Salve, jogadores do Memoir '44. No site do meu canal no YouTube (que é sobre história, nada a ver com board games) eu publiquei um texto falando sobre Memoir '44 e a grande maioria das expansões. Para quem já conhece bem o jogo, ela talvez não apresente nada de novo, mas para quem ainda está começando ou querendo aprender sobre ele, eu acho que pode ser útil.
Vou deixar um trecho aqui. O resto pode ser lido clicando aqui.
"Quando eu era mais jovem, assim como muitos outros brasileiros, tudo o que eu conhecia a respeito de jogos de tabuleiro vinha daqueles jogos que praticamente todo mundo que sabe o que é isso conhecia, como War, Detetive, Combate, Banco Imobiliário, Perfil, entre outros.
Devo dizer que fiquei um pouco surpreso quando descobri, já mais velho, que a quantidade de jogos é incontável, e que esse mercado é bastante prolífico em alguns países, como Estados Unidos e França, e que as lojas brasileiras especializadas têm centenas de jogos à disposição que a maioria da população nem sabe que existe. Não posso falar em termos de preconceito ou não com esse hobbie, porque nunca foi algo no qual eu prestasse atenção, mas fiquei feliz de descobrir esse universo, ainda que não seja um colecionador, nem nada do tipo.
Mas o único jogo em toda minha vida que conquistou meu coração assim que bati o olho nele, mesmo que nem sequer fisicamente, foi Memoir ’44. Quem acompanha o Leitura ObrigaHISTÓRIA e presta atenção nos detalhes sabe que eu sou um grande entusiasta de Segunda Guerra Mundial, e só não pesquiso esse tema no doutorado porque não encontrei nenhuma problemática interessante e motivadora. Mas mesmo sem pesquisar, não há tema na história que me instigue mais a leitura.
Este texto não é escrito por um grande conhecedor do mundo dos jogos de tabuleiro, mas sim, por um historiador. Ainda assim, o texto não busca falar sobre história: quero tentar dissertar o máximo possível sobre o jogo de hoje e suas principais expansões, que são inúmeras, ainda que eu vá ignorar lançamentos menores, como campanhas disponíveis apenas em PDF ou o Campaign Book: D-Day Supplemental. Quero tentar fazer o texto mais completo sobre o assunto que me for possível, para o público brasileiro que pena em achar qualquer coisa sobre esse jogo no Brasil, já que ele nunca foi lançado por aqui e está disponível apenas em inglês e francês (se você sabe de outros idiomas nos quais o jogo possa ter sido lançado, comentem aqui embaixo). E a quem tiver paciência de ler até o final, peço que comentem se faltou alguma informação importante.
A CAIXA-BASE
Memoir ’44 foi lançado originalmente no ano de 2004 no escopo das comemorações de 60 anos do desembarque dos aliados na Normandia. Ele usava o mesmo sistema de jogo chamado Command and Colors, que consiste em um tabuleiro formado por hexágonos. Esse tabuleiro simula algum tipo de terreno neutro, com poucos elementos gráficos para que o jogador possa perceber que se trata de um gramado, um deserto, uma praia, neve, e vários hexágonos avulsos simulando tipos de terreno. No caso de Memoir ’44, alguns dos terrenos são Florestas, Colinas, Rios (retos e curvos), Sebes (ou cercas-vivas) e Vilarejos, e há outros jogos que usam esse sistema, como Battle Cry (baseado na Guerra Civil dos Estados Unidos) e The Great War(sobre a Primeira Guerra Mundial). Mas estes dois não serão discutidos nesse texto, porque não tive a oportunidade de jogá-los.

A caixa-base de Memoir ’44 (falaremos das expansões a seguir) é focada apenas em eventos que ocorrem entre a madrugada entre os dias 5 e 6 de junho até a vitória contra os alemães nos Vosges, possibilitando a retomada de Estrasburgo pelos franceses em novembro de 1944. As primeiras cinco missões, por exemplo, estão diretamente ligadas aos eventos de 6 de junho. A primeira delas se chama Pegasus Bridge, e diz respeito à Operação Deadstick, uma operação de paraquedistas britânicos na madrugada do dia 6 com o objetivo de tomar intactas duas pontes que cruzam o Rio Orne e o canal de Caen, de forma a abrir o caminho rumo ao leste para as tropas britânicas que invadiriam a Praia de Sword. Após tomadas, as pontes deveriam permanecer guarnecidas contra quaisquer contra-ataques. Já o segundo cenário é bastante familiar aos espectadores de Band of Brothers, representando os paraquedistas dos EUA que fizeram sua incursão atrás das linhas inimigas para facilitar o desembarque pela manhã. Este, por sinal, é representado parcialmente nos três cenários seguintes, dedicados a três praias: Praia de Sword, Poite du Hoc e Omaha.
O livro que acompanha o jogo original conta com 16 cenários no modo standard e um no modo Overlord, sobre o qual falarei mais tarde.
No que concerne às miniaturas de plástico, o jogo vem com 42 peças de plástico de infantaria para cada lado (Aliados e Eixo), 24 peças de tanque/cavalaria e seis de artilharia. Além disso temos 12 pelas simulando rolos de arame farpado, 12 peças de ouriços (aquelas peças metálicas na beira das praias que vocês devem ter visto em O resgate do Soldado Ryan) e 12 peças simulando barricadas feitas com sacos de areia. Haviam também as insígnias de tropas especiais, medalhas, bunkers e pontes.
Além disso, ele traz um baralho de cartas, divididas entre as cartas de comando e as táticas. As cartas de comando são usadas para movimentação e ataque básicos, enquanto as táticas aplicam efeitos especiais a esses movimentos e ataques ou adicionam outras possibilidades, como contra-ataque, emboscadas e afins.
O jogo foi um sucesso, e logo começaram a ser lançadas diversas expansões para ele, ultrapassando as fronteiras temporais e geográficas inicialmente definidas para ele. Não se tratava mais apenas de 1944, tampouco apenas sobre a França. A guerra era muito, muito maior do que isso, e o jogo caminharia avidamente para ampliar seus limites."
Leia mais do texto no site do Leitura ObrigaHISTÓRIA.