Li a matéria, que é uma publicação jornalística sobre uma pesquisa científica que estava em curso. Gostaria de ler a publicação final, caso tenha lido o artigo científico para embasar o seu texto (aceito o envio, se puder me mandar). A matéria fala fala sobre uma hipótese científica de 8 crianças sacrificadas pelos incas. Você pode até achar mais algumas outras matérias falando sobre algumas dezenas ou até uma centena de sacrifícios do tipo em povos diferentes. Mas, a partir daí, o seu texto diz: "Porque não colocar nos jogos de temática ameríndia o maior sacrifício de crianças já realizado na história?"
Aqui na minha vizinhança houve uma chacina chamada "Chacina do Cabula", quando a polícia militar executou 12 jovens. Na candelária, foram 8 crianças. No Canadá, descobriram há pouco tempo que até 1990 (acredito que você já era vivo ou próximo de estar vivo nesta época) crianças indígenas eram roubadas de suas famílias em nome do integracionismo, mal tratadas, estupradas, espancadas e mortas. Encontraram 215 restos mortais de crianças indígenas. Mussolini, da Itália, matou mais de 30 mil etíopes, incluindo crianças, fora mais milhares de trabalhadores e trabalhadoras na própria Itália (mais de 400 mil italianos com apoio de Hitler), na Espanha (durante a revolução de 1936) e em outros territórios, incluindo as crianças sobre as quais você parece demonstrar bastante empatia. Várias outras nações fizeram o mesmo. Inclusive, foram os próprios italianos que tiveram que fugir desse nacionalismo torpe para tentar a vida em outros países, inclusive nas Américas. Parece que em menos de um século já superamos em milhares de % o seu "maior sacrifício de crianças já realizado na história".
Portanto, há, NO MÍNIMO (prefiro acreditar nisso), um problema de matemática ao você trazer o trecho "o maior sacrifício de crianças já realizado na história", pois os maiores sacrifícios sistemáticos e continuados de crianças já realizado na história foram e são de pessoas pretas e indígenas feitas por etnias coloniais. É o seu discurso que não é racionalizado. Com esse trecho ele parece ser "inventado". Espero que eu esteja errado.
Achei o seu caricaturesco "maior já realizado na história" um pouco desqualificante, usado para embasar uma verborragia anti discussões sobre as minorias políticas. Você traz a todo o tempo o julgamento de posturas não racionais, emotivas, cínicas e tirânicas. A todo o tempo você aponta, pune com seus comentários, mas o que dizer sobre essa sua forma de linguagem, distorcendo o que é verossímil, para embasar suas insatisfações pessoais?
Penso o mesmo quando você tenta comparar a escravidão atlântica com qualquer outra. A escravidão atlântica foi um projeto de estruturação planetária e uma lamentável variável que fez cada Estado-Nação hoje ser o que ele é e que fez cada membro do povo preto ou cada indígena sentir na pele hoje o que sentem, muitas vezes postos na condição tênue entre o que é estar vivo hoje e estar morto amanhã.
Pode ter Da Vinci, Botticelli, o que for... mas a Itália seria outra se não fosse a escravidão atlântica, assim como a Inglaterra, Suíça, Alemanha, Portugal, Espanha, França, Estados Unidos, o próprio Brasil dominado pelo latifúndio, pelo agronegócio, pelas igrejas e pela bancada da bala (reflexos do colonialismo?), Haiti, Cuba, México, Angola, Congo, Nigéria, Egito e por aí vai... Não dá para minimizar a escravidão por causa da existência do capitão do mato, nem minimizar o genocídio preto e indígena por causa de sacrifício inca e nem minimizar a discussão sobre formas respeitosas de se pensar e fazer os jogos de tabuleiro com postagens forçadas e com frases que distorcem o que já é bem sabido, tentando pôr tudo num mesmo patamar de relevância.
Parece que a querida república em todo o mundo tem demonstrado não ter dado muito certo. É melhor irmos logo procurando outras formas de viver. Há talvez nas minorias políticas, nos povos e comunidades tradicionais, por exemplo, muito mais boas práticas, muito mais bem viver, do que temos visto por aí em nosso mundo de "civilidades" ufanistas. Por isso é importante estarmos todos sim em diversidade e em constante diálogo.
Abraços e parabéns à JogaMana!