Olá,
Este é um reporte de uma partida de Arkham Horror que ocorreu a um tempo atrás e que encontrei perdida por aqui e, por isso, resolvi postar para motivação e leitura. Não discutirei mecânicas. É um relato lúdico dos eventos que ocorreram com a minha personagem durante a partida. Vamos ao relato da jogatina que aconteceu na Toca do Troll (ou casa do Witold, como é mais conhecida). Teremos um longo post, afinal Arkham Horror merece!
OBS: Falta uma revisão aqui e acolá do português que, reconheço, não fiz.
Transcrição do Diário de Mandy Thompson, 23 de Outubro de 1926.
Quando vim para Arkham, alguns anos atrás, respondendo a uma vaga de emprego na Universidade Miskatônica (Tradução livre e despreocupada, perdoe-me) que chamava por pesquisadores interessados em antigas culturas, livros esotéricos e temas ocultos, eu nem imaginava o quanto minha vida dependeria destes estudos...
Meu nome é Mandy "Rafael" Thompson, pesquisadora adjunta nível I na Universidade Miskatônica, em Arkham, Massachussets. O que passo a escrever agora são os fatos que ocorreram entre 28 de Junho e 11 de Julho de 1926.
É curioso como, vários meses após os incidentes em Arkham, ainda não me sinto totalmente segura e apenas o fato de escrever estas linhas me deixa arrepiada. Relembrar o que testemunhei faz com que minha cabeça fique desorientada. Tentarei ser o mais fiel possível...
Em 28 de Junho, Harpey Flint, uma bela garçonete do Velma´s Diner é encontrada morta numa floresta ao sul de Arkham. Não bastasse o incomum assassinato, na pacata (aparentemente) Arkham, chama a atenção o fato da moça ter sido encontrada em condições, digamos, estranhas. Nua, braços e pernas não naturalmente dobrados, várias runas pelo corpo e uma estrela, feita com cortes de faca, gravada em sua testa. Esses símbolos levaram a polícia a acionar o "querido" departamento de assuntos místicos da universidade miskatônica. Quem recebeu o chamado? Eu mesma! E é neste ponto que minhas pesquisas e a vida daquela desafortunada jovem se entrelaçam...

Apreensiva fui até a floresta. Todo o aparato policial já montado, material e humano. Aproximei-me da vítima e, quando o asco foi controlado, pude distinguir, além da estrela em sua testa, uma runa em especial na região de seu ventre. Aquela runa? onde já a tinha visto? Com estas duas pistas fui até a biblioteca, na Universidade. Lá, por horas vasculhei estantes e antigos livros empoeirados até que, quase exausta, encontrei um livro intitulado "o deus das mil formas".
Peguei o livro e, com mais esta pista, fui para casa. Embora esgotada, a leitura me dominou e passei o resto da noite lendo. A cada página, a lembrança e a conexão com o assassinato. Tudo estava claro agora... Uma antiga lenda pagã sobre um deus maligno de nome Nyarlathotep citava o fim dos tempos...Quando Nyarlathotep, em sua forma "real" chegasse à Terra, o fim estaria decretado. O Livro citava rituais que concretizariam a chegada do deus, rituais estes que deveriam ser executados durante 11 dias seguidos a um eclipse solar (alinhamento Sol-Lua-Terra) mas não dizia como fazê-los...Certamente havia um louco com este conhecimento solto por Arkham e, se uma pessoa foi morta, outras mortes seriam prováveis nos próximos dias.
Imediatamente liguei para o chefe de polícia e contei o fato. Acabamos por decidir manter tudo em sigilo. Não queríamos aumentar o nível de terror na cidade.
Parti em seguida para a universidade novamente e lá procurei o principal nome em lendas pagãs, Professor Armitage que, após uma tarde de explicações e discussões, decidiu me acompanhar. Fiquei aliviada por não estar sozinha nesta insanidade.
Tínhamos seis grandes pistas, mas nada sabíamos sobre a estrela de cinco pontas. Por sugestão de Armitage, voltamos à floresta no dia seguinte.
Por horas vasculhamos cada pedaço da região onde Harpey fora morta. Nada... Ao cair da noite, decidimos ir embora, frustrados. Foi quando, numa virada de vento, Armitage escutou um canto fraco vindo do sul. Nos esgueiramos pela mata e após uma centena de metros identificamos luzes. Um ritual acontecia ali. Homens em togas negras, cabeças cobertas por capuzes, cantavam numa língua estranha enquanto escreviam sobre algo, ou alguém...
Tum! Tum! Acordo tonta e com muita dor de cabeça. Mãos e pés amarrados. Armitage igualmente preso e ainda inconsciente ao meu lado. Um único cultista permanece ali, debruçado sobre um altar, escrevendo algo e totalmente absorto nesta tarefa. Com muita sutileza e dor, livro-me das amarras e procuro por algo que me permita atacar o sacerdote. Encontro um pedaço de pau. Rastejo e pego-o e ao virar deparo-me com um homem, em pé, olhando-me fixamente. Seu olhar distante e sua expressão "funda" causam-me um pavor interior. Senti-me desnorteada e cegamente golpeei aquele homem, matando-o, acredito.

Sentei e, com a cabeça entre as pernas, por alguns instantes tentei recobrar a lucidez. Lembrei-me de Armitage e definitivamente voltei a mim. O professor acordou atordoado mas pronto recuperou-se. Lembramos então do altar...Um homem jazia morto e semi-pútrido sobre ele. Aproximamo-nos e as mesmas marcas de Harpey Flint figuravam nele. De repente um brilho atrás de nós...Uma espécie de membrana flutuava no ar, cerca de um metro do chão, com brilho fraco. Aproximamo-nos e vuuuushhh. Por incontáveis horas sentimos a sensação de flutuar entre estrelas e planetas...Acordamos num ambiente totalmente estranho. Árvores em cores incomuns, pássaros em formas diferentes, uma verdadeira terra de sonhos...ou pesadelos. Perambulamos por dias neste lugar até que, à beira da insanidade mental e do esgotamento físico encontramos algo bem comum em nosso mundo...um livro! Ali dentro apenas um único ritual descrito, ensinando a desenhar uma estrela enquanto proferia palavras. O seu nome? Elder Sign. Imediatamente deparamo-nos com a mesma membrana flutuante de outrora. Sem hesitar tocamo-a e vuuuushhh. Aparecemos na floresta, pelo ar puro acho que pela manhã. Hoje sei que dois dias depois, 1 de julho. Imediatamente executamos o Elder Sign e como num passe de mágica, a floresta "acalmou-se". Sem pássaros, sem vento e principalmente sem aquela aura pesada que, agora na ausência dela, claramente percebemos que antes ela ali estava.

Voltamos para a universidade e por mais um ou dois dias enfurnamo-nos em livros, buscando conhecimento e pistas. Uma coisa era certa...de lenda Nyarlathotep não possuía nada e isso era o mais assustador de tudo. Hoje sei que, paralelamente à nossa investigação, Monterey Jack e Carolyn Fern também estavam cientes e com bom conhecimento do mal que avizinhava a humanidade.

As buscas na biblioteca mostraram-se pouco frutíferas e perdemos as pistas. Decidimos ir às ruas para tentar a sorte. Por dias visitamos os mais obscuros locais de Arkham. Encontramos pessoas estranhas e objetos sinistrtos, Em algumas pessoas senti algo de benevolente porém, em outras, aquela aura pesada da floresta pareceu me atingir. Em 5 de Julho, à noite, um homem de preto abordou-nos enquanto passávamos por French Hill, conhecida rua de Arkham. Propôs um negócio em troca de sabedoria popular (Lore) e disse que pagaria em poderosas magias. Curiosos e na expectativa de, finalmente, encontrar uma direção a seguir aceitamos. Por um motivo que ainda hoje não entendo, durante a conversa saí de mim, perdi a lucidez e vaguei em sonhos e visões. Professor Armitage disse-me mais tarde que passei a me comportar feito louca, gritando em uma língua ininteligível. Acordei no dia seguinte, numa cama do Hospício de Arkham. Professor Armitage, ao meu lado. Ao ver que novamente ele falava com Mandy Thompson, contou-me a terrível descoberta que fizera na noite anterior...
Cultistas de Nyarlathotep a meses estavam infiltrados na sociedade de Arkham. Esperando justamente o último dia 28. Uma sequência de rituais estava em curso, em adiantado curso. O pior...apenas nós dois e mais 4 pessoas estavam cientes do perigo iminente e pouca coisa poderíamos fazer. Reunidos e trabalhando em conjunto o grupo todo passou os últimos 5 dias (6 a 11 de julho) coletando o máximo de pistas possíveis sobre os cultistas de Nyarlathotep até que, às 22:00 horas de 11 de julho uma enorme tempestade formou-se sobre Arkham. Trovões e um enorme urro. Nyarlathotep havia chegado, o princípio do fim havia começado. Reunindo todo o conhecimento possível decidimos fazer frente ao monstro.
A luta física começara. Os habitantes que outrora chamavam-nos de loucos agora, aflitos, observavam os "5 hérois" com poder de ferir o monstro. Poder...conhecimento é poder!
Por duas vezes ferimos fortemente a besta. Resistíamos a suas tentativas de enlouquecer-nos (agora todas aquelas sensações ficaram claras). Mas Mil faces possui mil truques também e num golpe de absoluta sagacidade Nyarlathotep devora terrivelmente Joe Diamond, partindo-o em pedaços.
O baque foi grande mas o efeito foi realmente nocivo...para a besta. Dexter Drake, magistralmente, combinava magias com ataques físicos. Danos massivos eram ocasionados e, quase esgotados, ferimos a fera definitivamente. Um urro maior ainda se fez ouvir, conta-se, até em Innsmouth. O monstro vira-se e foge para o portal dimensional de que havia vindo...Vencemos! Sabemos agora que Arkham, e o mundo todo, esta a salvo por mais mil anos...
E foi isso! Arkham Horror é puro tema e um ótimo jogo! Abs.