Escrita por: Rodrigo Neves.

Sinopse do Jogo:
Em Egizia, os jogadores são construtores no Egito Antigo, competindo por fama e construindo monumentos clássicos como Esfinge, Pirâmide, Templo e Obelisco. É um clássico de alocação de trabalhadores, no estilo Stone Age, com a sequência: alocar, produzir, alimentar e executar. Em resumo, primeiro ocupamos os espaços disponíveis no tabuleiro com nossos barcos, em seguida os campos e pedreiras produzem recursos, depois alimentamos os nossos trabalhadores e, por fim, eles executam as construções, se tivermos força de trabalho e recursos suficientes.
Lançado em 2009 pela Rio Grande Games, dos mesmos autores do Leonardo Da Vinci, Egizia atende de 2 a 4 jogadores e dura em média de 1h a 2:30hs. O jogo possui uma baixa dependência de idioma, apenas nas cartas. Entretanto, existe uma tradução bacana aqui na Ludopedia para imprimir, recortar e colocar dentro dos sleeves, disponibilizada pelo usuário edilsoncs. Muito recomendada.
Mecânicas:
- Alocação de trabalhadores;
- Gestão de recursos;
Visão Geral:
Egizia é um euro clássico de alocação de trabalhadores. A caixa do jogo é de padrão retangular da categoria, com um bonita arte na capa e também no insert de fábrica. O desenho da tampa enfatiza muito bem a proposta do jogo, que é alocar os barcos ao longo do rio para selecionar as ações. Ao fundo, aparecem os monumentos que precisam ser construídos para obtenção de pontos de vitória. Neste jogo os pontos são obtidos nas construções durante partida e por algumas cartas de objetivos ao final.
O tabuleiro do jogo possui todas as áreas comunsaos jogadores, reunidas em um só lugar. A trilha de marcação de pontos, os espaços de ação ao longo do rio, os monumentos e demais regiões secundárias.
Cada jogador recebe um tabuleiro individual, necessário para marcar a sua força de trabalho e seu estoque de pedras. Existem 4 tipos de trabalhadores diferentes, representados por tokens circulares, e que terão forças de trabalho próprias durante o jogo. Recebemos também os barcos da nossa cor, que serão efetivamente os nossos “trabalhadores”, na hora de selecionar e disputar as ações em cada rodada, ao longo do rio, no board principal.
Recebemos ainda uma pilha de tijolos da nossa cor, para usar durante a partida. Eles servirão com marcadores nas diversas trilhas dos tabuleiros e também para sinalizar as construções feitas por você durante a partida. Algumas cartas de objetivos de fim de jogo se utilizam desta marcação.
O jogo é disputado em 5 rodadas. Em cada uma, os jogadores colocam seus barcos as margens do rio Nilo, descendo sua corredeira, obtendo melhorias permanentes ou imediatas, fortalecendo sua mão de obra, ganhando pedras para as construções, pedreiras ou campos para a geração periódica de recursos e fazendo a irrigação de suas plantações.
Um fato interessante é que Egizia é um jogo onde os jogadores devem colocar seus barcos seguindo o sentido da descida do Rio Nilo, ao invés de livremente como a maior parte dos jogos de alocação de trabalhadores.
Alguns espaços de ações são fixos e de ocupação única, principalmente aqueles referentes às melhorias. Espaços de ação referentes às construções dos monumentos também são fixos, mas aceitam um número de jogadores variável, dependendo de quantos jogadores estão na partida.
No lado superior do rio, temos os espaços variáveis, que serão ocupados por cartas de uso permanente ou imediato, elas mudam em cada rodada. Aqui é o ponto onde a dependência de idiomas pode atrapalhar... mas muito pouco. Em primeiro lugar as cartas ficam abertas, e basta um jogador para fazer a leitura e ajudar os demais. Em segundo, podemos imprimir as traduções das cartas aqui no portal e colocar dentro dos sleeves, que o problema se resolve.
Quando a fase de alocação finda, todos terão que alimentar seus trabalhadores com os grãos produzidos. Os jogadores que não possuírem grãos suficientes, terão que pagar com seus pontos de vitória.
Em seguida, as ações serão realizadas no sentido da descida do rio. Os monumentos possuem vários espaços de valores crescentes. Para construir em algum deles, o jogador precisará pagar o valor indicado em força de trabalho, e o mesmo valor em pedras.
A gestão de recursos é fundamental aqui, não é incomum um jogador selecionar várias construções e não ter como construir em todas elas, obrigando o jogador a pular a ação. A pontuação de vitória por construção é dada imediatamente após a ação ser realizada, sendo igual ao valor da construção feita.
Ao final do jogo aquele que tiver a maior pontuação de vitória será o vencedor. Entretanto, vale ressaltar, que muitas cartas obtidas na Esfinge e durante a quinta rodada, são cartas de objetivo, que pontuam no fim do jogo. As condições para pontuação podem ser individuais ou coletivas. Por exemplo, você poderá ganhar pontos extras no fim do jogo se tiver um certo trabalhador com força máxima ou por ter contribuído com 4 ou mais tijolos no obelisco. Mas também poderá pontuar se a pirâmide estiver completa ou todas as tumbas finalizadas. Por isto é importante selecionar bem as cartas durante a partida. Nunca subestime a pontuação gerada por elas, ou não ganhará.
Avaliação:
Egizia é um excelente jogo de alocação de trabalhadores com temática egípcia. Para ganhar aqui, será necessário administrar bem a mão de obra de seus trabalhadores, além da produção de grãos e pedras, para conseguir pontuar nas construções dos monumentos.
É um jogo bem interessante e de visual bacana na mesa. A corrida pelo rio abaixo é bem disputada com 4 jogadores. Um ponto negativo é que com menos jogadores, esta disputa perde um pouca da graça. Com 2 apenas creio que o jogo fique bem menos divertido. Não tive a oportunidade de testar.
Existem também muitas formas de pontuar diferentes (pirâmides, catacumba, templo, esfinge, cartas de objetivos, ...) o que pode atrapalhar a vida de quem não está acostumado a jogos com mais detalhes nas regras. Logo não é um jogo tão simples quanto parece, e não indicaria para um gateway na categoria. Stone Age, Lords of Waterdeep ou Champions of Midgard cumprem melhor este papel. Entretanto Egizia é um jogo rápido, leve e uma excelente opção para reforçar a categoria euro para quem já conhece um pouco de boardgames.
O jogo possui leve dependência de idioma, mas como as cartas são abertas na mesa e existem paste-ups em português, isto não afeta a jogabilidade. Recomendo uma partida para quem curte euros leves, mas que não sejam simples demais.