Em 1967, Israel conquistou ao Egito toda a península do Sinai e moveu seus exércitos até junto ao Canal de Suez, paralisado desde essa ocasião. Na margem oeste do canal estavam os egípcios; em sua margem leste, os israelenses construíram um sólido sistema de fortificações - a Linha Bar-Lev, assim chamada em homenagem ao general que a planejou.
Na tarde de 6 de outubro de 1973, numa ofensiva bem coordenada, poderosos efetivos egípcios transpuseram o canal e penetraram a Linha Bar-Lev em cinco pontos. Fustigadas até a saturação pela barragem de artilharia, assaltadas por infantaria transportadora em helicópteros, as guarnições israelenses tiveram que se render. Em 72 horas, 70000 soldados egípcios e uns 700 tanques atravessaram o canal.
A resposta israelense baseou-se na estratégia vitoriosa em 1967; ataques maciços de tanques apoiados por aviões. Só que, desta vez, equipados com mortíferos foguetes antitanques dos tipos Sagger e Snapper, de fabricação soviética, a infantaria egípcia destruiu 80% dos tanques comprometidos por Israel nesse primeiro contra-ataque.
Os israelenses planejaram um audaz contra-ataque: uma força tarefa de 20 mil homens e 500 tanques, orientada por informações transmitidas por satélites de observação americanos, cruzou o Canal de Suez de leste para oeste, no trecho situado entre o Grande Lago Amargo e o Lago Tinsah, ao sul de Ismaília. Em ponta-de-lança transpôs sem grande dificuldade a permeável frente egípcia e logo estabeleceu uma cabeça-de-ponte na margem oeste do canal, junto à localidade Deversoir.
A cabeça-de-ponte logo se converteu num bolsão que, embora contido ao norte, antes de alcançar Ismaília, avançou sem resistência para o sul, e passou a ameaçar a cidade de Suez. Se ocupassem Suez, os israelenses teriam envolvido totalmente todo o Terceiro Exército Egípcio, com cerca de 20 mil homens.
Em 22 de outubro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas determinou a cessação imediata das hostilidades e o pronto início das conversações de armistício. Sob pressão das superpotências que os patrocinavam, os governos do Egito e de Israel prometeram acolher a ordem. No Bolsão de Deversoir, entretanto, a força-tarefa israelense ignorou o cessar-fogo. O comandante da operação, general Arien Sharon, prometera a seu governo que capturaria Suez e forçaria o Terceiro Exército à rendição em 48 horas. Mas isso não aconteceu.
A audaz cabeça-de-ponte estabelecida no Bolsão de Deversoir constituiu um modelo de iniciativa tática, que talvez permaneça na História como exemplo de um tipo de batalha em que a mobilidade das tropas motorizadas foi um fator decisivo para a vitória. A Guerra do Yom Kippur é um jogo de simulação livremente inspirado nesse episódio.