O Nieuport 17 foi um caça ágil, lançado pela primeira vez em março de 1916. Sua excelente manobrabilidade causou um grande impacto. Ele logo equipou todos os esquadrões de caça franceses, serviu como um dos principais caças britânicos durante um ano e foi até mesmo copiado pelos alemães! O desenho "sesquiplano" (uma "meia" asa inferior) proporcionava excelente subida e visibilidade, mas era uma fraqueza em manobras estressantes. Um dos favoritos dos ases, o Nieuport 17 foi produzido na França, Itália e Rússia e usado por todos os exércitos aliados até o final de 1917.

Charles Nungesser nasceu em 15 de março de 1892 em Paris. Depois de frequentar a "École des Arts et Métiers", foi para América do Sul. Primeiro ao Rio de Janeiro, Brasil, para procurar um tio que não podia ser localizado e depois Buenos Aires, Argentina, onde trabalhou como mecânico de automóveis. Seu interesse em corridas logo o levou a pilotar aviões. Depois de encontrar seu tio desaparecido, ele trabalhou em sua plantação de açúcar na província de Buenos Aires.

Quando a Primeira Guerra Mundial estourou, Nungesser retornou à França, onde se alistou no "2e Régiment de Hussards". Depois, como piloto militar, foi para o Escadrille VB106 e encaminhado para treinamento em caças Nieuport. Ele tinha estampado em um dos aviões a sua insígnia pessoal: o crânio e os ossos cruzados dos piratas e um caixão com duas velas. Em novembro de 1915, foi para o Escadrille N.65 e depois anexado à famosa "Lafayette Escadrille", composta por voluntários americanos. Até o final de 1916, ele havia reivindicado 21 mortes no ar.

Apesar de ser um piloto condecorado, Nungesser ficou em prisão domiciliar várias vezes por voar sem permissão. Ele não gostava de disciplina militar rígida e foi a Paris para desfrutar de seus muitos prazeres (como álcool e mulheres) sempre que possível. Ele era um piloto de combate líder, cujas façanhas na guerra foram amplamente divulgadas na França. A boa aparência robusta de Nungesser, a personalidade extravagante e o apetite pelo perigo, as belas mulheres, o vinho e os carros velozes fizeram dele a personificação do ás voador estereotipado. Às vezes ele chegava para a patrulha matinal ainda vestido com o smoking usado na noite anterior e, por vezes, com uma companhia feminina. Nungesser era muito querido por seus companheiros. Não obstante esses primeiros contratempos, ele se tornou um ás em abril de 1916.

Em sua carreira de piloto, Nungesser recebeu dezenas de condecorações militares da França, Bélgica, Montenegro, Estados Unidos da América, Portugal, Rússia e Sérvia. Sobreviveu à guerra como o ás nº3 da França.

Após a conclusão da Primeira Guerra Mundial, Nungesser tentou organizar uma escola particular de aviação, mas não conseguiu alunos suficientes. Assim, ele decidiu arriscar com o cinema nos Estados Unidos, onde os dias de heróicos vôos eram um tema muito popular. Foi quando ele estava nos EUA fazendo o filme "The Dawn Patrol" que se interessou pela ideia de fazer um vôo transatlântico.

Nungesser e François Coli, navegador conhecido por voos pelo Mediterrâneo, decolaram do aeroporto de Le Bourget, perto de Paris, em 8 de maio de 1927, em seu avião L'Oiseau Blanc (o pássaro branco), um biplano Levasseur PL.8 pintado com a antiga insígnia da Primeira Guerra Mundial de Nungesser. O avião foi avistado pela última vez passando pela Irlanda e, após não terem chegado ao destino, a suposição era que o avião deles havia caído no Atlântico Norte.

Nungesser é mencionado em muitos filmes: The Dawn Patrol e Hell's Angels de 1930; na década de 1970, um filme francês de título "L'as des as"; um especial de 1999 para a TV canadense, Dead Aviators (exibido nos EUA como "Restless Spirits"); "Attack of the Hawkmen", o 37º episódio da minissérie de TV; "The Young Indiana Jones Chronicles", de George Lucas, onde o personagem Indiana Jones encontra o piloto francês Charles Nungesser como oficial belga, temporariamente ligado à 'Lafayette Escadrille'.