Primeiramente, parabéns ao professor pelo texto e por ter trazido à tona um tema tão relevante no mundo dos board games. Essa "onda" é real e precisa ser combatida.
Li todos os pontos abordados (por yscalybur, FBastos e outros) e todos, sem exceção, contribuíram substancialmente para discursão. Nem sei se existe algo a acrescentar.
O texto de Conde_dl, apesar de deveras pessimista, é categórico e nos dá uma visão mais ampla, não só do nosso hobby, mas de toda a relação de consumo de entretenimento dos nossos tempos.
Primeiramente, o caso da definição de jogo abstrato, na minha perspectiva:
Não pretendo avaliar a gradação de abstração contida em uma experiência de lazer, pois o entretenimento é baseado na abstração em pequena ou grande quantidade. Focarei no estilo de jogo de tabuleiro que classificamos abstrato.
Quando penso em jogo abstrato, considero como: O jogo que é regido pela regra, independe da temática.
Essa é a definição mais simples que consegui, mas para explicar melhor vou citar alguns exemplos:
- No caso do xadrez (tão utilizado como exemplo de jogo abstrato) a regra independe das características das peças (inclusive a representação das peças mudou desde a criação do jogo). Sendo assim é perfeitamente possível substituir as peças por qualquer coisa, desde que aja distinção entre o tipo A, B e C. Sendo assim, a regra se sobressaí tornando as combinações e estratégias mais aparentes.
- No caso de um jogo temático as regras (não necessariamente todas) dependem do tema para existir. Um tipo de “ataque”, uma ação de “produção”, uma “habilidade” ou, até mesmo, alguma “assimetria” demonstram como o jogo depende do tema. Sem o tema, alguns jogos não só ficariam sem sentido como ficariam impraticáveis.
Dessa forma, mesmo que tirássemos o tema de jogos como Zombicide não o tornaríamos abstratos, pois ainda teríamos conceitos como: ataque, procura, evolução e habilidade, conceitos intrinsicamente ligados a temática.
Por fim, o caso o modelo de consumo abordado por Conde_dl:
Essa é a forma que o mercado encontrou para dar rotatividade, acelerar o consumo e fazer com que as pessoas continuem consumindo. Isso é um problema por transformar as experiências em algo raso (Sugiro conferir a história das coisas).
Mas nem tudo está perdido. Sempre haverá pessoas como eu, você e muitos outros que não se deixarão levar pela "onda", que farão de tudo para que o mercado ofereça algo de qualidade.
No caso de industrias mais desenvolvidas (por exemplo, cinema) já existem nichos para quem exige melhores conteúdos, demonstrando que o produto de massa não agrada a todos.
Como board game é um nicho no Brasil, ainda não estão claras as ramificações entre os consumidores e é muito arriscado para as editoras tentarem "nadar contra a corrente".