G Barreto::Respeito a opinião de todos, e também o direito de cada um de expressá-las livremente.
Já apresentei a minha opinião em outro tópico, mas resumidamente acredito que os jogos são diferentes.
Sei que sou suspeito para dizer isso, mas vou tentar ser objetivo, tratar apenas de fatos, de acordo com as regras dos dois jogos:
Em Bonnanza, no seu turno, o que você pode realmente decidir são, no máximo três coisas, baixar uma carta e fazer, no máximo, duas negociações, necessariamente nesta ordem:
- se vai baixar uma determinada carta da sua mão (não pode ser outra) ou não.
- se vai negociar com alguém, sendo que qualquer negociação precisa necessariamente envolver alguma das duas cartas da mesa, e só podem ser negociadas as cartas da mão. Muitas vezes as propostas de dois jogadores são idênticas, e vc escolhe ou um ou outro por critérios de quem está ganhando/perdendo ou afinidade pessoal.
Às vezes quem quer a carta não pode te oferecer nada em troca, mas como ela não te interessa, vc faz uma doação pura e simples, beneficiando seu adversário.
Assim, no seu turno, no máximo, vc sempre vai: baixar uma carta (obrigatório), uma segunda carta (facultativo) e fazer duas negociações.
Uma vez no jogo todo, você pode decidir abrir um terceiro terreno para plantação, pagando por isso.
Mesmo esta decisão do terreno, você toma praticamente antes do jogo começar: se vc vai fazer isso, vai fazer assim que for possível, para se beneficiar ao máximo do terceiro campo, ou seja assim que conseguir o dinheiro necessário.
Se decidir que não vai fazer este terceiro terreno, nunca vai tomar esta decisão.
Em Bonnanza todas as ofertas de trocas são anunciadas publicamente, para todos os jogadores. todos sabem o que vc tem na mão.
Fora isso, no jogo você tem várias ações obrigatórias, e nem a ordem das ações você pode escolher.
Como vimos na resenha de Don Capollo, no seu turno, você vai escolher em qualquer ordem (e isso faz diferença) entre: uma de três ações obrigatórias (que são bem diferentes entre si) e mais 6 ações livres, que podem ser realizadas quantas vezes você quiser (e puder) no turno.
As possibilidades de negociações são grandes, porque o jogado tem várias ferramentas e várias possibilidades de "moeda" para negociar: as cartas da mão, cartas da mesa, cartas que foram viradas, o próprio favor, favores do adversário, dinheiro, "ações pré determinadas em jogadas futuras", e tudo isso em conjunto ou separadamente, em qualquer combinação. São dezenas (ou seriam centenas?) de combinações possíveis.
Um jogado criativo poderia envolver mais de um jogador na negociação, fazendo "triangulações" e arranjos em conjunto para se favorecer.
Além destas 6 ações livres, há pelo menos uma sétima: você também pode pagar para alguém deixar de fazer uma determinada negociação com outro jogador.
No meio de qualquer negociação, você ainda pode comprar até duas carta fechadas, que podem mudar completamente o que você iria fazer.
Além disso, você pode escolher também não negociar e guardar quantas cartas quiser, (e conseguir) para o último turno para tentar surpreender os seus adversários.
Em Don Capollo, as ofertas são secretas, e só para quem vc ofereceu sabe o que vc tem na mão.
Os temas são bem diferentes:
Em Bonanza vc é um agricultor que planta e vende feijões e tem o objetivo de ganhar mais dinheiro.
Em Don Capollo, vc é um mafioso, que administra negócios lícitos e ilícitos em busca de dinheiro e poder.
A arte é diferente:
Bonanza a arte é cartoon.
Don Capollo é realista, com estilo "noir".
O preço é diferente:
Bonanza custa em torno de R$ 15,00 (tiragem grande para o mundo todo).
Don Capollo custa em torno de R$ 50,00 (tiragem pequena, apenas para língua portuguesa) - já esgotado.
Estes são fatos.
Agora, segue a minha opinião:
Os jogos são diferentes o suficiente para co-existirem em uma coleção.
Por permitir mais decisões no seu turno, Don Capollo é mais estratégico, e, para mim, por isso mesmo, mais divertido.
Devido ao seu tema, Don Capollo é mais atraente, mas não é adequado para crianças.
Devido a estas diferenças, você pode gostar mais de um do que de outro, ou até gostar de um e não do outro.
No momento, estou trabalhando em expansões para Don Capollo, que vão deixar esta diferenças ainda maiores.
Abração,
Gustavo Barreto
Assino embaixo!
Aliás, Don Capollo tem uma coisa interessante, é um dos poucos (se não for o único) que fica mais rápido se tiver o máximo de jogadores. Quanto mais gente jogando, mais rápido o jogo fica, e se a mesa está familiarizada com o jogo uma partida pode ter uma duração bem reduzida (já joguei partidas de 15 minutos, em um ritmo frenético de negociações, com todos falando e ouvindo ao mesmo tempo).