A maior metrópole do nordeste se estende por centenas de quilômetros sertão adentro. Com distritos industriais poluídos, arranha-céus cromados que escurecem os becos mesmo de dia e grandes conjuntos habitacionais violentos e periféricos. As ricas famílias que comandaram a política local por pelo menos dois séculos foram substituídas por ambiciosos herdeiros donos de megacorporações, que se enclausuram em tecnológicas ilhas artificiais no meio do oceano atlântico, de onde podem admirar o brilho neon da iniquidade urbana que controlam à distância.

Mas toda a riqueza e influência do mundo é incapaz de suprir a falta do recurso natural mais ameaçado e cobiçado: água.

As usinas dessalinizadoras que abastecem a metrópole pararam: um bando de terroristas locais conhecidos como “cybercangaçeiros”, comandados por alguém conhecido como “Espoleta”, assumiu a autoria da sabotagem. A falta d’água atingiu a cidade com força, mas a classe social mais baixa levou a pior. Sem água potável, a população começou a beber água do mangue nos arredores da cidade, salobra e barrosa. Rapidamente o cenário se deteriorou, pois os vãos das pontes que ligam a metrópole às ilhas se encheram de gente tentando não morrer de sede e de fome, tirando o seu sustento das águas e dos caranguejos do mangue.

Quando a situação chegou a um ponto crítico, as corporações decidiram agir: para evitar o colapso total do sistema de abastecimento, eles criaram um esquadrão mercenário que chamaram de “Volante”, cujo objetivo é caçar Espoleta e seu bando, e assim restaurar as usinas.