Entre as cinzas da grande cidade devastada pelo fogo, alguns patrícios, em busca de honra, renome e fortuna, começam a reconstruí-la. Não será um trabalho fácil, mas o sacrifício, qualquer que ele seja é válido. Pois esta não é uma cidade qualquer. Ela é o pináculo da civilização sob a qual paira a Águia, símbolo de paz e de supremacia. Ela é Roma, onde o coração do mundo pulsa.
Glória à Roma!
GLORY TO ROME - O JOGO

(Cortesia de Microver99)
Glory to Rome é um jogo de estratégia fundamentado no uso de cartas para aquisição de recursos, habilidades e riquezas, tudo culminando para acumular o maior número de pontos.
Para isso o jogador tem a sua disposição 7 ações possíveis, das quais 6 são utilizadas através do gasto de uma carta. Estas ações são:
- Patrono: permite ao jogador pegar uma das cartas comunais (o pool de cartas) e a coloca como um de seus clientes - assim, cada vez que o jogador realizar a ação daquele cliente, ele usará 1x pela carta que está usando e 1x por cliente do mesmo tipo (por exemplo, se o jogador chamar a ação do Patrono, já tendo um Patrono, pegará 2 cartas do pool para a sua clientela). O limite de Clientes é igual ao total de Influência que o jogador tenha;
- Trabalhador: permite ao jogador pegar uma das cartas comunais e colocá-la no estoque;
- Arquiteto: tem função dupla - o jogador deve escolher uma delas. A) Ele permite iniciar a fundação de uma construção usando uma carta da mão, e B) Permite mover materiais de construção do estoque para a construção;
- Artífice: também tem função dupla - o jogador deve escolher uma delas. A) Ele permite iniciar a fundação de uma construção usando uma carta da mão, e B) Permite mover materiais de construção da mão para a construção;
- Legionário: permite ao jogador demandar por materiais de construção da seguinte maneira: o jogador deve escolher um material que tenha em mãos, mostrando-o aos demais e falando "Roma demanda NOME DE ALGUM MATERIAL". Dessa maneira, o jogador pode pegar uma carta do material que exigiu das cartas comunais (se houver) e os jogadores ao lado daquele que usou a ação do Legionário devem também entregar, se tiverem, uma carta do material demandado. Se os "vizinhos" não tiverem o material, devem dizer: "Glória à Roma!";

(Cortesia de Robert Seater)
- Mercador: permite ao jogador passar materiais que tenha no estoque para o cofre. Cartas no cofre contam pontos ao final do jogo de acordo com o tanto que valem. O jogador que mais tiver um determinado material ganha, ainda, 3 pontos extras - se houver empate, ninguém recebe a pontuação extra. O limite de Clientes é igual ao total de Influência que o jogador tenha.
Essas são as ações básicas com cartas. Após usadas as ações, as cartas que as chamaram vão para a área comunal e passam a servir como materiais de construção.

(Cortesia de Robert Seater)
A 7ª ação é a de "Pensar".
- Pensar: permite que o jogador compre até completar a mão com 5 cartas. Se o jogador já tiver 5 cartas, compra 1 carta. Ao invés de comprar para completar a mão, ou de obter uma carta adicional, o jogador pode pegar um Coringa, que vale como qualquer outra carta para usar a ação, mas não vale como nenhum material. Se o jogador principal "Pensa", nenhum dos outros pode segui-lo nesta ação.
Seguir? Isso mesmo.
SEGUINDO A BOIADA

(Cortesia de Sungarden3)
Após o jogador selecionar uma ação, os outros jogadores têm duas opções:
A) Seguir a ação, usando uma carta do mesmo tipo ou com um Coringa. O jogador fará a mesma ação do jogador principal, mas fará depois que este e de quaisquer outros que estejam em sua frente na ordem horário após o jogador principal. A decisão de seguir não é simultânea, assim o jogador pode ver quem está seguindo antes de tomar sua decisão. Um jogador que tenha um Cliente referente à ação utilizada, pode seguir a ação sem usar nenhuma carta - assim, ele pode tanto "pensar" ou usar uma carta, de forma realizar a ação mais vezes;
b) Pensar - segue as regras normais de compra de cartas.
Após todas as ações realizadas, a função de jogador principal (aquele que chama a ação) passa ao jogador da esquerda daquele que acabou de ser o principal.
A LATRINA & OUTRAS MARAVILHAS DA ARQUITETURA

(Cortesia de Sungarden3)
Bem, a grande graça do jogo são as construções. Para iniciar a construção de algo é preciso usar a ação do Arquiteto ou do Artífice. O jogador pega uma carta de "Local" referente ao material que pretende usar (existe madeira, tijolos, mármore, pedra, etc) e coloca em cima da carta de local uma das cartas que tenha em mãos que seja do mesmo tipo de material - essa será a construção.
As construções permitem aumentar a Influência do jogador quando concluídas (o que aumenta o total de Clientes e de espaço no Cofre - além disso, cada ponto de Influência conta como 1 ponto de vitória ao final do jogo).
Além disso, construções tem "habilidades" das mais diversas, e que afetam todos os pontos do jogo. Ou seja, tudo que você leu acima, pode ser modificado por uma habilidade de algum prédio.
Assim, a estratégia passa não somente pelo uso das ações, mas também pela relação entre o que fazer com o que construir. É daqui que vem a complexidade do jogo, pois existem dezenas de tipos de construções com o mesmo tanto de habilidades diferentes.
A GLÓRIA, AFINAL!
O jogo termina quando um dos 4 gatilhos abaixo ocorre:
1 - Se termina a pilha de cartas para compra;
2 - Se terminam os locais para construção (não contam para isso os "locais fora da cidade" - estes podem ser usados para construção também, mas custam duas ações do Arquiteto ou do Artífice);
3 - As Catacumbas são construídas.
Se ocorre o final do jogo por alguma dessas três maneiras, há a contagem dos pontos, revelando-se o que estava "escondido" no cofre e coletando os pontos extras. Vence quem tiver mais pontos. Em caso de empate, vence quem tiver mais cartas em mãos.
Há, no entanto, um 4º gatilho de final de jogo:
4 - O Fórum é construído e o jogador tem todos os 6 tipos de Clientes. Se isto ocorre, o jogo termina imediatamente e o jogador que construiu o Fórum vence direto, sem contagem de pontos.
NÓS QUE ESTAMOS PARA MORRER, TE SAUDAMOS, Ó CESAR ou E É BOM?
É bem bom! De início a sensação é aquela que eu tive com o Race for the Galaxy: mas o que diabos é para fazer? A relação entre as ações, as construções e o que os outros estão aprontando, é complicada.
Além do que, a princípio, a "máquina" parece andar devagar demais para realmente fazer qualquer coisa: por exemplo, primeiro usa-se o Artífice, abaixa-se uma construção e, pronto, tem-se somente 3 cartas na mão, sendo uma o Coringa. A construção exige 3 pedras, das quais você só tem uma. Poderia usar uma nova ação do Artífice, para enviar a carta direto da mão, mas não há outra dessas. Então, primeiro o jogador "Pensa". Daí será necessário 1 ação Mercador (cujo material que é referente a ele é a pedra), para colocar pedras na aérea comunal, daí será necessário a ação do Trabalhador, para puxar UMA das pedras. Em seguida a ação do Arquiteto para colocar a pedra na construção. Ótimo! Só mais duas pedras agora!

(Cortesia de Ender Wiggins)
Mas claro, isso se os outros fizerem exatamente o que você quer, já que você só pode seguir no que eles fizerem, não chamar ações próprias. E a sensação é de que metade do jogo já se foi e ainda falta 2/3 para terminar a primeira construção!
Nada tema, porém! Com os Clientes, algumas ações passam a ocorrem 2x ou mais. Há construções baratas (de madeira e entulho) que custam somente 1 carta para serem completas e já permitem novos Clientes, bem como o uso de habilidades bem úteis. Ou seja, o jogo tende a acelerar: com cada vez menos cartas faz-se mais coisas.
É um jogo que não dura muito (cerca de 45 minutos a 1 hora) e a experiência é de que bastante ocorreu. Há bastante interação entre os jogadores (não somente pelo uso do Legionário), tanto na disputa pelos recursos quanto pela escolha das ações.
Considero-o, enfim, um jogo excelente, com ótima rejogabilidade e bastante inteligente.
Há uma nova edição do jogo, com arte mais sóbria - a Black Box Edition. Eu, no entanto, gosto da arte atual, mesmo ela sendo cartunesca. Mas há quem se incomode, avaliando que a arte faz o jogo parecer bobo num primeiro olhar. Só que de bobo esse jogo não tem nada.
E é isso!
Abs,