Clank! é sem dúvidas o meu jogo favorito, afinal é o que mais me divirto jogando.
Trata-se de um deckbuilding aplicado a um dungeon crawler, isto é, os elementos típicos da exploração de masmorra, típica de um RPG, como a exploração, a batalha contra monstros, e a recompensa através de itens são implementados a partir de uma mecânica de construção de um baralho enquanto o jogo se desenvolve. Tal implementação foi feita de modo ímpar, pois a mecânica se amolda perfeitamente a temática.
O diferencial definitivo do jogo, na minha opinião, está no ataque do boss guardião, através da retirada dos cubinhos dos jogadores da bolsa, o que gera muita expectativa e emoção em saber quem levará dano. Quanto mais clank! gerado nas jogadas, mais susceptível ao ataque o jogador se tornará.
Os mapas oriundos das expansões ampliam a rejogabilidade e acrescentam algum elemento novo, o que torna mais excitante a experiência.

Root é um jogo de opinião controvertida, metades das pessoas com quem joguei odiaram a experiência, enquanto, a outra metade adorou.
A arte pode enganar, levando a pensar que se trata de um jogo simples e bonitinho. Porém, é um jogo bastante complexo devido a sua assimetria, isto é, cada facção joga de uma forma completamente diferente da outra (movimentos, batalhas, construções e pontuações tem regras próprias que variam conforme as facções), o que torna o jogo um pouco caótico.
Para dominar o jogo, é necessário conhecer com certa precisão as regras e peculiaridades de cada facção, e isso é difícil, pois são muitos detalhes. Confesso que nas 5 primeiras partidas, seguramente, muitas regras foram deixadas para trás. E ainda hoje, é bem capaz que alguma coisa acabe passando.
O que chama a atenção no jogo é o equilíbrio na assimetria. Apesar de cada facção jogar de uma forma, atrevo a dizer, que não há facção mais forte que a outra, mas sim estratégias diferentes a serem adotadas devido a essa pluralidade, e todas elas com chances reais de vitória.

Rapina rules!!!!

O jogo se vale de várias mecânicas como um sistema de leilão com lances fechados para definir a ordem do turno, set collection como uma das formas de pontuar, um controle de área que ativa o final do jogo e a principal, uma "mancala aberta", no qual os jogadores retiram os meeples de um espaço e vão colocando um a um em outros espaços ativando o efeito do local onde terminou a jogada e do útlimo meeple colocado.
Provavelmente o jogo mais tático da lista, pois tal sistema de "mancala aberta" proporciona manobras que aproveitam oportunidades imediatas e que podem alterar drasticamente a estratégia adotada, bem como o rumo da partida.
Esse mesmo sistema produz um efeito negativo ao jogo, isto é, faz tender ao AP (analysis paralysis) devido a quantidade enorme de jogadas possíveis no turno.
Outro ponto que salta aos olhos é a diversidade na forma de pontuar. Não se pode focar em apenas um único modo, e menosprezar os demais, pois podem fazer diferença ao final.
Por fim, cumpre destacar que o tema está presente na medida correta no jogo, ainda mais por se tratar de um euro. Da para se sentir em um conto de Scheherazade em 1001 noites, com direito a camelos, viziris, oásis, gênios, palácios árabes,...
Obra-prima do Cathala.

Esse jogo figura no meu top1 de vários rankings, tais como o melhor cooperativo, o mais imersivo, e o mais divertido dos Arkham Files.
Mais um jogo baseado na mitologia de Lovecraft, cujo diferencial é a imersão no ambiente dos anos 20 em uma Arkham sombria, onde os jogadores encarnam investigadores que devem juntar pistas, derrotar criaturas aterrorizantes, remover perdição e enfrentar um grande Ancião, isso tudo sem perder a sanidade. É impossível, ao ler uma carta de encontro, não conseguir se imaginar dentro de um conto do Lovecraft, como " A cor que caiu do céu", " Sussurros na escuridão" ou o "Chamado de Cthulhu".
Os seus antecessores (Arkham 2ªEd e Eldricht) davam a impressão que, na verdade, não era o jogador que joga o jogo, mas sim o jogo que joga o jogador, pois não adiantava que você tenha feito o melhor turno com as melhores ações, o jogo daria um jeito de reverter a situação em seu favor Apesar de ainda ser muito dependente da sorte com a rolagem dos dados ao resolver os testes, essa impressão mudou, pois os cenários são capazes sim de serem vencidos (contando sim com um pouco de sorte).
É um jogo que já rendeu madrugadas memoráveis na tentativa de salvar Arkham e o mundo, ainda que nem todos os investigadores tenham terminado a partida com sanidade mental. 

Não há como falar de Terraforming Mars sem elogiar a temática científico espacial do jogo, sendo a ciência, por trás do jogo, primorosa. As cartas de projeto fazem sentido, desde os seus requisitos, custos e efeitos, dentro de um contexto de terraformação de um planeta. Da mesma forma os parâmetros globais de temperatura, oxigênio e água que visam tornar o planeta vermelho minimamente habitável, bem como a produção dos recursos básicos a serem utilizados.
O engine building do jogo também é digno de nota e dá graça a experiência, visto ser muito gratificante a otimização gradual das jogadas tornando-as mais eficientes e produtivas, na medida em que as cartas são jogadas e o jogo vai se desenvolvendo.
A arte é de nível mediano para baixo, ainda mais quando comparada com produções mais recentes, mas não chega a incomodar ou afetar a experiência.
A duração do jogo pode ser alvo de críticas, afinal a partida costuma demorar mais de duas horas, mas os turnos são fluidos. Nesse ponto, cumpre destacar que a expansão prelúdio dinamiza e muito a duração;
Outra possível crítica pode se dar no acentuado fator sorte das cartas que são compradas. Com a variante do draft, esse suposto problema é atenuado de forma considerável.

Melhor civ game, sendo o jogo mais pesado da lista.
Trata-se de um jogo altamente complexo e estratégico e tais características refletem no tempo de duração do jogo (3 horas). Trabalha de forma completa com conceitos obrigatórios para um jogo de civilização, tais como, ciência, tecnologia, recursos, população, força militar, líderes, cultura, maravilhas, forma de governo, e muitos outros mais.
O jogo se desenvolve por eras, começando na antiguidade com as pirâmides e César e progredindo até os tempos atuais com os foguetes e o Bill Gates, habilitando as principais tecnologias e grandes personalidades da história da humanidade.
É uma experiência integral no que se refere a fazer prosperar uma civilização enfrentando todas os obstáculos inerentes para tanto, como as guerras, falta de comida, corrupção e infelicidade da população e etc. Nesse quesito, pode ser bastante punitivo ao não conseguir gerir de forma eficaz a civ, pois cada erro cometido pode gerar um certo atraso em relação aos demais jogadores.
É um jogo bastante denso, com muitas regras e detalhes específicos, e de difícil otimização das ações, o que pode gerar um certo AP (analysis paralysis) e downtime excessivos.
A arte é bem mediana, mas a experiência certamente compensa.

Meu jogo favorito da escola italiana de boardgame. Um ótimo euro, altamente estratégico e tático com muitos elementos para gerenciar (dinheiro, cliente, comidas, funcionários, quartos, trilha do imperador, objetivos,...) em pouquíssimo tempo (7 turnos) com uma certa escassez de ações (apenas duas ações principais por turno), configurando assim um típico jogo "cobertor curto", onde se tampa de um lado, descobre-se do outro. Todavia, não há uma sensação de total incompletude, pois é possível desenvolver bem o jogo através de combos poderosos entre as ações principais e as ações livres.
Ainda que se trate de um jogo cuja principal mecânica seja a rolagem e seleção de dados para fazer as ações, não há que se falar em jogo dependente da sorte, visto que esta é facilmente contornada através de jogadas táticas.
O tema do jogo é muito bem amarrado. Os jogadores gerenciam um hotel na Áustria da belle époque que devem alimentar e abrigar os seus ilustres hóspedes, cumprindo determinados objetivos. Para isso é preciso produzir comida (strudel e bolo), bebida (vinho e café), preparar quartos, contratar funcionários, tudo isso selecionando os dados.
A arte do jogo é muito bela e a produção dos componentes é impecável.
Um crítica que faço é que a iconografia utilizada nas cartas de clientes e funcionários é um pouco equívoca, deixando dúvidas que devem ser sanadas pelo manual.

Enfim, o primeiro jogo econômico da lista no qual o seu brilho reside no gerenciamento de um sistema de produção e comércio de mercadorias. Clans é um euro altamente estratégico cujo diferencial é o seu mercado flutuante regido pelas leis da oferta e da demanda, isto é, na medida em que se compra um produto, o seu preço aumenta, enquanto que na medida em que se vende o produto, o seu preço diminui.
O jogo se vale ainda de outras mecânicas como um inteligente controle de área que influenciará na produção e na pontuação final, bem como em sistema de contratos. Todas as mecânicas fazem sentido e são implementadas de modo nada forçado.
O tema da transição industrial da Escócia foi muito bem implantado, sendo bastante interessante o funcionamento das fábricas e sua produção de recursos.
Outro fator que chama a atenção são as habilidades particulares de cada clã, sendo algumas mais fáceis de jogar que outras, mas ainda sim mantendo um equilíbrio considerável, não havendo qualquer tipo de desbalanceamento desequilibrado. Tais habilidades tem fundamento histórico e são tematicamente aplicadas de forma bem alinhada mecanicamente.
Por fim, a arte é regular e a produção dos componentes é impecável, a qualidade das peças de madeira é de altíssimo nível.

The Grizzled é fatalmente um dos jogos cooperativos mais desafiadores, ainda que as regras sejam muito simples. 
O jogo retrata a luta pela sobrevivência de soldados franceses nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial, sendo jogado em formato de campanha, no qual os jogadores começam um tutorial em um campo de treinamento e passam gradualmente de fase que correspondem as principais batalhas da Grande Guerra, como a Batalha de Marne, Flanders ou Verdun.
A mecânica é elegante e elementar: em cada turno, o jogador tem basicamente duas opções, ou jogar uma carta ou sair da missão. Cada carta reflete uma ou várias ameaças à equipe como por exemplo: balas e traumas. Se um mesmo símbolo de ameaça aparecer 3 vezes, a missão falha. O objetivo é exaurir o baralho de provações e não possuir cartas na mão, e apesar de parecer trivial, trata-se de uma tarefa hercúlea. 
A partida é muito tensa, devendo ser jogada com bastante atenção e entrosamento, bem como uma ótima leitura da mesa, visto que não pode haver qualquer comunicação entre os jogadores sobre o conteúdo das cartas de suas mãos.
A temática de guerra está presente em cada canto do jogo, desde um ponto de vista objetivo militar, tais como as ordens do dia, recrutas, instrutor, até algo mais subjetivo como os traumas dos soldados que são geradas pela carnificina do combate.
A arte do jogo é lindíssima, lembrando os traços das Aventuras de Tintin. Cabe destacar ainda a excelência das miniaturas, que no entanto, não possuem uma função muito útil no jogo.

O primeiro jogo com miniaturas da lista, um ameritrash épico de temática viking, com elementos de eurogame.
Suas principais mecânicas são o draft e seleção de cartas, bem como o controle de área. Jogo altamente estratégico, com várias formas de pontuar e ainda com muitas possibilidades de golpes táticos, principalmente na batalha.
O diferencial do jogo reside em uma estratégia contra intuitiva, a ser no mínimo levada em consideração, de que a morte nas batalhas ou pelo Ragnarok pode ser muito mais vantajoso do que as vitórias, ainda mais se puder contar com determinadas cartas, por renderem muito mais pontos de vitória. Confesso que em relação a isso, tenho muita dificuldade de aplicar tal método e sempre tento partir para um confronto mais direto focado na vitória, o que raramente funciona, hehehe.
A temática do jogo brilha sendo esta implementada de forma excepcional. O jogo conta com vários elementos da cultura nórdica que fazem pleno sentido nas mecânicas como o já dito Ragnarok, isto é, ser morto pelo apocalipse é motivo de orgulho e portanto gera glória (PV). Há também Valhalla, Yggdrasil, os deuses e monstros dessa mitologia.
As batalhas são rápidas e empolgantes, podendo ter resultados muito imprevisíveis em razão dos efeitos das cartas jogadas.
A arte e os componentes são um show a parte, valendo um elogio em especial às miniaturas que são incríveis.