Viviniciusjf::Legal mesmo, parabéns. Acho que temos raízes culturais fascinantes e extremamente vastas, que podem oferecer uma infinidade de temas, mas que a gente infelizmente não valoriza (ou pior, pois sabemos que há toda uma camada da população que luta contra isso), por motivos igualmente desalentadores que já conhecemos muito bem.
Mas só uma coisa me incomoda, gente... Já que o jogo tá em pauta, eu sou uma pessoa ruim porque tenho um Mombasa na minha coleção? devo queimá-lo? Minha capacidade de abstração e discernimento de que aquilo é só um jogo e não uma espécie de bíblia ou código de valores não são o bastante? Isso realmente me preocupa, porque se for assim, então ele só a ponta do iceberg.
Isso me lembra o caso do "jogo do demônio" (termo aplicado ao RPG e Trading Card Games em vários momentos da nossa história) e aquele episódio das Família Dinossauro em que o Dino vira censor e começa a proibir palavras na TV...
Vinicius, te darei minha opinião sincera e extremamente pessoal, ok? Aí você vê como ela chega para você e o que faz sentido pra ti.
Esse negócio de bom ou ruim, certo ou errado e por aí vai, é muito taxativo. É julgamento puro. Dizer que você é uma pessoa ruim por ter um jogo como Mombasa na sua coleção seria, na minha opinião, um julgamento muito raso de quem você é. Não tenho dúvidas de que você é muito mais do que isso. E que ter este jogo não te define.
O que vejo como uma excelente porta de reflexão é justamente sair dessa mentalidade que você citou de "é só um jogo" e ir um pouco mais a fundo e questionar: será que é mesmo?
Fazendo isso, é possível perceber que nunca é. Que tem uma representação por trás (consciente ou inconsciente, por conta das questões estruturais). Seja de racismo, machismo, eurocentrismo o que for. E, a partir deste conhecimento e conscientização, entender o que para você faz sentido mudar na sua vida, para ir aos poucos mudando no mundo. E isso é tão, mas tão pessoal. Por exemplo, pode ser continuar jogando o jogo mas trazer pra mesa, na hora de explicar, o que ele representa e evidenciar suas problemáticas. Pode ser não querer nunca mais jogá-lo pelo simples fato de que você perdeu o tesão pelo jogo ao perceber tudo o que ele representa de espelho na nossa sociedade. Pode ser seguir jogando igual e com o mesmo carinho, mas se aprofundando no tema de outras formas. Pode ser tanta coisa, saca? E vai de cada um, no seu processo, no seu tempo e no que faz sentido para si.
Eu, particularmente, perco o tesão 100% de jogar um jogo como o Mombasa. Não desce pra mim. E está tudo bem. Eu prefiro escolher outros jogos que me inspiram mais, me deixam mais feliz e sinto uma outra conexão. Mas isso sou eu. Pode ser que outra pessoa preta goste do jogo, uai, vai saber. E pode ser também que um dia eu mude de ideia e queira jogá-lo para conhecer a mecânica, sei lá. E é isso: está tudo bem!
Não sei se fui clara, mas é mais ou menos assim como eu vejo!
Espero ter te ajudado de alguma forma.
E agradeço pelo comentário e contribuição à discussão

-- Nanda