ardsigma:: Ainda me pergunto o porquê de SEMPRE escolherem rolagem de dados como principal mecânica pra jogos de tabuleiro "empresariais". Tá certo que o jogo tem um público não-gamer, mas é só isso mesmo que se consegue pensar em pleno século XXI, tendo milhares de jogos modernos no mercado como possível inspiração? Pq, sinceramente, é uma mecânica que, só de falar, já me faz perder o interesse no jogo. Pra quem defende que existe um "pensamento rico X pensamento pobre", esse é um pensamento beeeeem pobre na hora de criar um jogo...
E aí, ardsigma, beleza?
Aqui vão algumas razões que levamos em consideração na escolha dessa mecânica:
1. Público. Como você reconheceu, nosso público é "não-gamer". Partimos do pressuposto de que deveríamos ter alguns elementos de familiaridade para nos conectar com um público que espera, mais do que mecânicas "modernas", conteúdo relevante e preciso. O que observamos na realidade foi exatamente isso: com uma aparência familiar e regras de movimentação mais intuitivas, os jogadores tiveram tempo de mergulhar mais a fundo nas várias outras mecânicas do jogo.
Assim como você teve uma reação precipitada ao saber da movimentação, nossos clientes reagem precipitadamente (porém, positivamente) ao que lhes é familiar.
Ainda nesse tópico, é válido destacar que, apesar de ser um jogo com mecânicas mais intuitivas, muitos de nossos clientes levam ainda um bom tempo para começar a jogar com fluidez. Depois que aprendem as regras, o jogo se desenrola com naturalidade, apesar de eventuais "atrasos" causados pelos dados.
2. Propósito educativo: o Renda Passiva nasceu com o objetivo de ser um instrumento de educação financeira, que combinava elementos de diversão. No quesito educação, a movimentação ponto-a-ponto com rolagem de dados é riquíssima. Em um tabuleiro em que não há caminho obrigatório para se movimentar, os números obtidos nos dados criam uma contingência para o jogador, que necessita de utilizá-los mais como "recursos de movimentação" do que uma obrigação.
Explico: ao longo do caminho, que pode ser definido como o jogador desejar, existem riscos e oportunidades (sorte ou revés - mais um elemento familiar). Dessa forma, os participantes precisam utilizar com inteligência o recurso "casas disponíveis para andar de acordo com o dado", levando em consideração a probabilidade risco x oportunidade e seus objetivos.
Depois de desenvolver mais de 110 jogos educativos utilizando os elementos do Renda Passiva para fundamentar nosso método de educação financeira nas escolas, tivemos a oportunidade de explorar essa mecânica de forma profunda e com excelentes resultados práticos.
A tendência, no entanto, é de que nossos pacotes de expansão (temos 3 em desenvolvimento) não utilizem essa mecânica.
- Em resumo: hoje nosso público valida bem a nossa escolha, assim como os educadores que utilizam o jogo em sala de aula. Para aqueles que estão acostumados com outras mecânicas, nós temos sugestões de movimentação (sem dado) que também funcionam muito bem e podem ser aplicadas sem problemas.
Por fim, pelo que percebemos, essa visão de que rolagem de dados para movimentação ponto-a-ponto é SEMPRE ruim existe mais no "clube boardgame/jogos modernos/europeus" do que fora dele.
Às vezes, a mecânica só é "pobre" se não soubermos conectá-la bem aos outros elementos, objetivos e mecânicas do jogo.
Abraço!