Escrita por: Rodrigo Neves.
Sinopse do Jogo:
Mechs vs Minions é uma campanha cooperativa de mesa para 2-4 jogadores, publicada pela Riot Games em 2016. O jogo transcorre através de dez cenários de 60 a 90 minutos, cada um com seu próprio mapa, objetivos e condições de vitória/derrota. Os cenários são jogados durante uma série de rodadas, com cada jogador assumindo o papel de um dos quatro Yordles: Corki, Tristana, Heimerdinger ou Ziggs. Apesar da temática ambientada no universo do League of Legends, este jogo não tem nada do conceito de MOBA.
Cada rodada tem duas fases principais: a fase dos jogadores e a fase dos minions. Durante a primeira fase, os jogadores inserirão as cartas de programação na linha de comando do mech (tabuleiro do jogador), que permitem que seu mech mova, gire ou ataque. Os jogadores então se revezam executando estes comandos previamente programados. Durante a fase dos minions, os asseclas moverão, atacarão (se você for azarado bastante para ser adjacente a um), e novas ondas de spaw surgirão, até que você se veja afogando em um mar de pequenas miniaturas de machado e escudos. O dano é resolvido através da compra de cartas, que servem para interromper e bagunçar sua programação cuidadosamente planejada, muitas vezes, inserindo ações aleatórias em sua linha de comando. Tudo isso leva a um jogo que premia com caos às ações mal planejadas. Um jogo que é divertido, não importa se você executou o plano perfeito ou se empurrou toda sua equipe e afundou com o planejamento de todos naquela rodada.
Mecânicas:
- Ação / Movimento Programado,
- Jogadores com Diferentes Habilidades,
- Seleção de Cartas,
- Tabuleiro Modular.
Síntese do Jogo:
O jogo inclui quatro mechs gigantes pintados, para os personagens dos jogadores. Estes são chamados como "Yordles" e eu sou certo que têm alguma estória de background para cada um deles, mas não é importante. Eles dirigem o Mechs e é seu trabalho para defender a Escola da invasão de hordas de Minions. Todas as miniaturas são muito bem-feitas e detalhadas. Os mechs são pintados de forma caprichada e uma centena de minions, mesmo que todos em cinza neutro, parecem ser pré-pintados e envelhecidos também.





Também é incluído no jogo uma caixa com um grande "Boss", selado em uma caixinha separada, com a ponta de um machado completamente visível. Ainda não avancei o suficiente para abri-lo, pois, muitas coisas no Mechs vs Minions são inteligentemente escondidas e mais tarde reveladas ao longo das missões. Dá aquela sensação bacana de um jogo "Legacy", mas que na verdade ele não é. As missões vêm em 10 pacotes ordenados, que se linkam após a conclusão bem-sucedida do anterior, ou do tutorial no caso inicial. Cada missão tem seu próprio folheto de dossiê explicando a configuração e os objetivos. Brilhantemente cada um vem selado em um envelope individual que tem codinomes impresso na parte dianteira. Os pacotes adicionam novas cartas, peças e mais regras ao jogo. Felizmente as cartas extras são marcadas para a missão, assim você pode redefinir ou reiniciar o jogo. Até onde eu sei nada é destruído no processo, ao contrário de jogos verdadeiramente Legacy.




As cartas no jogo vêm em três categorias: Comando, Dano e Esquemas. As cartas de comando são usadas para programar o seu Mech, em ações como mover, virar, atirar, ... As cartas de dano servem para colocar bugs no "software". O dano é atribuído a partir de uma pilha aleatória de cartas de dano e literalmente bagunça todo o seu planejamento. Elas inutilizam slots ou podem incluir comandos que você não tinha interesse. Afetam diretamente a sua programação: rearranjando suas cartas ou substituído suas cartas por comandos aleatórios. Claro que estas cartas podem ser usadas em proveito próprio nas demais rodadas ou até mesmo consertadas. Embora você possa ficar danificado, o jogo não envolve a eliminação do jogador. É possível reparar os mechs ou até mesmo reprogramá-los, descartando cartas compradas na fase de aquisição, ao invés de incluí-las na sua programação. Cartas de esquemas por outro lado, são habilidades extras que os personagens podem usar após certas condições são atendidas.




O tabuleiro do jogo é composto por combinações de cinco tiles grandes. Estes são dupla face, com um lado gramado e um lado de lava. Se encaixam de várias maneiras para gerar o terreno de cada missão. Mais uma vez, estes componentes foram feitos com muito capricho: material espesso e com uma impressão brilhante para fazer a lava e manchas de óleo se destacarem. Uma observação sobre as peças é que semelhante à jogos clássicos como Zombicide, teria sido útil colocar um pequeno número em cada um para facilitar a configuração. A configuração da missão mostra os tiles graficamente, mas você tem que visualizar o padrão para montar sozinho. Não é tão difícil de entender, mas poderia ter sido mais rápido. Especialmente se um dia chegarem expansões.


Uma visão geral de uma rodada: ao início, cinco cartas serão abertas e colocadas viradas para cima na mesa. Em seguida, começando com o primeiro jogador, cada um vai escolher uma carta e colocá-la em sua linha de comando, que consiste em seis espaços de seu tabuleiro individual, onde você pode colocar uma carta. Há uma pequena ampulheta para evitar que os jogadores discutam por muito tempo. Depois que todos colocaram suas cartas, cada jogador executa toda a sua linha de comando. Depois de executar todas as suas ações, os minions marcharão e atacarão. Cada missão fornece uma maneira diferente para os asseclas se moverem, mas eles sempre atacarão se estiverem adjacentes a você. Uma vez que um atacante ataca, você recebe uma carta de dano que irá interferir com sua linha de comando. Por fim ocorre a entrada de novos minions. Jogamos diversas vezes seguidas assim, até que os jogadores atinjam uma condição de vitória ou percam o jogo juntos.
Avaliação:
Mechs vs Minions (MvM) é um jogo realmente grande, em múltiplos sentidos. São tantos componentes, que é difícil entender o quanto vem na caixa olhando de fora. Mas é lógico, todos sabemos que quantidade não significa qualidade. Não importa quantos itens você coloca na caixa, se o jogo não é bom. Só que este não é o caso. Em termos de valor para o meu dinheiro, não poderia ter recebido algo melhor. As cópias são comercializadas no EUA por cerca de $ 75, e isso é fenomenal pelo que o jogo entrega. Acho muito difícil alguém apontar outro jogo no mercado que tem esse nível de qualidade, pelo mesmo valor.
Todos concordamos que uma das piores coisas sobre jogos de tabuleiro é aprender as regras. É cansativo, demanda um tempo cada vez mais escasso e acaba muitas vezes, desestimulando os grupos mais antigos a colocar na mesa algo novo. Mechs vs Minions traz uma inovação neste sentido, pedindo emprestado da experiência dos designers sobre a plataforma de jogos digitais: um tutorial. Com ele o setup leva pouco tempo e você fica familiarizado com a mecânica do jogo pouco a pouco. Dentro de 10 minutos você vai conhecer todos os conceitos básicos e você só terá que aprender novas regras quando passa para novas missões. Há também um pequeno manual de referência para perguntas que você possa ter no meio do jogo. Tudo bem planejado. Isso é algo que eu espero que outros desenvolvedores aprendam, porque traz uma dinâmica excelente. Jogos pesados em componentes podem ser verdadeiros pesadelos para se configurar à mesa.
A única questão sobre as regras, que trouxe alguma dificuldade, foi que, ao abrir a caixa, não fica imediatamente óbvio como os livros funcionam. O jogo tem realmente uma ideia muito boa de introduzir as regras lentamente, enquanto você progride nas missões. O certo é você pegar o “livro-tutorial" e aprender calmamente através de seu primeiro cenário de teste. Em seguida, você deve abrir o primeiro envelope para obter as regras do primeiro cenário. O manual completo só deve ser usado como referência se você ficar com dúvida em algum ponto. Em nossa primeira partida, pegamos o "manual de referência" e o lemos em sua totalidade. Isso nos levou a ler as mesmas regras várias vezes para tentar entender com o jogo funcionava, inclusive já reclamando bastante do manual.
Embora os muitos componentes possam parecer intimidadores, Mechs vs Minions tem mecanismos muito simples e uma proposta extremamente elegante. É desafiador programar e reprogramar a cada turno seu mech, além de ser absurdamente temática a forma como o dano é aplicado aqui. Sem a ampulheta, a ideia de movimento programável pode induzir à considerável AP, você apenas fazer o melhor que puder de cada vez. Felizmente, embora seja um jogo de campanha com envelopes selados, o que dá uma sensação meio Legacy ao jogo, acho que ele é totalmente rejogável, se colocarmos todos os componentes extras de volta em seus envelopes. Sendo de 2-4 jogadores, ele não possui muitos critérios de balanceamento em termos de nível de dificuldade para mais ou menos jogadores na mesa... Uma partida com 2 jogadores tende a ser mais sofrida, e com 4 relativamente mais branda. É importante discutir quais cartas você realmente precisa pegar, para ser mais efetivo no próximo turno.
A ideia de programação pode não soar atraente e lembrar de jogos mais caóticos como River Dragons, Colt Express ou Robo Rally. Este jogo faz um grande trabalho em evitar esta sensação, pois a maioria dos movimentos nos fazem sentir o resultado da programação. Quando dá tudo errado, fica visível que a razão é um erro de cálculo ou uma decisão ousada que não deu certo. Mas aleatoriedade simples e pura não é o lance deste jogo. Você começa com um Mech que pode apenas virar à esquerda e à direita. Então, lentamente começa a se mover de forma mais complexa e no fim, está chacinando multidões de minions em combos. Excelente mecanismo de empilhamento de cartas para potencializar as habilidades. Muito bem feito.
Mechs vs Minions é claramente uma carta de amor para seus fãs, mesmo se você não seja alguém que dê valor a riqueza dos componentes ou dê atenção aos pequenos detalhes, se renderá a este capricho. Uma pergunta que li no BGG e me intentifiquei foi a seguinte: "Se Mechs vs Minions fosse publicado pela FFG em uma caixa quadrada de tamanho padrão, com várias cartelas de tokens para tudo no jogo, mechs não pintados e 10 missões listadas em um livro de regras para você escolher, será que ainda seria um bom jogo?" Minha opinião... certamente não teria o mesmo hype que teve pelo acabamento e por ser a primeira incursão da Riot neste mercado, mas ainda sim, seria um dos melhores jogos da FFG em termos de diversão e jogabilidade. E afirmo mais... para os haters de plantão... ele tem muito a oferecer do que apenas hype. Após cerca de 5000 notas no BGG, ele já se encontra como 22º no ranking e uma média de 8.4, que é excelente para o padrão internacional. Sem contar uma tonelada de comentários elogiosos apontando a beleza, qualidade de componentes, clareza do manual, jogabilidade divertida e viciante. Recomendo fortemente conhecer o jogo.






