Quantas bocas
O vilão agora conhecido como The Mouther nem sempre foi uma fera. Ele já foi mortal, quando sua forma não zombava tanto da humanidade. Ele veio de um reino tão distante ao Sul cujo nome é desconhecido nestas terras, cheio de ambição, e já um mago maravilhoso. Ele veio para ver as maravilhas e as ruínas deixadas pelos grandes que vieram antes dele. Ele percorreu cada centímetro da ilha abandonada de Coraleith, saboreando a terra e as flores, trocando segredos sussurrados com a brisa. Ele encontrou um pergaminho secreto nas ruínas da torre de Drakdagor, antes de deixar o que restou para o arrivista Harlan Blackhand.

Ele estava procurando por algo, mas na época ninguém sabia o quê. Só mais tarde as reviravoltas de seu raciocínio se tornariam óbvias. Quando o tom azulado se espalhou por todo o seu semblante, todos puderam ver qual manto de seus antecessores ele havia assumido. Mas não havia multidões sob sua pele. Sempre há apenas um homem dentro do Mouther, não importa por quantas bocas ele possa falar.

Mas o poder tem um preço, é claro. Enquanto outros bruxos menores podem trabalhar arduamente para provocar novos arcanos neste mundo, o Mouther não está preso a um único plano e deve se alinhar com tantos outros mundos para criar - ou se tornar - algo novo.

Para esse fim, ele se tornou uma espécie de infecção – uma doença que apodrece no coração das civilizações. Ele corrompeu o interior de muitas cidades em sua vida anormalmente longa e está de olho em mais ainda. Pois se O Mouther deve investir mais tempo e esforço no avanço de sua magia do que a maioria dos outros bruxos, então ele também deve ter um laboratório seguro para fazê-lo. Ele não está acima da coerção, da violência e do controle mental misterioso para conseguir o que quer. Ele não hesita em construir um culto em sua homenagem, para ser adorado por servos leais que garantem seu lugar em uma metrópole urbana, tão cheia de possíveis temas para seus estudos e possíveis sucessos para seus experimentos.

E, no entanto, por mais que sua pesquisa exija furtividade e manipulação social, The Mouther ainda é seu pior inimigo. Ele perdeu grande parte de sua forma humana, mas poucos de seus vícios humanos. Ele ainda se deleita com o prazer, mesmo que todos os humanos ao seu redor o considerem revoltante tanto no caráter quanto no físico. Com seus desejos e sua gula em nada diminuídos, ele deve manipular magicamente as pessoas ao seu redor para satisfazer suas fomes, em vez de procurar maneiras de satisfazê-las da mesma forma que alguém que pode se passar por humano.