Filipe Oliveira::Mais um texto muito bem escrito! Se fosse apenas uma crítica (subjetiva, como todas), acerca de um descontentamento com um jogo, eu a leria e seguiria adiante, assim como faço com todas as demais. Mas o parágrafo final chamou a minha atenção. Permita-me um contraponto.
Sabe aquele ditado “quanto mais alto, maior o tombo”? Você, do alto do seu “amor cego” pelo Feld, simplesmente se deixou levar pela grande expectativa e caiu, destruindo parte da admiração que tinha pelo autor.
Talvez, nesse momento de choque, de “descoberta”, como quando descobrimos que os nossos pais ou nossos ídolos da adolescência também falham (simplesmente por serem humanos), você desfez de vários jogos do autor sem uma reflexão mais profunda e imparcial. Talvez tenha agido por impulso, não sei. Pode ter sido uma atitude precipitada. Ou não. A forma como você se expressou demonstrou certo “rancor”, uma pequena raiva por ter sido enganado por tanto tempo! Mas será que foi mesmo?
É natural que artistas que gostamos façam músicas ruins, filmes ruins, escrevam livros ruins. Bola pra frente, o que nos resta é aguardar o próximo. Não seria diferente com os game designers, tão pressionados pelo mercado na busca de inovação e de uma jogabilidade diferenciada a cada novo lançamento.
Acredito que o maior culpado desse término precoce de romance talvez tenha sido você, infelizmente. Esperar demais do outro, confiar que o próximo jogo de um designer preferido será o jogo que mudará a sua vida (novamente), acreditar que a criação sempre segue uma linha reta e ascendente, que não há erros e tropeços, etc. Isso não existe, e cabe a cada um entender e não criar falsas expectativas.
E olha como é a vida: Aquasphere, que você tanto adora, está longe de ser badalado e aclamado como o Macao, Burgundy e Trajan, por exemplo (como você mesmo disse no texto). E ainda assim há muitos que o adoram. Então o Merlin pode ser sim um ótimo jogo, que apenas não caiu no seu gosto em virtude de alguma particularidade. Pode ser que o designer não tenha, de fato, errado.
Feld é o meu designer preferido. Não sei há quanto tempo você o conhece (imagino que não seja muito, já que o Aquasphere foi o seu primeiro, e é um jogo recente), mas lamento por ter tido esse desgosto tão abrupto e intenso com o autor. Espero que daqui um tempo você consiga reavaliar friamente os jogos dele, seja sem o amor cego e irracional, seja sem esse ar de decepção criado por expectativas equivocadas.
Um abraço!
Excelente contraponto! E tem 2 pontos que eu quero pontuar nele.
1o com relação a decepção pela expectativa lá em cima. A minha 1 impressão sobre a Merlin foi ótima. Eu curto jogos táticos. Levei ele num evento e joguei ele 2x seguidas sendo que a 1a com o @
DrGrayrock que até rendeu uma
ótima resenha que na época eu concordei. Cheguei a recomendar o Merlin para alguns e discordei de pessoas (e foram muito) que acharam o jogo meio "meh"
O jogo foi então uma decepção a 4a vista. E assim, ainda defendo que o Merlin é um jogo bacaninha. Nota 7 pra mim. E isso me leva ao segundo ponto que é agir por impulso.
Eu sei tinha uma coleção de cerca de 80 jogos, caixas bases mas notei que eu sempre jogava ou sugeria jogar os mesmos 10 jogos de forma incansável. Oracle of Delphi mesmo era um jogo que eu só comprei pq estava nos EUA, foi barato e minha esposa e amigos curtiam. Eu nunca puxava jogar ele mas de tempos em tempos alguém pedia e eu jogava de boa na se pudesse estaria jogando outra coisa.
Eu decidi então que esse tipo de jogo eu não iria ter. Jogaria ele em ocasiões como estou num evento ou na casa de um amigo e alguém puxou. Mas eu não precisava tê-los na coleção. E sobre Feld especificamente, sempre que eu tinha vontade de jogar eu puxava Bora Bora, AquaSphere ou In the Year. E com tanto jogos pra jogar qdo passava um tempo eu queria era jogar esses 3 novamente. Nunca chegava a vez dos demais.
Em geral eu percebi que eu tenho muita vontade de jogar jogos novos ou favoritos e então, para poder comprar sempre todo lançamento que me interessava eu tinha de ter o desprendimento de saber que eu iria vender ele 20 dias depois caso não entrasse na lista dos favoritos. Lorenzo Il Magnífico, um bom jogo, eu comprei e 3 semanas depois vendi após 3 partidas. Não que o jogo seja ruim. Ainda fico feliz em jogá-lo, mas não é um favorito que eu preciso TER aqui na minha estante do meu lado pra jogar pra sempre. Desde então eu baixei minha coleção de 80 para 49 bases, mesmo tendo comprado mais uns 8 jogos desde que comecei a vender. Até agora não me arrependi de nenhum. E ainda digo que destes 49 tem mais pelo menos uns 20 que são jogos que eu ainda quero jogar mais vezes mas que depois disso não faço questão de mantê-los também não.
Todo esse pensamento me fez até aceitar melhor jogos legacy, que eu ia rasgar ou modificar o jogo depois. Pois eu passei a estar disposto e até a preferir de ter uma sensação nota 9 por um período finito de tempo a manter jogando um jogo 7.5 eternamente (inclusive o próximo texto é de um legacy)
Olha, esssa resposta quase daria um outro texto no blog ein rs.