Como eu já disse anteriormente em outro texto, sinto falta de uma maior diversidade de elementos nos boardgames com temática de terror, tudo acaba ficando resumido a Cthulhu e Zumbis. Adoro ambos, porém acho que já está muito saturado. Existem tantas outras possibilidades para serem exploradas. Então, quando fiquei sabendo sobre o Por favor, não corte a minha cabeça! fiquei bem animada de cara. Ele tentar uma caminho diferente, fugindo do óbvio.
Cérebros para despertar Cthulhu?
Eu queria escrever sobre o jogo já fazia algum tempo, mas o atraso foi bom porque me possibilitou fazer o post e o vídeo na melhor data possível: Halloween. Para completar, assisti pela primeira vez A Hora do Pesadelo e achei o filme maravilhoso, recomendo fortemente. Por favor, não corte a minha cabeça! é inspirado por esse estilo de terror, conhecido como slasher. São filmes que seguem a fórmula do assassino mascarado que mata um grupo de pessoas até ser derrotado pelo mocinho da história. Um exemplo mais recente e conhecido do estilo seria Pânico.
Dois grandes ícones do gênero Slasher.
Por favor, não corte minha cabeça! foi lançado ano passado pela editora Geeks N’ Orcs. Ele é um jogo nacional de autoria de Gustavo Lopes e arte de Vitor Cafaggi, conhecido por seu trabalho no projeto Graphic MSP. Depois do tema, a arte é certamente um dos pontos altos e de maior destaque do jogo. Ela é bem cartunesca e dá leveza na medida certa ao tema mais pesado. Além de, é claro, ser muita bonita. Os componentes do jogo são boa qualidade e fazem jus à sua arte. É perceptível a atenção aos detalhes.
Personagens.
Por favor, não corte minha cabeça! é um party game bem rápido no qual cada jogador é um personagem tentando sobreviver, enquanto um deles será o assassino, tentando fazer o maior número possível de vítimas. Todos os jogadores terão sua vez como Escalpo, o maníaco mascarado do jogo. A partida acaba quando todos tiverem assumido o papel de assassino uma vez. Então, verifica-se o vencedor, aquele jogador que conseguiu juntar a maior quantidade geral de sangue.
Todas as cartas de personagem possuem em seu verso a imagem do Escalpo.
As rodadas são compostas por três turnos. Cada jogador recebe três cubos de sangue e cinco cartas de ação. A cada turno os jogadores deverão escolher secretamente uma dessas cartas para jogar, isso é feito de forma simultânea. Os jogadores que tiverem escolhido a mesma carta que o assassino perdem um cubo de sangue. Esses cubos ficam com o jogador que for o assassino da vez, ao lado do ícone de morte de sua carta. Já os jogadores sobreviventes vão posicionar seus cubos ao lado ícone de sobrevivência. Porém, a cada turno o numero de cartas jogadas pelo Escalpo aumenta, o que eleva suas chances de acerto e dificulta cada vez mais a sobrevivência dos demais jogadores.
Cartas de ação.
Apesar de ter regras bastante simples, o manual do jogo vem divido em três modos diferentes: Básico, Intermediário e Essencial. O que eu acabei de explicar nos parágrafos acima foi o Básico. Além disso, ele ainda traz uma pequena regra opcional. Os modos na verdade funcionam como pequenas adições que aumentam o nível de desafio do jogo. Os nomes dados aos modos são ótimos.
No modo Intermediário, as cartas jogadas ficam abertas na mesa, apenas o assassino permanece com cinco cartas na mão durante toda a rodada. Esse modo recebeu o nome de “A Matança Continua”. Já no modo Essencial, cada personagem possui uma ação favorita e ao conseguir sobreviver utilizando essa ação específica ganha um cubo de sangue extra. Esse modo é chamado “Chuva de Sangue”.
A ação favorita do Fred é andar de caiaque no lago.
Ao utilizar o modo “Chuva de Sangue”, os jogadores ainda têm a opção de acrescentar uma regra opcional, onde o assassino recebe um cubo de sangue extra se conseguir zerar um dos sobreviventes. E é claro que aqui também temos um nome especial: “É Tempo de Matança”.
Então, se assim como eu, você também gosta de um bom terror, onde maníacos mascarados perseguem e matam das formas mais grotescas e violentas imagináveis pobres vítimas indefesas, indico fortemente procurar conhecer Por favor, não corte minha cabeça! Porém, se você não é muito chegado em gore, não precisa se preocupar porque o visual leve da arte das cartas não permite nenhum tipo de mal-estar. As referências estão todas lá sem necessariamente precisar apelar para algo chocante.
Partida com 4 jogadores.
Minhas únicas ressalvas em relação ao jogo são que, na minha opinião, ele só funciona legal se for com mesa cheia e que o valor dele é um pouco salgado demais para o que entrega. Mesmo com todo o capricho material, a quantidade de componentes é bem reduzida para justificar R$ 80.
Assista também ao nosso vídeo sobre o jogo:
Postado originalmente em Turno Extra.