Bruno Marchena::
Muito obrigado pelo bate-papo com petiscos digitais! Estou adorando o "Desbravando Mecânicas"!
Caramba @
Bruno Marchena! Chamei pro petisco e você já trouxe logo o whisky? Muito muito legal suas colocações!
Fico muito feliz que esteja curtindo as postagens, bora seguir trocando essas idéias =]
Balanceamento: ah, besta fera indomável!
Fiquei bem curioso com esse seu design - em que a tudo se garantia a mesma quantidade de pontos. E pior que acho que o caminho é meio que por aí mesmo - tornar o maior número de estratégias viáveis. Mas interessante como viável não pode ser percebido como igual, né? Tem todo esse jogo de espelhos e fumaça que o designer tem de fazer para ocultar dos jogadores o maquinário numérico que sustenta a brincadeira. Se o equilíbrio é muito aparente, o jogo soa previsível; se ele é muito hermético, os tabuleiristas de primeira ou segunda viagem, como você mesmo apontou, podem nem enxergar o jogo como equilibrado. Porque outra boa questão que você traz é essa entre o balanceamento numérico e o balanceamento percebido, né? Será que um jogo tem de, além de ser balanceado,
parecer balanceado? E a quem ele deve parecer balanceado, ao jogador de primeira viagem? Ao jogador de dez partidas? Ao de cem?
Mas vou te dizer que eu sou contra critério de desempate, acredita? Eu até reconheço que um jogador foi um pouco melhor do que o outro, mas se não deu um ponto a mais, pra mim é vitória compartilhada. Sei lá, gosto do evento em si de dois jogadores trilharem rotas diversas, mas se encontrarem, ao mesmo tempo, no mesmo lugar =P
Acho o caminho do Spirit Island - e de tantos outros que dão ao jogador seus próprios puzzles - uma ótima resposta ao Jogador Alpha. Sabe que inclusive o BB:TGD divide os jogos cooperativos em "jogos de parceria" e "jogos de colaboração" - nos primeiros os tabuleiristas seriam entidades muito mais autônomas para perseguir o objetivo comum, mantendo controle muito mais dirigido sobre os próprios recursos, ações e decisões do que no segundo, onde as ações demandariam certo tipo de consenso. Eu não gosto muito dessa divisão, mas acho que ela traz luz sobre bons caminhos para prever o Jogador Alpha: quantas são as "entidades decisórias" nesse jogo? E o quanto elas se confundem entre si? Cada vez mais me parece que jogos cooperativos que poderiam ser jogados como solo (ou seriam jogos solo fatiados para se jogar cooperativo?) dão vazão ao surgimento do Jogador Alpha. Uma boa e péssima experiência nesse sentido, ironicamente, vem do competitivo: ao tentar jogar War of the Ring em duplas, eu desafio qualquer Tabuleirista Saruman a não ser Alpha Player. O próprio design faz você se sentir um troll de duas cabeças: você até gostaria de respeitar que a perna esquerda pertence à outra cabeça, mas como andar sem controlá-la junto?
Deu o limite aqui, então vamos jogo rápido:
Semicoop: exato, exato. Esse fiel da balança é terrível de se balancear, mesmo porque puxa nossa questão do "quebrado": basta que os jogadores percebam o inimigo como fácil ou difícil para que adaptem seu comportamento. E quantas não foram as vezes que vi CO2 afundar por conta disso =P
Perdedor Único: preciso conhecer esse Quem Foi! Acho que essa mecânica costuma brilhar mesmo em jogos mais rápidos e divertidos - "não perder" parece trazer um senso de urgência, de dinamismo, que me lembra quase uma queimada, um pega-pega, em cartas rsrs
Pontue-e-Repita: nossa, ainda não decidi se Pontue-e-Repita pode ou não significar esses jogos, mas Pax Pamir com certeza é um ótimo exemplo! Até porque a "limpeza" do mapa é um verdadeiro convite a trocar de alianças. Nunca tinha pensando nele assim, bem apontado!
Legado: eu fui um grande entusiasta da mecânica, Pandemic Temporada 1 foi marcante. Mas acho que estou a concordar contigo que há coisas melhores a se destruir.
E por fim:
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.