B-Sieged: Sons of the Abyss é um jogo para 1 a 6 jogadores, criado pelo trio Fernández, Mata e Pascual e lançado em 2015 pela editora Cool Mini Or Not. Suas principais mecânicas são cooperação, rolagem de dados, habilidades especiais e alocação de trabalhadores.
Tema: Como o próprio título do jogo informa (“estar sitiado”), B-Sieged coloca os jogadores na pele de heróis que tentam defender uma cidadela da invasão de criaturas do Abismo. Eles devem aguentar o cerco até um mensageiro retornar com um poderoso artefato mágico. Como é característica dos jogos da Cool Mini Or Not, o tema é bem trabalhado, havendo descrições dos heróis, monstros, locais da cidadela, etc.
Componentes: Como também é característica dos jogos da Cool Mini Or Not, os componentes são de excelente qualidade, principalmente – é claro! – as miniaturas, todas de plástico resistente e bem detalhadas. Também há encaixes coloridos para identificar as miniaturas dos jogadores (para facilitar a vida daqueles jogadores que não reconhecem seu herói pela “fisionomia”). Igualmente fantásticas são as ilustrações, presentes em vários componentes do jogo, como o manual de regras, as peças do tabuleiro principal, as fichas de herói, as cartas, etc.
Regras: Os jogadores vencem a partida quando o mensageiro sair e depois retornar para a cidadela. Isto deve acontecer dentro do intervalo de 12 rodadas, dividido em quatro estações (primavera, verão, outono e inverno). Como em todo jogo estilo tower defense (“defesa da torre”; neste caso, “defesa da cidadela”), os jogadores também perdem a partida se os inimigos invadirem a cidadela. As rodadas são organizadas em três fases, havendo também uma quarta fase ao final de cada estação (i.e., a cada três rodadas). Na primeira fase (“Fase do Setup”), três passos acontecem: um novo evento é revelado (facilitando ou mais provavelmente dificultando a vida dos jogadores); o mensageiro avança, caso não haja nenhum inimigo em sua zona ou na zona para onde ele avança (o mensageiro precisa percorrer três zonas na ida e mais três zonas na volta para os jogadores vencerem); e novos inimigos surgem no tabuleiro. Na segunda fase (“Fase dos Heróis”), os jogadores executam três ações por vez, sendo as seguintes ações possíveis: obter recursos nas construções, atacar com a catapulta, atacar a partir da muralha, trocar cartas de recurso com outro herói e reparar uma construção danificada. Tanto as construções quanto a catapulta somente podem ser utilizadas caso não estejam ocupadas por outro herói (um efeito recorrente da mecânica de alocação de trabalhadores). As construções oferecem recursos como armas, magias, novas habilidades, ouro (necessário para ativar certas armas e magias), comida (necessário para conseguir novas habilidades e alimentar os heróis ao final de cada estação), etc. A catapulta permite um ataque devastador, mas somente contra criaturas que se encontram na zona mais distante da cidadela (i.e., a terceira zona). Ao contrário da catapulta, quando se ataca a partir da muralha, o jogador pode escolher qual zona atacar, aumentando a dificuldade de acerto de acordo com a distância da zona: 4 ou mais (em um dado de seis faces) para acertar inimigos na primeira zona, 5 ou mais na segunda zona e 6 na última zona. Existem recursos e habilidades que alteram o número de dados rolados e a dificuldade de acerto. Na terceira fase (“Fase dos Inimigos”), os inimigos atacam ou avançam em direção à cidadela. Existem três tipos de inimigo: as unidades de assalto (elas sempre avançam em direção à cidadela, sendo necessário detê-las para não perder o jogo), as unidades de suporte (elas atacam os heróis a partir da segunda zona) e as unidades pesadas (elas atacam as construções a partir da última zona). O ataque dos inimigos é muito simples: para cada inimigo atacando, os heróis perdem um ou dois pontos de moral (os pontos de vida dos heróis). Os heróis podem dividir os pontos perdidos caso estejam na mesma região. As construções suportam apenas dois ataques. Caso o mensageiro se encontre na mesma zona de ativação dos inimigos, ele é morto e deve recomeçar sua jornada no início da próxima rodada (dependendo de quando isto acontecer, pode significar o fim do jogo, pois não haverá rodadas suficientes para o mensageiro completar a nova jornada). Também há uma quarta fase (“Fase de Fim de Estação”) que somente acontece ao final de cada estação: neste momento os jogadores devem pagar comida, determinar novos inimigos e renovar o tabuleiro de recursos.
Gameplay: Temos em B-Sieged uma junção inusitada entre a experiência “queima mufa” dos eurogames e a tensão dos ameritrashes estilo Zombicide (aliás, outro jogo também chancelado pela Cool Mini Or Not). Da experiência “queima mufa”, vale destacar o planejamento necessário para ocupar as construções sem atrasar os demais jogadores. Aqui há um emprego diferenciado da mecânica de alocação de trabalhadores: ao contrário dos jogos competitivos, onde muitas vezes se ocupa um espaço para bloquear os adversários, a cooperação de B-Sieged exige que os jogadores otimizem o uso das construções. Contudo, é muito difícil prestar atenção em todos os detalhes do planejamento enquanto os inimigos avançam! Em vários momentos o planejamento precisa ser sacrificado para resolver problemas emergenciais: evitar a invasão da cidadela e/ou a morte do mensageiro, salvar um herói mal posicionado, etc.
Considerações: Devo dizer que B-Sieged superou minhas expectativas, principalmente considerando que não sou um grande fã de jogos cooperativos. Boa parte da minha experiência com jogos cooperativos se limita aos clássicos Pandemic e Zombicide (também há os jogos do sistema Dungeons & Dragons Adventure, mas falo deles em outra oportunidade). Gosto muito do planejamento em Pandemic, mas ele parece oferecer poucas surpresas. Por outro lado, gosto muito da tensão em Zombicide (o aumento exponencial de zumbis!), mas em certa altura da partida ele se torna por demais repetitivo. B-Sieged consegue aliar os pontos fortes desses dois jogos sem cair em seus pontos fracos. O que mais posso dizer?
Avaliação final: Excelente