Olhar Lúdico – Por Alemão, o Monstro
Quem é um tanto mais velho, próximo ao nível 4.0, talvez se recorde de algumas destas leituras da infância: a coleção “E Agora Você Decide”, a série Vagalume, o Manual dos Escoteiros, a MAD, e outras menos convencionais, como os pequenos cadernos de péssima qualidade com histórias em quadrinhos de sacanagem; os livros de piadas, o que é o que é, ou cartuns (nosso local para encontrar baboseiras antes da era da internet); as compilações de imagens esquisitas da série Quadradoidão. É deste último que quero falar um pouco mais, primeiro porque duvido que alguém lembre do que se trata, e depois porque ilustra muito bem o tema desta coluna.
Eu curtia demais o Quadradoidão. Continha imagens fáceis de desenhar, e algumas das pegadinhas eram bem engenhosas. Basicamente eram quadrados (quatro por página) que limitavam a visão do observador – uma “janelinha”. Nem sempre era assim (veja as figuras 3 e 4). Pausa para observação:inacreditavelmente gastei um tempão procurando as imagens originais no Google, onde não encontrei absolutamente nada. Apenas uma única referência escrita em um comentário de uma postagem que, ainda por cima, eu não consegui ver (era um desenho, se entendi direito) onde o cara sugeria que a imagem original parecia uma das imagens quadradoidonas, as quais ele corretamente definiu como charadas. E só. O Google nunca havia sido tão inútil para mim… (Fim da Pausa).
Alguns quadradoidões que me lembrei (provavelmente os mais infames) estão aí embaixo. Mas rá! A resposta está só lá no fim do texto.

E, em última análise, o que são essas imagens? Detalhes. Tudo bem, tudo bem, alguns jamais existirão, são “liberdades criativas”, mas ainda assim detalhes – detalhes fictícios. Um ângulo diferente, uma visão não convencional, uma ideia inusitada. As figuras conseguem congelar pedacinhos de situações banais, transformando-as em momentos únicos (neste caso, cômicos). Quem passa por elas, não sai ileso: ou sorri ou esbraveja com o autor. De qualquer forma, graças ao fato de sermos animais visuais e gastarmos muita energia processando as informações deste canal sensitivo, uma marca permanente foi implantada no seu cérebro – você se lembrará da imagem ou do conceito. Ponto para o autor.
Se os quadradoidões fossem fotos, faríamos comentários sobre o “olhar” especial do fotógrafo:

O Buda preso numa Redoma!
Mas ainda assim estaríamos dentro da mesma lógica que descrevi acima. A diferença é que uma foto costuma trazer consigo mais informações, afinal é referência a um momento (jogatina, festa de aniversário, notícia trágica de jornal), potencializando a lembrança do evento em questão. Ou seja, se você foi à Essen deve ter boas recordações; se isso aconteceu quando lançaram o Puerto Rico, seu coração palpita à mínima lembrança do fato; mas se tirou fotos do jogo e agora olhar para elas, vai chorar feito um bebê babão. Ok, exagerei. Mas nem tanto, né? Afinal, quem nunca se emocionou com fotos? Duvido que no vigésimo RedomaBox Offline, a galera (especialmente os envolvidos) ao olhar essa foto aí de baixo não se altere. Aliás, isso já deve estar acontecendo agora também!

La Cupola
E é por essas e outras que imagens e jogos serão o tema desta coluna.
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Resposta dos quadradoidões:
1. Grávida virando a esquina
2. Formigas passando em uma poça de pinga
3. Duas possibilidades:
a. Fotografia 3×4 do homem invisível
b. Colônia de bactérias impossível de se ver a olho nu
4. Moscas brincando de esquadrilha da fumaça
Conhecido também como Alexandre A. Carvalho, um dia, a long, long time ago, foi seduzido pelos jogos de tabuleiro e ingressou nessa irmandade silenciosa. Cresceu com ela. Há não muito tempo atrás, resolveu seguir um caminho com o qual flertava desde a adolescência, e comprou uma máquina fotográfica. Resultado: muitas pessoas já juraram seu equipamento de morte, e outras tantas foram enfeitiçadas pela sua produção. Iniciou recentemente, dentro de escolas, o recrutamento para a causa lúdica, junto com seu amigo Buda, no projeto chamado Sua Vez. E a partir de agora, sua atenção foi direcionada à você, leitor: o Monstro quer contribuir para estes novos tempos lúdicos, cada vez mais barulhentos, falando sobre seus dois hobbies preferidos. Prepare-se!