operações e definição do quadro funcional das nossas empresas, além do pagamento dos nossos tributos.
É claro que de inicio o encerramento dos canais diretos de venda das editoras não trará benefícios aos consumidores. Inclusive deixo bem claro sabermos que essa ação trará prejuízo com a redução da oferta e aumento do preço. Mas em médio prazo, isso permitirá que os valores praticados se estabilizem novamente em patamares acessíveis, possibilitando que as empresas que atuam na linha de frente possam novamente prosperar e trazer aquilo que sempre trouxeram ao publico - a experiência física com jogos e o encontro entre pessoas. Prática fundamental desse mercado, que foi proibida por motivos de saúde e que corre o risco de se tornar escassa agora que estamos chegando perto de superarmos esse período de isolamento. E, em longo prazo, possamos novamente considerar que essa hobby deixe de ser um nicho e volte a crescer para se tornar um mercado maduro.
Outro fato que quero ressaltar aqui é que essa carta não é impositiva, é a primeira peça de dominó a ser derrubada. Os consumidores, você que se diverte jogando, que tem prazer em experimentar um jogo pela primeira vez, que usa os jogos como pretexto para juntar as pessoas que ama sob o mesmo teto, ou qualquer um que se identifique com a causa tem o direito de reivindicar um mercado mais saudável. Estamos aqui lutando, colocando nossos nomes para serem julgados, porque já recebemos muitos desabafos e lamentos de nossos clientes e sabemos que há muita gente infeliz com o rumo que o mercado de jogos de tabuleiro está tomando. Não é só uma luderia, o problema é toda a cultura e vícios que permeiam um hobby que deveria unir e divertir as pessoas. Esse é só o começo, a Galápagos, assim como a Ludus Luderia, é só um bastião. Mas diferente da Ludus, assa representa todas as outras editoras que tem atuado indiscriminadamente ao ocultar suas razões comerciais opressivas e equivocadas atrás de uma mascara lúdica.
Por isso, não se cale por discordar, pontue, conteste, mas agregue sua percepção a esse movimento e vamos criar um mercado mais agradável para todos, pois aqui ninguém almeja encabeçar uma lista dos mais ricos, não vendendo jogos de tabuleiro. O que queremos é ver mais risadas e olhos lacrimejando de felicidade. A gente quer um lugar divertido para nossos amigos e nossa família.