Há muito tempo, profetas e magos não podiam se considerar estranhos a inúmeros demônios, grandes e pequenos. De todos aqueles convocados pelos muitos cultos do mundo antigo, poucos eram tão temidos pelos seus inimigos como Lepravosia, Devorador de Ladrões. Suas estátuas e ícones ainda assombram muitos templos esquecidos, esperando na escuridão por intrusos com a intenção de saquear os tesouros que permanecem não reclamados.

Se ela for convocada para o plano material, Lepravosia aparece na forma de uma mulher humana, muito alta e com uma cabeça que consiste apenas em uma boca e polpa sangrenta, com vários tentáculos repugnantes semelhantes a enguias estendendo-se dela. Ela não tem órgãos internos reais além do estômago, que pode se esticar para acomodar os corpos de pelo menos uma dúzia de ladrões.

Suas vítimas não deveriam se surpreender ao vê-la, a menos que sejam ladrões incompetentes, pois suas imagens - em grande número e variações, desde senhoras inchadas com cabeças de enguia até bruxas gulosas engolindo homens - adornam todos os templos que ela protege. É raro que um culto ou mago a invoque agora, nestes dias manchados, pois as antigas artes morrem e não são revividas por medo dos perigos envolvidos. Mas se acreditarmos nos bardos, existem incontáveis templos em ruínas ainda cheios até as vigas com os saques e pedras preciosas que fizeram do mundo antigo uma era de ouro. Se fossem tão fáceis de saquear, já estariam vazios, então é evidente que alguns ainda devem estar sob o benefício de Lepravosia. Mas não todos – isso seria impossível. E então a questão permanece: vale a pena o risco?